Para dirigir o time, a dirigente tentou Joel Santana. O treinador tem o perfil ideal para comandar um grupo complicado, recheado de jogadores experientes e vaidosos. Mas ele não quis. Preferiu permanecer no Botafogo. A solução foi improvisar e entregar nas mãos de Rogério Lourenço.
O treinador da seleção sub-20, mas que jamais dirigira um time profissional, tem resultados modestos. Em cinco jogos, conquistou uma vitória, empatou duas vezes e perdeu outras duas.
- Busco a melhor formação para equipe, dentro do que tenho visto nos jogos. Período de treinamento, praticamente nenhum, pois jogando quarta e domingo quase não tem tempo de treinar. Acredito que contra o Vitória, o time já mostrou melhoras.- disse, referindo-se ao jogo contra o time misto baiano, que terminou empatado por 1 a 1, no Barradão.
O aproveitamento é de somente 33% dos pontos. Bem inferior aos 70% de Andrade. O treinador afastado, de fato, sofreu um desgaste pós-título brasileiro. Afastou-se de parte da comissão técnica e tornou-se refém dos jogadores campeões. Nos quatro primeiros meses do ano, o Rubro-Negro sofria com a falta de padrão tático e de uma apatia preocupante.
Mas pouco mudou. Principalmente em relação ao esquema tático. Rogério estreou e colocou Rômulo para proteger os zagueiros e liberar Léo Moura e Juan para jogarem como meias. A estratégia deu certo, e a equipe eliminou o Corinthians, apesar da derrota no Pacaembu.
Entretanto, após 18 minutos de péssimo futebol e um gol sofrido contra o Universidade de Chile, o treinador jogou para o alto suas convicções e retornou à escalação de Andrade. Dois volantes (Toró e Willians) e dois meias (Kleberson e Michael). O time sofreu mais dois gols da “U”, perdeu por 3 a 2 e ficou distante da classificação para as semifinais.
O resultado também abalou outra convicção: a da diretoria de efetivá-lo no cargo. O contrato, que prevê aumento de mais de sete vezes no salário, está guardado na gaveta à espera da partida de quinta-feira, em Santiago. O Flamengo precisa vencer por dois gols de diferença para avançar ou por um, a partir de 4 a 3.
Atitudes contraditórias fora de campo
Se dentro de campo pouca coisa se alterou nestes 23 dias de Rogério Lourenço, fora dele a “bagunça”, termo que Patrícia Amorim frisou ao promover as mudanças, também tem espaço. Adriano faltou a dois treinos desde então, Vagner Love perdeu um e David, outro. A gritante melhora no comportamento do Imperador só ocorreu depois da exclusão na lista dos convocados para a Copa do Mundo.
Até em questões simples os problemas persistem. O clube culpou a Polícia Militar por chegar ao Maracanã a apenas meia hora da partida decisiva contra o Universidad. No entanto, os responsáveis pela escolta informaram que o ônibus da delegação passou na Gávea para que alguns dirigentes também tivessem proteção policial até o estádio.
O planejamento para o segundo semestre engatinha, principalmente pela ausência de um vice-presidente. Patrícia Amorim acumula o cargo, mas ela raramente vai ao departamento de futebol em horários de treinos.
Diversos contratos terminam até agosto e nenhum foi renovado. As conversas para manter Adriano e Vagner Love foram superficiais e comandadas pelo vice de administração e finanças, Michel Levy, e o diretor jurídico Luís Manoel. Levy, aliás, foi o principal defensor da ideia de o Flamengo abrir mão da contratação de Zé Roberto, que estava fechada. O jogador acertou com o Vasco.
Maldonado também tem problemas para renovar. Apenas a situação de Petkovic melhorou. Sem o desafeto Marcos Braz, o sérvio, de 37 anos, está mais perto de prolongar o compromisso, que termina em junho, por mais um ano.
Diante do confuso panorama, o Flamengo busca a vaga nas semifinais da Libertadores, em Santiago, na quinta-feira. Mais do que uma mudança de postura de "cima para baixo", o clube confia na força de um elenco machucado pelas críticas e de um Adriano em busca de sua Copa, a Libertadores.
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