sexta-feira, 29 de junho de 2012

Fla marca reunião para tentar desocupar sede no Morro da Viúva



predio Morro da Viuva, sede do Flamengo (Foto: Vicente Seda / Globoesporte.com)
O Flamengo não vive um momento delicado apenas no futebol. Longe dos holofotes, as negociações para desocupação da sede do Morro da Viúva são conduzidas com cautela pelo clube, que evita partir para ações de despejo e negocia prazos para que os atuais moradores do prédio se mudem. Uma reunião será realizada no dia 6 de julho. Os locatários pediram um prazo maior para a desocupação, e o clube deve ceder. A expectativa do vice de patrimônio Alexandre Wrobel é de que a Rex, do Grupo EBX, de Eike Batista, possa iniciar os trabalhos no fim deste ano. O Flamengo receberá cerca de R$ 270 mil mensais ou 2,63% do faturamento bruto - o valor que for maior.

O empresário investirá R$ 100 milhões para transformar o sucateado imóvel - em uma área privilegiada da Zona Sul do Rio - em um hotel com instalações quatro estrelas. O edifício Hilton Santos, na Avenida Rui Barbosa (número 170), hoje tem 148 apartamentos com 140 metros quadrados cada. Com a reforma, passará a ter 454 quartos. O clube recebeu cerca de R$ 2,8 milhões de adiantamento.

Atualmente, as condições do edifício são ruins, o que é facilmente notado em uma rápida observação da fachada - a minuta do contrato entre Rex e Flamengo menciona dois terços dos apartamentos sem condição de serem habitados. Ainda há dívida de IPTU, em torno de R$ 16 milhões, que deverá ser anistiada pela Prefeitura do Rio (Lei Municipal 5.230, de 25/11/2010). Os débitos referentes a 2011 seriam pagos pela Rex, com os valores sendo descontados dos pagamentos ao clube.

- A gente vai ter essa posição (sobre o prazo para desocupação) até o dia 6 de julho. Estamos tentando fazer uma composição em vez de impetrar ações de despejo. Já tivemos algumas rodadas de negociação, e os moradores pediram um prazo um pouco maior. É nesse sentido que estamos trabalhando. A desocupação integral deve acontecer lá para o fim do ano - explicou Wrobel, destacando que alguns apartamentos já foram liberados: - Várias unidades já foram desocupadas, algo entre 15 e 18. Algumas foram desocupadas, outras assinaram acordo para desocupação em breve. Estamos tentando evitar ações de despejo, estamos fazendo da forma mais amena possível.


predio Morro da Viuva, sede do Flamengo (Foto: Vicente Seda / Globoesporte.com) 
Atualmente, são ruins as condições do edifício na Zona Sul do Rio (Foto: Vicente Seda / Globoesporte.com)


De acordo com o dirigente, o Flamengo "nunca teve a ilusão" de que o prédio estaria desocupado no início de julho, seis meses depois da aprovação da proposta de Eike no Conselho Deliberativo do clube. Wrobel informou que, após esse aval do órgão, foi cumprida uma "etapa burocrática" e a assinatura do compromisso só ocorreu de fato em março. Ainda assim, ele revelou que há um acerto entre Rex e Flamengo para uma prorrogação do prazo previsto para desocupação. Pelo contrato, depois dos primeiros seis meses, caberia à empresa de Eike a decisão de estender ou não o período por até 18 meses.

- Temos um prazo longo pela frente. Isso já está previamente acordado. A gente tem um prazo de tolerância que será cumprido. Estamos com a desocupação do prédio em curso, mas dando prazo para os locatários desocuparem com mais calma. Na verdade, o Flamengo nunca teve a ilusão de imaginar que agora estaria desocupado. Ainda nem temos o projeto aprovado, a licença de obras, então não há necessidade. E o contrato não foi assinado em janeiro, foi aprovado. Só foi assinado lá pelo dia 15 ou 20 de março.

Wroblel deu de ombros para um entrave que poderia complicar a meta rubro-negra. Há uma ação por usucapião movida por um dos moradores e, até o momento, não houve acordo na Justiça. O processo na 15ª Vara Cível (número 2009.001.2345.94-1) é movido por Geílson de Souza Cunha, habitante de imóvel que já teria abrigado o ex-jogador do clube Fábio Baiano.

- Tem uma ação que na minha opinião é uma aventura jurídica que já está sendo tratada - completou Wrobel.

Conheça o contrato
Está previsto na minuta do contrato (cláusula 5.3.1) de arrendamento do imóvel por 25 anos e o pagamento - além da receita mensal de R$ 270 mil ou 2,63% do faturamento bruto - de R$ 17,6 milhões a título de “aluguel determinado”, espécie de luvas pelo período das obras e renovação automática do compromisso. O Flamengo tem a receber R$ 3,1 milhões de adiantamento de aluguel em até dois meses após a assinatura; R$ 2 milhões para obtenção das condições suspensivas (liberação do imóvel e negociação com moradores); e R$ 12,5 milhões no prazo de dez dias a partir da implementação de todas as condições suspensivas previstas (obtenção de certidões, aprovação do projeto, liberação do imóvel e outras). Se confirmada a renovação do acordo por outros 25 anos, serão pagos mais R$ 5 milhões. Em caso de atraso da obra por mais de 180 dias sem justificativa prevista no acordo, a Rex ainda pagará ao Flamengo o rendimento proporcional do período.


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