Ela ficou quase oito meses guardada no armário. O último dono atendia
pelo nome de Ronaldinho Gaúcho. Adriano recebeu a chance de usá-la, mas
jogou fora depois de uma série de indisciplinas. Mas a tarde de sol
nesse sábado no Engenhão ganhou novamente a camisa 10 do Flamengo, que
não vestiu nenhum craque ou jogador de peso. Aos 20 anos, Nixon foi o
escolhido.
A cena da entrada em campo com o mítico número não era vista desde maio
de 2012, no mesmo estádio. Na ocasião, Ronaldinho foi substituído e
saiu vaiado no segundo tempo, no empate por 3 a 3 com o Inter, pela
segunda rodada do Brasileiro. Nesse sábado, Nixon ergueu as mãos para o
céu após pisar no gramado. Evangélico, pediu a Deus, ou quem sabe a
Zico, que olhasse por ele.
Nixon faz com que camisa 10 entre em campo pela primeira vez desde maio de 2012 (Foto: Janir Junior)
O sonho de Nixon, no entanto, não deve durar muito mais do que uma
tarde de verão. O Flamengo chegou a acordo com Carlos Eduardo e espera
anunciá-lo até segunda-feira, exatamente para vestir a camisa 10.
Obviamente, ao contrário do que acontecia com Ronaldinho Gaúcho, não
houve atropelo de crianças para entrar em campo de mãos dadas ou
cercando o camisa 10 antes da vitória por 2 a 0 sobre o Quissamã.
Coincidentemente, o pequeno menino que escolheu Nixon vestia a mesma
numeração.
Durante o primeiro tempo, Nixon correu o tempo todo, alternou entre o
lado direito e esquerdo de ataque, fez uma bela jogada, mas cruzou mal
aos 24 minutos. Uma atuação discreta. Na saída de campo para o
intervalo, a lembrança que poderia virar um quadro na parede foi dada
para um jogador do Quissamã. Nixon desceu as escadas que ligam o campo
ao vestiário sem camisa.
Nixon deixa o intervalo sem a camisa, trocada com um adversário (Foto: Janir Júnior)
Na volta do intervalo, já com uma nova camisa 10 - não mais a autêntica
primeira depois de oito meses -, Nixon apareceu bem. Aos oito minutos,
acerou a trave. No lance seguinte, partiu com a bola dominada, cruzou
rasteiro, mas ninguém conseguiu finalizar.
- Os atacantes cumpriram aquilo que observamos em treinamento, isso foi
um ponto importante. Nada muito acima do que esperávamos, mas nos
passou uma coisa boa - analisou o técnico Dorival Júnior.
Aos 35 minutos, Nixon saiu para a entrada de Felipe Dias. Dessa vez,
ele guardou a camisa 10. Não era a primeira, aquela que marcou o retorno
da numeração. Mas também merece lugar de destaque da lembrança de um
sonho que virou realidade numa tarde de verão.
O jogador de 20 anos teve atuação discreta e acertou uma bola na trave (Foto: Alexandre Vidal / Fla Imagem)
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