Em outubro de 2011, o Flamengo fez uma operação de guerra para a viagem a Porto Alegre. O motivo: Ronaldinho Gaúcho.
Seria o primeiro encontro com seu clube de infância e uma torcida
revoltada com a atitude do jogador e de seu irmão e empresário. Depois
de deixar tudo praticamente encaminhado com o Grêmio, Assis fechou com o
Rubro-Negro. Protestos, esquema especial montado pela polícia e
seguranças particulares, tensão e pressão rondavam a delegação para o
aguardado reencontro no ano passado. O cenário atual é outro. Sem o
ex-camisa 10, o clima é de extrema tranquilidade, apenas com o foco no
jogo deste domingo, às 16h, no Olímpico. E sem maiores preocupações.
O time desembarcou no início da noite de sexta-feira e saiu normalmente
pelo saguão do Aeroporto Salgado Filho. No hotel, nenhuma movimentação
de torcedores ou segurança reforçada, apenas os três funcionários do
Flamengo que costumam acompanhar a delegação.
Trio de seguranças do Flamengo tiveram pouco trabalho (Foto: Janir Júnior / Globoesporte.com)
A equipe treinou na manhã deste sábado no CT do Internacional, em clima
de extrema tranquilidade, sem mesmo necessitar de escolta policial. Na
porta do hotel, a movimentação era somente de hóspedes. Antes da
atividade, os jogadores conversavam tranquilamente nas escadas que dão
acesso à rua.
No total, entre embarque, treino e jogo, o grupo fará cinco
deslocamentos em Porto Alegre na viagem atual. No ano passado, foram
três. O último, para embarcar para o Rio, não contou com Ronaldinho, que
fez uma festa no seu sítio que fica em um bairro isolado da cidade e
varou a madrugada com muito samba - e sem o barulho da torcida do
Grêmio.
No ano passado, nas duas semanas que antecederam o jogo contra o
Grêmio, a torcida já demonstrava a recepção destinada a Ronaldinho
Gaúcho em Porto Alegre, com a confecção de réplicas de nota de R$ 100
com o rosto do jogador e a inscrição “sem valor”, milhares de faixas de
pilantra, uma grande bandeira representando a ceia de Jesus Cristo e com
Ronaldinho na posição de Judas, entre outras hostilidades.
Na ocasião, o chefe da segurança do Flamengo, José Pinheiro, teve duas
reuniões em Porto Alegre para resolver com a polícia e também com
dirigentes do Grêmio o esquema de segurança para o jogo. Além da escolta
de carros e até polícia montada, foi pedido um cordão de isolamento
que, na partida, ficou na arquibancada bem em cima do vestiário
rubro-negro e serviu de escudo contra a chuva de moedas.
Última ida do Fla a Porto Alegre foi tumultuada pela presença de Ronaldinho (Foto: Globoesporte.com)
O Flamengo escolheu um hotel em local movimentado de Porto Alegre para
se hospedar. A delegação chegou no fim da tarde de sábado. Nenhum
torcedor gremista apareceu no saguão para protestar contra Ronaldinho
Gaúcho. Mesmo assim, por medida de segurança, o time pegou um ônibus
ainda na pista do Aeroporto Salgado Filho e saiu por uma porta lateral
escoltado pela polícia. No caminho até o hotel, o jogador viu pichações
contra ele como "R10 sujo", "R10 rato" e "Mercenário".
Ronaldinho chegou ao hotel com seu sorriso e, além de seguranças do
Flamengo, o jogador também foi acompanhado por seu staff particular.
Ao ouvir perguntas de um radialista de Porto Alegre, Ronaldinho se calou.
- Ao menos um boa tarde, Ronaldinho? - insistiu o jornalista.
- Boa tarde - respondeu o jogador, com um sorriso.
Na chegada de Ronaldinho Gaúcho ao estádio, centenas de torcedores do
Grêmio se posicionaram próximo ao vestiário do Olímpico. Até uma faca e
um garfo foram arremessados. Com uma caixa de som na mão, Ronaldinho
chegou ao vestiário, viu uma das notas de R$ 100 com seu rosto e
desdenhou:
- Até que estou bonito.
Depois de estar vencendo por 2 a 0, o Flamengo sofreu derrota por 4 a
2. Beleza à parte, sem Ronaldinho Gaúcho, o Flamengo encontrou neste fim
de semana em Porto Alegre um clima muito menos feio do que em 2011.
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