Na expectativa pela votação na Câmara do projeto da Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte
para diluir as dívidas fiscais dos clubes, o presidente do Flamengo,
Eduardo Bandeira de Mello, minimizou a responsabilidade de antigas
gestões pelos débitos acumulados ao longo do tempo. Durante participação
no "Arena SporTV",
sobre a possibilidade de os ex-dirigentes serem cobrados judicialmente
pelo rombo financeiro que deixaram na Gávea, o mandatário declarou que a
incompetência dos gestores seria o menor dos motivos para o rombo. O Rubro-Negro é o clube com a maior dívida tributária do futebol brasileiro, segundo estudo da consultoria BDO: R$ 386,4 milhões.
- Essa não é uma iniciativa que precisa partir da diretoria do
Flamengo. Essas dívidas foram contraídas no passado e foram se
acumulando por uma série de questões, que talvez a menos grave seja a
incompetência. Os sócios e diretoria do Flamengo não têm poderes para
punir ninguém judicialmente. A dívida vem sendo acumulada e isso é fácil
de se observar nos documentos do clube. Vamos denunciar com qual
propósito? Os nossos dirigentes do passado viviam em uma outra
realidade, em que o governo era mais flexível nas cobranças de impostos e
o atraso de salário era considerado normal, o que para a gente é algo
impensável. Eu trabalhei 36 anos em uma empresa que nunca atrasou 15
minutos o meu salário. Acho que isso nós precisamos transpor para o
mundo do futebol, precisamos dar exemplo. Daqui para a frente, a coisa
vai ser diferente. Eu não me preocupo em punir quem errou no passado,
muitas vezes sem dolo, por não estar bem orientado e ter sido induzido
ao erro - afirmou o dirigente no programa.
Mesmo que no passado a participação dos cartolas no acúmulo de dívidas
tenha sido reduzida, segundo Bandeira de Mello, agora as administrações
sofrerão uma fiscalização mais próxima, caso a lei seja aprovada. O
projeto prevê sanções para os próprios dirigentes em caso de
descumprimento dos acordos de pagamento da renegociação das dívidas,
assim como rebaixamento dos clubes. O presidente é favorável ao
controle:
- O importante é que as pessoas físicas passem a ser responsáveis pelos
seus atos daqui para a frente. Você está estabelecendo um novo marco,
tendo direito ao refinanciamento, para que possa pagar ao longo de um
tempo razoável a dívida que foi contraída no passado. Daqui para a
frente, quem não andar na linha não só vai ter a punição na pessoa
física, como vai perder direito ao parcelamento que está sendo
conquistado agora.
A previsão é a de que o projeto seja votado em agosto. Na semana passada, mandatários de 12 clubes se reuniram com a presidente Dilma Rousseff para debater a renegociação das dívidas.
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