Em busca de liberdade, Gabriel admite queda de rendimento no Flamengo

O jogador abusado e corajoso que ganhou a camisa 10 que já tinha passado por outros três companheiros na temporada anda sumido dos jogos do Flamengo. Destaque rubro-negro no início de 2013, com boas exibições no Carioca - uma delas, no Fla-Flu, lhe rendeu até um carro como prêmio -, Gabriel não tem conseguido manter o nível no Brasileirão. Mais do que isso, mudou até mesmo suas características. Antes efetivo com chutes e passes sem se abater com os erros, agora pouco participa com destaque das ações ofensivas da equipe. Queda de rendimento evidente pelas entradas e saídas recentes do time titular, e que o próprio baiano não nega.

- Isso acontece. É normal. Se fosse da minha vontade, jogaria bem sempre. Mas futebol é desse jeito. Quando a fase não é tão boa, temos que trabalhar. São coisas de jogo. Com o tempo, vou voltar a ter regularidade. Espero que seja o mais rápido possível.

Com 31 exibições pelo Flamengo, Gabriel marcou apenas três gols. Dois deles aconteceram no Brasileirão, na vitória por 3 a 0 sobre o Criciúma, pela quinta rodada. Parecia ali que o meia-atacante chamaria para si o protagonismo da equipe. A paralisação da competição para Copa das Confederações, entretanto, não lhe fez bem. E, além da queda técnica, o meio-campista passou a se mostrar mais tímido em campo.

Questionado, Gabriel novamente não fugiu da realidade e confessou que está se expondo menos com a bola no pé. A mudança, por sua vez, não se deve somente a falta de confiança, mas também ao desgaste físico pela função defensiva que tem desempenhado sob o comando de Mano Menezes.

- É verdade. Tenho finalizado muito menos e arriscado muito menos. Sinto muita falta disso. Estou treinando para voltar a fazer isso e converso muito com quem preciso conversar. Me sinto à vontade fazendo isso (arriscando mais). Às vezes, depende muito também do esquema tático. Tenho que voltar para ajudar na marcação e, consequentemente, fica difícil jogar na frente. Jogando mais perto do ataque e tendo que marcar menos, fica mais fácil.

Não foram poucas as vezes em que o treinador rubro-negro elogiou o próprio Gabriel, Nixon e Paulinho pelo condicionamento físico que os permite acompanhar o lateral adversário até a defesa. O degaste pela função, no entanto, tem atrapalhado o rendimento do camisa 10, que não descarta pedir mais liberdade a Mano.

 

Gabriel quer voltar a ser arma decisiva no Rubro-Negro (Foto: Alexandre Vidal/Fla Imagem)

- Isso vai ser conversado. Acredito que com conversa ajeitamos tudo. O Mano é um grande treinador, entende e vai fazer o melhor para mim e para equipe.

Apesar de vestir a histórica camisa que foi de Zico, Gabriel já cansou de repetir que não é um meia-armador clássico. Mesmo diante da carência de nomes para esta função, situação admitida pelo próprio Mano Menzes, o jovem baiano não se vê como solução. Não por não gostar de desempenhá-la, mas simplesmente por não se enquadrar no perfil.

- É uma questão de característica. Meu estilo é muito diferente de um camisa 10 armador. Procuro estar em todas as partes do campo. É mais complicado jogar centralizado. Receber a bola de costas é mais difícil. Prefiro pelas pontas e receber em velocidade.

A queda de rendimento de Gabriel coincidiu com a polêmica envolvendo sua saída do Bahia para o Flamengo. A negociação foi investigada tanto em Salvador quanto no Rio de Janeiro, com o Rubro-Negro inclusive divulgando uma nota oficial para esclarecer a forma e o motivo do pagamento adiantado para transação. O jogador, por sua vez, garante que todo o imbróglio não atrapalhou sua produtividade.

- Não interfere em nada. Sou focado no que faço. Procuro trabalhar aqui. A diretoria já resolveu o que tinha que resolver. Deixo por conta deles.

Apesar dos altos e baixos, Gabriel segue com prestígio com Mano Menezes, e será titular diante do Santos, quinta-feira, às 21h (de Brasília), no Maracanã, em partida válida pela 20ª rodada do Brasileirão.