Por Marcio Braga, Publicado no Globo (pg 7- Opinião)
No embalo rubro-negro
MARCIO BRAGA
MARCIO BRAGA
Os chineses, com sua sabedoria milenar, têm um ditado interessante: se o cavalo ganhou uma vez, é sorte. Duas, coincidência. Três, aposte neste cavalo.
Nos últimos três anos, o Flamengo alcançou a hegemonia do futebol no Rio de Janeiro, foi pentatricampeão, campeão da Copa do Brasil e tem apresentado desempenho consistente no Campeonato Brasileiro:
em 2007 chegamos em terceiro, com 61 pontos e 54% de aproveitamento;
em 2008 terminamos em quinto, tendo liderado a competição por dez rodadas e somando 64 pontos, com 56% de aproveitamento;
agora, em 2009, o Flamengo é líder na última rodada, com 57% de aproveitamento e 64 pontos, dependendo apenas de si mesmo para conquistar o hexacampeonato.
Sem dúvida há muito para comemorar e não só dentro de campo.
Este desempenho desportivo está diretamente relacionado à gestão do clube, que conseguiu resgatar a credibilidade do Flamengo, equacionar o passivo, aumentar significativamente as receitas e, sobretudo, implantar princípios de governança corporativa para administrar o patrimônio da nação rubro-negra com seriedade e transparência.
Se fosse possível destacar somente três fatores para o sucesso deste time, não se poderia hesitar em apontar a efetivação do Andrade, o acordo com o Pet e o retorno do Adriano.
Estes três exemplos merecem uma análise mais profunda pois refletem o compromisso de administrar com responsabilidade e austeridade.
A efetivação do Andrade foi decisão difícil, que se provou acertada e representou uma grande economia aos cofres do clube, dando oportunidade de ascensão como técnico a uma estrela rubro-negra. Além de craque, o Flamengo também faz técnico em casa, vide Carlinhos.
O acordo que viabilizou a volta do Pet, resgatando um grande ídolo, que vem provando seu talento a cada jogo e, merecidamente, deve ser o craque do Brasileirão, nasceu de uma preocupação administrativa: melhorar o fluxo de caixa do clube, profundamente abalado por sucessivas penhoras, originadas em processos das gestões anteriores.
A contratação do Adriano, o Imperador, artilheiro do campeonato até o momento, só foi possível graças à Olympikus, que, em menos de seis meses, já vendeu cerca de 1 milhão de camisas contra 120 mil/ano do antigo fornecedor, inaugurou na Gávea a maior loja de um clube da América Latina e se prontificou a complementar o valor que o Flamengo podia pagar ao atleta.
Fica evidente a relação entre a administração do clube e seus resultados em campo, especialmente numa competição de regularidade como o Campeonato Brasileiro.
A administração, o time e a torcida jogam juntos e não é por acaso que o Flamengo tem quebrado todos os recordes de público e arrecadação nos últimos anos, representando um aumento brutal nas receitas de bilheteria, com mais de 1 milhão de torcedores por ano no Maracanã, cantando em coro: "Vamos Flamengo, vamos ser campeão..."
Relembrando as palavras do governador de Sergipe, o rubro-negro Marcelo Déda, em artigo publicado aqui no GLOBO (21/11), confessando que seu amor pelo Flamengo vem antes mesmo de compreender o que era futebol, no próximo domingo "o furacão rubro-negro voltará a mexer com os nossos sentimentos.
Não sei se conseguiremos o hexa, mas tenho certeza que o Flamengo já cumpriu uma grande missão: recuperou o prestígio e o respeito, devolveu a alegria à sua torcida e fez mais belo e competitivo um campeonato que parecia alérgico a emoções".
MARCIO BRAGA é presidente do Flamengo.
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