Maior esperança de medalha olímpica para o remo do Brasil, Fabiana Beltrame
não mostra otimismo em um bom desempenho do país na modalidade,
restando menos de dois anos para o início das Olimpíadas do Rio. A falta
de investimento e a dificuldade de lapidar novos talentos fazem com que
a campeã mundial de 2011 use um tom pessimista para falar sobre o
momento do tradicional esporte brasileiro.
Convidada à
recepção da equipe britânica de remo, uma das melhores do mundo na
atualidade e que está no Rio de Janeiro desde a última segunda-feira, a
atleta do Flamengo comparou a preparação dos rivais para os Jogos de
Londres, em 2012, com o trabalho desempenhado pelos brasileiros. Se a
Grã-Bretanha levou nove das 14 medalhas possíveis, sendo quatro de ouro
entre homens e mulheres há dois anos, Beltrame vê o objetivo canarinho
bem mais modesto em 2016.
- Eles têm uma tradição muito forte
nas universidades, o apoio e o
incentivo são grandes, especialmente o trabalho que fizeram para os
Jogos de Londres (2012). Foram três ciclos olímpicos, realmente,
pensando nesses resultados. Eles colheram o que plantaram, natural.
Diria que estamos bem longe de plantar alguma sementinha como a deles,
mas a gente tem que ter esperança de que vamos melhorar - disse em tom
desacreditado.
Nesse encontro no Iate Clube, localizado na
Zona Sul do Rio de Janeiro, a companheira de Beatriz Cardoso no skiff
duplo esteve ao lado de possíveis concorrentes na luta pela inédita
medalha de ouro em 2016.
- Uma delas era aquela que eu estava
tirando foto, ela é campeã olímpica (Katherine Copeland). Venci dela, em
2011, quando fui campeã mundial. Nós já nos conhecemos bem. Hoje, aos
23 anos, ela já é campeã olímpica, muito novinha. É uma honra estar no
mesmo ambiente que eles (britânicos), um dos melhores no remo. Temos que
tentar copiá-los - admitiu.
Fabiana Beltrame e Katherine Copeland, concorrentes dentro da raia, se encontram em evento no Iate Clube no Rio (Foto: Fabio Leme)
Assim como os remadores da Grã-Bretanha, Fabiana também não mostra muita
preocupação com a questão da insalubridade da água da Lagoa Rodrigo de
Freitas, local que vai abrigar as 14 provas de remo nas Olimpíadas do
Rio. Para ela, o ponto principal é como o Comitê Olímpico Internacional
(COI) vai adequar a modalidade à falta de espaço físico ideal.
-
Uma das preocupações que nós temos, além das algas, que nesta época têm
muitas, é a profundidade do final da raia. Ela é muito rasa para as
regras da Fisa (Federação Internacional de Remo). Será preciso fazer uma
dragagem para aumentar essa profundidade e alguma mudança para a área de
escape ser maior. A raia termina, e os barcos já chegam tendo que
frear, isso não dá. Não sei como eles vão fazer. Talvez, vão ter que
mudar o sentido do percurso, colocar mais diagonal - opinou.
Questionada
sobre um possível legado para atrair novos talentos e ajudar no
desenvolvimento do esporte no país, o tom pessimista voltou a aparecer
no discurso da número um do esporte brasileiro.
- A estrutura
natural que é a Lagoa, nós já temos. Toda a estrutura em volta vai ficar
pronta e será do agrado de todo mundo, vai ser feito tudo dentro do
planejado. Mas naquele esquema de não ter legado nenhum para a gente
depois. Vai ser uma estrutura temporária e que será retirada depois.
Melhor do que nada, né?
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