domingo, 27 de julho de 2014

Luxemburgo sem medo: "Encaro como mais um grande momento meu"


 
Com o Flamengo na última posição no Campeonato Brasileiro e amargando maus resultados em sequência, a diretoria demitiu o técnico Ney Franco e trouxe Vanderlei Luxemburgo de volta para tentar tirar o clube da zona perigosa. Rubro-negro assumido, o técnico afirma que o chamado da Gávea é uma convocação que ele precisou atender e que não teme enfrentar a situação. 

A tabela marca o Fla na última colocação com apenas uma vitória em 11 rodadas. O time tem a segunda pior defesa com 19 gols sofridos e um saldo negativo de 12 gols, o segundo maior déficit entre os 20 clubes. Nada disso amedrontou Luxa, que retorna para sua quarta passagem pelo clube convicto que que pode resolver a questão.  

- O Flamengo é um chamado diferente. Se eu tivesse medo de enfrentar, eu não seria quem eu sou – afirma, confiante, o técnico de 62 anos, em entrevista ao Esporte Espetacular.  

Luxemburgo entrevista (Foto: Reprodução) 
Luxemburgo concedeu entrevista ao Esporte Espetacular (Foto: Reprodução)

Mas nem só coragem basta para manter o cargo nesta verdadeira máquina trituradora de treinadores que se tornou o Flamengo. Há 34 anos um técnico não completa dois anos seguidos no cargo. O falecido Cláudio Coutinho foi o último a conseguir a façanha, entre 1978 e 1980, quando iniciou a montagem do time mais vitorioso da historia rubro-negra. Depois Paulo César Carpegiani deu sequência durante 20 meses. Carlinhos, na década de 90, conseguiu permanecer 19 meses. Depois dele quem mais se aproximou foi o próprio Vanderlei, que em sua última passagem, entre 2010 e 2012, trabalhou durante 16 meses até brigar com Ronaldinho Gaúcho.  

Depois de Jayme de Almeida, campeão estadual e da Copa do Brasil, e de Ney Franco, rapidamente demitido, Vanderlei afirma que as trocas vão parar agora, e que a questão passa pela cultura imediatista do futebol brasileiro.  

- Não vai trocar mais (de técnico) não (risos). Enquanto for essa coisa de resultado de cinco jogos, sete jogos, até aconteceu com o próprio Ney, e não tiver um projeto, um planejamento a médio e longo prazo para criar um conceito, vai ser dessa forma – acha Luxemburgo.  

Enquanto a estabilidade de emprego passa longe da Gávea e do Ninho do Urubu, Vanderlei tem que se preocupar em afastar o Fla do noticiário negativo de derrotas, agressões a jogadores e rescisões de contrato mal conduzidas. Luxa não se esquiva da responsabilidade, mas reconhece a situação complicada.  

Luxemburgo entrevista (Foto: Reprodução) 
Luxemburgo disse que não tem medo do desafio (Foto: Reprodução)

- Eu vejo o Flamengo mal situado nesse momento, mas que não é a realidade. Poderia ser uma outra realidade. Alguma coisa aconteceu no meio do caminho. – afirma enigmático.

O começo de um novo caminho tem hora e local confirmados no clássico contra o Botafogo no Maracanã, na opinião do treinador. Curiosamente, Vanderlei não veste o vermelho e preto naquele estádio desde 1995. Na última passagem de Luxa pelo clube, o Flamengo só jogou no Engenhão. Ele mesmo não lembrava que seu último jogo pelo Fla no estádio tinha sido o do famoso gol de barriga de Renato Gaúcho.  

- Ninguém falou isso comigo, ninguém me perguntou sobre isso aí. O Maracanã é a cara do Flamengo. Voltar ao Maracanã modernizado com a nação incentivando, esquecendo do gol de barriga...Faltando dois minutos, ficou marcado. Aquela derrota estancou um processo, um projeto que poderia acontecer para frente. Foi uma das derrotas mais doídas porque, ganhando aquele jogo, o Flamengo tinha uma visão de coisa boa para frente – diz Luxa.  

Mas agora ele quer esquecer aquele fatídico gol e só olhar para o futuro. Ele encara de frente o desafio de liderar o time em busca da salvação.  

- Eu não tenho medo disso aí, encaro como mais um grande momento meu para fazer novamente um grande trabalho. Eu vejo como coisa boa, não me mete medo – encerra ele

Eric Faria e Vanderlei Luxemburgo (Foto: Marcelo Bastos) 
Eric Faria e Vanderlei Luxemburgo (Foto: Marcelo Bastos)
 
 
 

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