domingo, 29 de setembro de 2013

Braço direito de Jayme, Cantarelle define perfil para o Flamengo: 'Ser diferente'


Cantarelle no treino do Flamengo (Foto: Janir Júnior)
A efetivação de Jayme de Almeida como treinador do Flamengo reacendeu a questão da importância da identificação com o clube em um momento complicado. E mais um integrante reforça o time de pele rubro-negra. Ex-atleta da casa, Cantarelle passou de preparador de goleiros a auxiliar, esbanja afinidade com Jayme e destaca que a equipe da Gávea é diferente de qualquer outra. Como jogador, ele lembra que sempre teve uma visão privilegiada pela posição que ocupava debaixo das traves. Também brinca ao lembrar que, como reserva, também analisou muitas partidas do banco, da mesma forma que faz no momento atual.

- Como goleiro, joguei 19 anos ali atrás, orientando a zaga e analisando o ataque adversário. Goleiros adquirem outra visão de jogo. Isso ajuda. E, além de tudo, já fui reserva para caramba, já assisti jogo a beça no banco (risos). Anos de bola me ajudam. E nada mais assusta a gente em relação a futebol - declarou Cantarelle.

Canta, como é chamado, foi o goleiro que mais vestiu a camisa do Flamengo, com 557 jogos. No currículo, acumula títulos como quatro Brasileiros (80, 82, 83 e 87), Libertadores e Mundial (81), entre outros. Apesar das brincadeiras, ele fala sério ao dizer que, para vestir a camisa preta e vermelha, precisa ter um perfil diferente. O auxiliar técnico sabe como funciona a pressão no clube e acredita que a identificação ajuda.

- Converso com Zico, Junior, a galera toda. A hora que o clube pensar num jogador, tem que olhar bem e ver se o perfil encaixa aqui. Ele tem que ser diferente, brigar. Aliando técnica e garra, como foi o Zico. Ele armava o time, mas quando apertava dava bicão para arquibancada. O Carlinhos também exigia isso dos atletas. Tinha voz mansa e conhecia o clube. E sabia cobrar do jogador. O discurso é diferente pela experiência de vida aqui dentro. A identificação ajuda quando precisa explicar uma situação ao jogador em relação ao clube, o que a torcida pensa. Esse clube é diferente. Não querem o melhor jogador do mundo; querem o que venda cara a derrota - destacou.

Cantarelle é o braço direito de Jayme. E um pouco mais. Além de dividir os campos de futebol, os dois também estiveram juntos em outro banco, o de estudos, quando fizeram curso para treinador. Quando olham para o passado, os dois veem histórias construídas na Gávea; e ao direcionarem o olhar para os gramados, têm praticamente a mesma visão.

- Conheço o Jayme há muito tempo. Conversamos muito sobre futebol, existe uma interação grande. A visão dele e a minha são quase as mesmas. Temos uma visão individual de cada jogador que ajuda a montar o coletivo, é mais fácil. A afinidade vem desde a época em que éramos juvenis, conversávamos no quarto. Ao longo da vida, da carreira, houve um aprimoramento. Até o curso para técnico nós fizemos juntos, sentando ao lado, conversando, debatendo - revelou Canta, que, por ora, desistiu de assumir uma equipe.

- Agora não. Antes, cheguei a pensar, fui técnico do mirim. Mas a vida me jogou para parte de trás dos goleiros, onde eu sabia mais, tenho intimidade. Não posso reclamar de nada na vida, o clube deu a mim e ao Jayme o reconhecimento de anos e anos aqui.



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