Bruno já se acostumou a ter destaque na mídia. Mas o goleiro não quer mais aparecer fora do noticiário esportivo. O temperamento forte certamente vai continuar, mas o capitão do Flamengo quer mudar a sua imagem de uma vez por todas em 2010.
As férias serviram para ele perceber que determinadas posturas do passado não condizem com o status de ídolo que ele passou a ter. Por isso, pensa até em entrar para alguma Igreja e passar a ter hábitos diferentes para ser visto como um exemplo.
- Noitadas, festas... Isso não leva o jogador a lugar algum – disse Bruno, em entrevista exclusiva ao GLOBOESPORTE.COM na pré-temporada em Porto Feliz.
É justamente nesse começo de ano, em que os jogadores se preparam, que Bruno cultiva seus objetivos. Além de uma vida mais familiar, o goleiro continua com seus sonhos grandiosos, por mais que eles às vezes pareçam absurdos. Quando fez promessa de só cortar o cabelo quando fosse campeão de algum título expressivo, muitos riram. Mas o Brasileiro veio e, com ele, um reconhecimento ainda maior após levantar uma taça que não chegava à Gávea há 17 anos.
Para alguns torcedores, inclusive, Bruno passou a ter maior destaque na história do Flamengo do que o próprio Júlio César, atual titular da seleção brasileira. E o próprio arqueiro reconhece durante a entrevista.
Acompanhe abaixo tudo que o goleiro disse ao GLOBOESPORTE.COM logo após pular o muro da concentração do Flamengo em Porto Feliz. Mas antes que pensem bobagem, é bom deixar claro ele só foi fazer o que mais tem feito nos últimos anos: alegrar a torcida.
Bruno pula o alambrado em Porto Feliz (SP) para dar autógrafos aos torcedores
Como você está vendo o início de ano do Flamengo?
Vai ser um ano difícil para nós, pois começamos com uma responsabilidade a mais de defender o título do Brasileiro. Estamos iniciando o ano com um curto prazo de preparação para o Carioca e esperamos que o torcedor entenda as dificuldades que vamos ter. Estreia sempre tem uma grande importância, mas este ano o Flamengo é o time a ser batido. Então é preciso ter um pouco de paciência nesse começo.
Como está o grupo rubro-negro neste início de trabalho?
Cada ano que passa eu aprendo alguma coisa. Falaram muito no Pet, no Adriano, no Bruno, no Andrade, mas o fator principal (para o título) foi a atitude dos jogadores em geral. Como, por exemplo, o Aírton e o Willians que correram muito no meio. É a força do grupo que é importante. Sabíamos que a situação no início do Brasileiro era difícil, com alguns jogadores começando a serem questionados. Que me perdoem esses clubes, mas o Flamengo não pode tomar de 4 a 2 para o Sport, de 5 a 0 para o Coritiba, nem de 3 a 0 para o Avaí como aconteceu. Somos o Flamengo e representamos mais de 35 milhões de pessoas. Então temos de trabalhar muito e é isso que estamos fazendo.
Sempre que perguntado antigamente, você deixava clara sua obstinação e o sonho de conquistar um título expressivo, mesmo quando isso parecia uma ideia absurda. Você chegou até a fazer promessa... Sonhar alto é uma característica sua?
Até o Delair (Dumbrosck, ex-vice presidente geral do Flamengo) comentou isso, de que o time e a torcida tinham de pensar como o Bruno. Se nós pensarmos baixo, não vamos conseguir nada na vida. Só tenho grandes objetivos, mesmo que eles pareçam impossíveis. Sonho alto mesmo e agora eu quero ser tetra do Carioca e ser campeão da Libertadores.
Aqui somos jogadores guerreiros e com muitos exemplos. O Pet veio para o Flamengo para quitar uma dívida e correspondeu demais. Diziam que o Adriano era maluco por ter saído da Itália, mas provou que é o Imperador. O Andrade teve seu nome questionado como treinador, mas mostrou que com humildade e respeito é que se conduz um grupo. E eu também dei a volta por cima. Atingi um nível hoje no futebol que sou sempre cobrado. É muito mais fácil me cobrar do que me elogiar. Se faço uma defesa difícil ou pego uma bola no ângulo já não falam mais. Se falho, isso acaba sendo muito mais comentado.
Por ter sido o capitão deste título do Brasileiro e um dos protagonistas do Tri Carioca, já tem muito torcedor que acredita que sua importância para a história do Flamengo é até maior do que a de Júlio César. O que você acha disso?
Se comparar o Júlio César na época do Flamengo e o Bruno, eu levo. Mas ele já ganhou muitos títulos, cresceu na Europa, deu a volta por cima e é o melhor goleiro do mundo. Isso não é à toa. Ele sempre trabalhou muito, errou bastante, acertou mais ainda e hoje é reconhecido por tudo isso.
Em que patamar da história do Flamengo você se coloca? Dá para dizer que também passa um Zé Carlos, um Gilmar Rinaldi?
Não quero me comparar com esses goleiros, pois todos nós sabemos o peso dessa camisa. Isso eu deixo para a torcida. Só sei que podem levar o meu dinheiro, meus cartões, meu carro... Mas jamais vão me tirar esse título. Isso ficou na história do Flamengo.
Tenho de acertar a minha vida de vez. Quero deixar de ser considerado um jogador bad boy, polêmico...Quero seguir o caminho certo e estou pensando em entrar para a Igreja. Fora das quatro linhas eu sou um cara normal. Então quero que parem de me julgar antes de me conhecerem.
Hoje no Flamengo sou uma referência. Então para cobrar de alguém eu preciso dar o exemplo primeiro. Noitadas, festas... Isso não leva o jogador a lugar algum. Quero colocar um ponto final nessas histórias... Tem de comemorar com a família e com os amigos certos. Não com amigos que só estão com você por conta do futebol.
Mas essa história de entrar para a Igreja veio de onde?
Bati um papo com o Carlos Alberto (do Vasco) nessas férias. Ele me contou vários casos que já aconteceram com ele. Eu já o admirava e já o conhecia da época de Corinthians. Ele é um cara que deu a volta por cima, pois também era considerado um jogador maluco por conta das suas atitudes. Ele me passou várias coisas legais.
Mas você já estava pulando o muro da concentração hoje (risos)...
Ali foi só para tirar foto. Tinha a grade atrapalhando as fotos dos torcedores e pulei rapidinho. Ele gostaram, ficaram tranquilos... Fui lá só fazer a alegria da galera.
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