No início, eram quatro. Depois, passou para 10. Na noite desta
terça-feira, o número já chegou a cerca de quatro, cinco dezenas. A
marola de protestos de parte da torcida do Flamengo, aos poucos, começa a
virar onda. A tímida cobrança depois da goleada sofrida para o
Corinthians ganhou corpo e se voltou para a diretoria no último domingo,
quando a delegação desembarcou no Aeroporto Santos Dumont. Na noite
desta terça, novo ato, desta vez na portaria principal da sede da Gávea,
com direito a arremesso de laranjas e novos ataques a toda cúpula
rubro-negra. Com alvos direcionados, o time tem sido poupado da ira, mas
é o principal responsável por tentar selar a paz.
Mano Menezes sabe que é dentro de campo que a resposta terá que ser dada e indica a melhor receita.
- Vencer. Só vencer. Podemos fazer tudo certo no futebol. Se a bola não
entrar na casinha, a análise pós-jogo sempre será ruim. O resultado tem
uma parte muito importante na análise que se faz do trabalho de todo
mundo. Para o torcedor que faz isso com paixão, mais ainda. Sabemos que a
parte principal é da gente. A direção se propôs a fazer um trabalho de
recuperação do clube, mas eu já disse isso: você pode ser muito
bem-intencionado, mas se a parte dentro decampo não funcionar o torcedor
não vai estar satisfeito. E é isso que ele está sentindo nesse momento e
externou na manifestação no clube. Não vamos nos envolver em questões
políticas, mas vamos fazer o melhor que pudermos para nossa
contribuição, que é a principal, dentro de campo, para que as coisas
voltem ao normal - afirmou o treinador.
Depois da derrota para o Corinthians, no dia 1º de setembro, apenas
quatro torcedores apareceram no aeroporto, chegaram tarde, quase não
cruzaram com jogadores e disseram que estavam ali para questionar o
diretor executivo do clube, Paulo Pelaipe, e o vice de futebol, Wallim
Vasconcellos. A dupla, porém, não estava com a delegação.
No último domingo, derrota por 1 a 0 para o Cruzeiro, e uma dezena de
torcedores esteve no Santos Dumont para protestar. Todos eram conhecidos
de seguranças do clube e até mesmo de jogadores, alguns deles de
organizadas tinham presença efetiva no dia a dia do clube na gestão de
Patricia Amorim. Eles proferiram gritos e palavrões destinados a
Pelaipe, que não se abalou com as críticas e disse que chegou a ouvir
pedido por ingressos.
No terceiro protesto da série, um grupo se reuniu na porta da sede do
clube nesta terça à noite com bumbos, bandeiras e cobranças para toda
diretoria, principalmente Wallim, Pelaipe, o presidente Eduardo Bandeira
de Mello e Bap, conhecido internamente como quem realmente dá as cartas
no Flamengo. Sem apelarem para recursos dos Black Bloc - máscaras e
violência -, os torcedores mostraram novamente seus rostos conhecidos. A
confusão se estendeu para dentro do clube e envolveu personagens
políticos da gestão passada, como Capitão Léo e Cacau Cotta, e policiais
civis que fazem a segurança de dirigentes da atual diretoria.
A leitura interna é de que o movimento de parte da torcida tem caráter
político, e também seria uma retaliação ao corte da farta distribuição
de ingressos que marcou diversas gestões passadas. Um tropeço diante do
Santos, nesta quinta-feira, no Maracanã, pode fazer a onda ganhar força,
com novos adeptos.
Até o momento, a cobrança se direciona mais para quem montou o time que
em 19 partidas no Brasileirão conquistou apenas cinco vitórias e soma
sete derrotas e o mesmo número de empates.
- O torcedor cobrou a diretoria, é um caso à parte, cabe à diretoria
dar uma resposta ao torcedor - analisou André Santos, depois do protesto
de domingo.
Mano destacou que o time deve saber como se portar em campo diante do Santos nesta quinta-feira à noite:
- Estamos trabalhando para corresponder. Sabemos a responsabilidade que
temos. Só é possível dar uma resposta, como foi contra o Cruzeiro, pela
Copa do Brasil, depois contra o Vitória, você sabendo se comportar.
Trabalhar sobre pressão e dar uma resposta.
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