Com o Flamengo na
última posição no Campeonato Brasileiro e amargando maus resultados em
sequência, a diretoria demitiu o técnico Ney Franco e trouxe Vanderlei
Luxemburgo de volta para tentar tirar o clube da zona perigosa. Rubro-negro
assumido, o técnico afirma que o chamado da Gávea é uma convocação que ele precisou
atender e que não teme enfrentar a situação.
A tabela marca o Fla na
última colocação com apenas uma vitória em 11 rodadas. O time tem a segunda pior defesa
com 19 gols sofridos e um saldo negativo de 12 gols, o segundo maior
déficit entre os 20 clubes. Nada disso amedrontou Luxa, que retorna para sua
quarta passagem pelo clube convicto que que pode resolver a questão.
- O Flamengo é um
chamado diferente. Se eu tivesse medo de enfrentar, eu não seria quem eu sou –
afirma, confiante, o técnico de 62 anos, em entrevista ao Esporte Espetacular.
Luxemburgo concedeu entrevista ao Esporte Espetacular (Foto: Reprodução)
Mas
nem só coragem
basta para manter o cargo nesta verdadeira máquina trituradora de
treinadores
que se tornou o Flamengo. Há 34 anos um técnico não completa dois anos
seguidos no cargo. O falecido Cláudio Coutinho foi o último a conseguir a
façanha, entre 1978 e 1980, quando iniciou a montagem do time mais
vitorioso da historia rubro-negra. Depois Paulo César Carpegiani deu
sequência durante 20 meses.
Carlinhos, na década de 90, conseguiu permanecer 19 meses. Depois dele
quem mais
se aproximou foi o próprio Vanderlei, que em sua última passagem, entre
2010 e
2012, trabalhou durante 16 meses até brigar com Ronaldinho Gaúcho.
Depois de Jayme de
Almeida, campeão estadual e da Copa do Brasil, e de Ney Franco, rapidamente
demitido, Vanderlei afirma que as trocas vão parar agora, e que a questão passa pela cultura imediatista do futebol brasileiro.
- Não vai trocar mais
(de técnico) não (risos). Enquanto for essa coisa de resultado de cinco jogos,
sete jogos, até aconteceu com o próprio Ney, e não tiver um projeto, um
planejamento a médio e longo prazo para criar um conceito, vai ser dessa forma –
acha Luxemburgo.
Enquanto a estabilidade
de emprego passa longe da Gávea e do Ninho do Urubu, Vanderlei tem que se
preocupar em afastar o Fla do noticiário negativo de derrotas, agressões a
jogadores e rescisões de contrato mal conduzidas. Luxa não se esquiva da
responsabilidade, mas reconhece a situação complicada.
Luxemburgo disse que não tem medo do desafio (Foto: Reprodução)
- Eu vejo o Flamengo
mal situado nesse momento, mas que não é a realidade. Poderia ser uma outra
realidade. Alguma coisa aconteceu no meio do caminho. – afirma enigmático.
O começo de um novo
caminho tem hora e local confirmados no clássico contra o Botafogo no Maracanã, na opinião do treinador.
Curiosamente, Vanderlei não veste o vermelho e preto naquele estádio desde 1995.
Na última passagem de Luxa pelo clube, o Flamengo só jogou no Engenhão. Ele
mesmo não lembrava que seu último jogo pelo Fla no estádio tinha sido o do famoso gol de barriga de Renato Gaúcho.
- Ninguém falou isso
comigo, ninguém me perguntou sobre isso aí. O Maracanã é a cara do Flamengo.
Voltar ao Maracanã modernizado com a nação incentivando, esquecendo do gol de
barriga...Faltando dois minutos, ficou marcado. Aquela derrota estancou um
processo, um projeto que poderia acontecer para frente. Foi uma das derrotas
mais doídas porque, ganhando aquele jogo, o Flamengo tinha uma visão de coisa boa
para frente – diz Luxa.
Mas agora ele quer
esquecer aquele fatídico gol e só olhar para o futuro. Ele encara de frente o desafio de liderar o time em busca da salvação.
- Eu não tenho medo disso aí, encaro como
mais um grande momento meu para fazer novamente um grande trabalho. Eu vejo
como coisa boa, não me mete medo – encerra ele
Eric Faria e Vanderlei Luxemburgo (Foto: Marcelo Bastos)
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