sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Fabiana Beltrame mostra descrença em bom resultado do Brasil em 2016


Fabiana Beltrame não é otimista quanto ao desempenho do remo brasileiro nas Olimpíadas (Foto: Fabio Leme)Maior esperança de medalha olímpica para o remo do Brasil, Fabiana Beltrame não mostra otimismo em um bom desempenho do país na modalidade, restando menos de dois anos para o início das Olimpíadas do Rio. A falta de investimento e a dificuldade de lapidar novos talentos fazem com que a campeã mundial de 2011 use um tom pessimista para falar sobre o momento do tradicional esporte brasileiro.

Convidada à recepção da equipe britânica de remo, uma das melhores do mundo na atualidade e que está no Rio de Janeiro desde a última segunda-feira, a atleta do Flamengo comparou a preparação dos rivais para os Jogos de Londres, em 2012, com o trabalho desempenhado pelos brasileiros. Se a Grã-Bretanha levou nove das 14 medalhas possíveis, sendo quatro de ouro entre homens e mulheres há dois anos, Beltrame vê o objetivo canarinho bem mais modesto em 2016.

- Eles têm uma tradição muito forte nas universidades, o apoio e o incentivo são grandes, especialmente o trabalho que fizeram para os Jogos de Londres (2012). Foram três ciclos olímpicos, realmente, pensando nesses resultados. Eles colheram o que plantaram, natural. Diria que estamos bem longe de plantar alguma sementinha como a deles, mas a gente tem que ter esperança de que vamos melhorar - disse em tom desacreditado.

Nesse encontro no Iate Clube, localizado na Zona Sul do Rio de Janeiro, a companheira de Beatriz Cardoso no skiff duplo esteve ao lado de possíveis concorrentes na luta pela inédita medalha de ouro em 2016.

- Uma delas era aquela que eu estava tirando foto, ela é campeã olímpica (Katherine Copeland). Venci dela, em 2011, quando fui campeã mundial. Nós já nos conhecemos bem. Hoje, aos 23 anos, ela já é campeã olímpica, muito novinha. É uma honra estar no mesmo ambiente que eles (britânicos), um dos melhores no remo. Temos que tentar copiá-los - admitiu.

Fabiana Beltrame e Katherine Copeland (Foto: Fabio Leme)Fabiana Beltrame e Katherine Copeland, concorrentes dentro da raia, se encontram em evento no Iate Clube no Rio (Foto: Fabio Leme)

Assim como os remadores da Grã-Bretanha, Fabiana também não mostra muita preocupação com a questão da insalubridade da água da Lagoa Rodrigo de Freitas, local que vai abrigar as 14 provas de remo nas Olimpíadas do Rio. Para ela, o ponto principal é como o Comitê Olímpico Internacional (COI) vai adequar a modalidade à falta de espaço físico ideal.

- Uma das preocupações que nós temos, além das algas, que nesta época têm muitas, é a profundidade do final da raia. Ela é muito rasa para as regras da Fisa (Federação Internacional de Remo). Será preciso fazer uma dragagem para aumentar essa profundidade e alguma mudança para a área de escape ser maior. A raia termina, e os barcos já chegam tendo que frear, isso não dá. Não sei como eles vão fazer. Talvez, vão ter que mudar o sentido do percurso, colocar mais diagonal - opinou.
Questionada sobre um possível legado para atrair novos talentos e ajudar no desenvolvimento do esporte no país, o tom pessimista voltou a aparecer no discurso da número um do esporte brasileiro.

- A estrutura natural que é a Lagoa, nós já temos. Toda a estrutura em volta vai ficar pronta e será do agrado de todo mundo, vai ser feito tudo dentro do planejado. Mas naquele esquema de não ter legado nenhum para a gente depois. Vai ser uma estrutura temporária e que será retirada depois. Melhor do que nada, né?


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