sábado, 4 de março de 2017

Abraço e paz: Abad e Bandeira pedem Fla-Flu final como modelo nos estádios


Coletiva Eduardo Bandeira de Mello e Pedro Abad Flamengo e Fluminense (Foto: Hector Werlang)
Os presidentes de Flamengo e Fluminense sentaram lado a lado com o pavilhão tricolor e nacional ao fundo. O simbolismo do ato vai além da reunião pela paz neste domingo, na decisão que ficou ameaçado de ter torcida única. Pedro Abad e Eduardo Bandeira de Mello se abraçaram ao fim da coletiva e transmitiram a mensagem de que a final da Taça Guanabara sirva de exemplo para o restante do país de um futebol com rivalidade, mas sem violência.

A coletiva de imprensa, na manhã deste sábado, nas Laranjeiras, foi mais um esforço dos clubes - que  agradeceram ao presidente da Ferj, Rubens Lopes, e o presidente do Vasco, Eurico Miranda - para conclamar pela união do futebol carioca. Os dois presidentes evitaram polemizar com o Botafogo - que por meio do presidente Carlos Eduardo Pereira tentou transferir a final para o Maracanã e ainda disse que "assassinos poderão ir ao jogo", em protesto contra a decisão judicial. Abad disse que tem ótima relação com o seu colega alvinegro e preferiu focar nos temas em discussão.

Abad e Bandeira se posicionaram contrários ao Termo de Ajustamento de Conduta que o Ministério Público quer levar aos clubes e à Ferj. O tricolor Pedro Abad criticou os termos propostos e classificou como "bastante inadequada" as penalidades previstas.

- TAC é um instrumento para reduzir a potencialidade de um ato até que ela suma. Mas esse TAC ficou muito esquisito. Ainda mais com uma penalidade desse monte (R$ 3 milhões) que o clube não consegue controlar. Clube de futebol não é Estado. Como um clube consegue num raio de tantos quilômetros impedir uma briga? É complicado, porque clube não adota conduta ilícita e as penalidades são agressivas. Esse TAC é bastante inadequado - disse Abad.

Mais político, Bandeira falou em cooperação com o Ministério Público por medida mais eficaz no combate à violência. Eles apelaram ainda à colaboração das torcidas organizadas. O presidente do Flamengo defendeu que dirigentes que incitem a violência sejam processados e presos.

- Acho que os clubes que tenham relação incestuosa com organizadas, que sejam responsáveis por incitar a violência, cabe mais do que a multa. Acho que as pessoas físicas envolvidas nisso, se for provado e for algum dirigente do Flamengo, têm que ser processada e presa. Porque são talvez mais responsáveis pela violência do que os arruaceiros - afirmou Bandeira.

Confira outros trechos da coletiva de imprensa de Abad e Bandeira:


Reunião Fla-Flu
Abad: Estamos contentes com o desfecho. Tivemos atitudes no limite para a torcida ir ao jogo. Isso não é exclusivo ao Flu e ao Fla, mas a todos os clubes. É para manter a tradição de ter as torcidas cantando nos estádios. Isso deve ser preservado. Espero que isso seja constante daqui para frente. Foi um trabalho conjunto com o Flamengo, temos de agradecer ainda ao Eurico Miranda (presidente do Vasco) e ao Rubens Lopes (presidente da Ferj) que nos ajudaram.

Bandeira: Sempre fui criado no Maracanã, morava perto, assistia a todos os jogos do Flamengo. Sempre com torcida mista. Sempre fui ao estádio com meus amigos tricolores, vascaínos, botafoguenses e nunca brigamos. A tradição de torcida mista deve ser preservada, faz parte da nossa cultura. O desembargador reconheceu isso para a nossa alegria. Isso nos dá responsabilidade. Temos de manter e ampliar a campanha pela paz nos estádios. Nós merecemos a torcida mista. Quero agradecer a postura do Fluminense, do presidente Abad. Ele foi firme, teve coerência ímpar. Ele poderia ter tido uma decisão após ter vencido o sorteio do mando, mas esteve ao nosso lado. O Flamengo fez o mesmo contra o Vasco, pois o mando era nosso. O presidente Eurico está conosco nessa campanha pela paz.

Eduardo Bandeira de Mello Pedro Abad Coletiva (Foto: Hector Werlang)Presidentes se abraçam no fim da coletiva realizada para celebrar decisão de torcida mista (Foto: Hector Werlang)


Prejuízo à venda de ingressos
Abad: Como mandante... o Estatuto do Torcedor prevê um prazo para a venda. Como a gente aguardou o desfecho judicial, nós seguramos a venda. É natural que haja uma grande demanda na compra. É um efeito colateral menor na venda de uma torcida só. Levamos ao limite a abertura da venda para restaurar o cenário.

Bandeira: Os torcedores compreendem que é uma situação atípica. Vai dar tudo certo. Antigamente, não havia venda antecipada, e o estádio lotava. Todos vão compreender.

Contato com torcidas organizadasAbad: Não fizemos contato. É uma sugestão boa, realmente. As organizadas têm a sua importância. Mas há uma minoria que desvirtua. Espero que elas deem exemplo de conduta. Têm de se portar em um estádio que não é de Flamengo e Fluminense. Sem quebrar banheiro, sem quebrar nada. Eles precisam disso também para melhorar a sua imagem para mudar o tratamento recebido.

Bandeira: Não houve da parte do Flamengo, mas aproveito agora para pedir. Sou fã do movimento das organizadas lá no começo, porém, ele foi desvirtuado por alguns elementos. Gostaria muito que eles se engajassem na campanha pela paz. Não vamos aceitar a violência. Vamos cuidar do estádio, ele é público, está sob concessão do Botafogo.

Próximos clássicos
Abad: Um leão de cada vez. Se amanhã houver um exemplo de comportamento, sem violência e sem destruição do patrimônio público, o argumento para termos as duas torcidas cresce. Cabe aos torcedores o papel principal. Eles têm de mostrar que isso pode se perpetuar.

Termo de Ajustamento de Conduta
Bandeira: Apesar de os clubes contestarem os termos do TAC, estaremos à disposição do MP para discutir medidas para coibir a violência. Sempre defendi que a violência seja atacada na raiz, ou seja, nas pessoas físicas que cometem atos ilícitos. Tem de se aplicar as penas para resolver a questão.

Decisão judicial
Abad: Atlético-MG e Cruzeiro fazem partidas com torcida única. Acho que esse pioneirismo de Flu e Fla pode ajudar os outros clubes. O desembargador entendeu os esforços feitos pelos clubes e pela federação. A torcida única não quer dizer nada quanto à segurança. Hoje em dia se marca confusão por rede social. A torcida única incita que a que não vai entrar vá ao estádio.

Bandeira: Na decisão do desembargador, há a fundamentação. Ele entende que torcida única não é solução e pode gerar problema. Penso assim. Torcida única não garante a segurança fora do estádio. É isso. A campanha da paz vai continuar. Conto com o Fluminense, o Vasco já se manifestou também. Todos devem se engajar.

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