Velório normalmente é sinônimo de tristeza
e melancolia. Mas não para um grupo de flamenguistas de João Pessoa, ainda em
festa com o título da Copa do Brasil e principalmente com o rebaixamento do
Vasco da Gama. Duas torcidas organizadas do Flamengo na capital paraibana tomaram
as ruas do bairro da Torre e na tarde deste sábado promoveram
juntas o enterro simbólico do time da Cruz da Malta, que foi rebaixado para a Série B
do Campeonato Brasileiro. O evento foi organizado pela Fla-Nego, que é
considerada uma das maiores torcidas flamenguistas fora do Rio de Janeiro, e
pela Fla-Torre.
Flamenguistas em João Pessoa fazem velório simbólico do Vasco (Fotos: Yordan Cavalcanti / GloboEsporte.com/pb)
Com direito a caixão com as cores do rival, o grupo saiu em “procissão” pelo bairro, chamando a atenção
de curiosos, provocando os vascaínos e parando o trânsito em alguns trechos da
cidade. A curiosidade é que estava previsto também o enterro do Fluminense, mas
diante da possibilidade de virada de mesa que pode beneficiar o Tricolor, o
time das Laranjeiras acabou sendo poupado.
Foi uma festa, ao som de marchinhas de
carnaval e de muita música. Os torcedores flamenguistas se concentraram
em um bar no bairro da Torre, “velando” um boneco que simbolizava o torcedor
vascaíno. No fim da festa, inclusive, o boneco foi “enforcado” numa árvore e colocado
no caixão, que ficou exposto para que todo mundo que passasse visse o que os
flamenguistas chamaram de “fim do vasco”.
Segundo o presidente da Fla-Nego, Rogeraldo Campina, a expectativa
agora é que o rival não volte nem tão cedo para a elite do futebol nacional.
- O enterro é primeiro uma comemoração. E depois uma festa de
expectativas. Esperamos que o Vasco continue na segunda divisão por muito
tempo. Porque é lá o lugar dele - declarou aos risos.
Depois, ele ainda aproveitou o momento para tirar um sarro do
arquirrival, dizendo que o rebaixamento do vasco também tem um lado negativo.
- Nem tudo é alegria. Como o vasco não está mais na primeira
divisão, o Flamengo vai deixar de garantir seis pontos no Brasileirão. Porque
contra o vasco a vitória é sempre certa - brincou Rogeraldo.
A confraternização uniu outros algozes do Vasco. Vilma da Silva vestia
a camisa de outro rubro-negro, o Atlético-PR, responsável por rebaixar o Vasco
após a vitória por 5 a 1 sobre o clube cruzmaltino, na última rodada do Brasileirão.
O Furacão, inclusive, foi derrotado pelo Flamengo na final da Copa do Brasil,
quando o Urubu se sagrou campeão após vitória por 2 a 0 no Maracanã. Mas para
Vilma, aquele era um momento de união das duas torcidas.
- Eu tinha que vir para a festa com a camisa do Atlético, pois
foi ele quem derrubou o vasco para a segunda divisão. Então a festa também é
nossa - falou rindo.
A procissão começou puxada por uma banda de flamenguistas, ao
som da marcha fúnebre. Mas a tristeza rapidamente saiu de campo e foi substituída
pelo ritmo das marchinhas de carnaval.
Os torcedores logo entraram no mercado da Torre, despertando
ainda mais a curiosidade dos comerciantes, que paravam suas atividades para ver a
festa. Foi lá que dona Maria das Neves se juntou à multidão. Aos 76 anos, ela
dançou, brincou e achou graça em todo o movimento. Mas confessou que nem time
tem.
- Não torço para time nenhum. Só entrei na festa para brincar
mesmo - revelou.
Em um momento, a “caravana” parou bem em frente a uma loja
cujo dono era um torcedor do vasco. O comerciante Arimateia Alves se declarou “um
tanto envergonhado”, mas sorria para os amigos flamenguistas. Ele aceitou bem a
brincadeira, mas prometeu vingança.
- Como o Vasco foi rebaixado, a gente tem que aguentar. Mas espera o vasco se recuperar que tem volta.
Aguardem - resumiu.
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