Preparador de goleiros do Flamengo desde 2010, Cantarele
virou auxiliar quando Jayme de Almeida foi efetivado, em setembro do ano
passado. Nesta segunda-feira, a demissão do técnico respingou no ex-goleiro
rubro-negro. Dispensado, ele absolveu o goleiro Felipe pelas falhas no Fla-Flu,
clássico que se tornou o último capítulo de Jayme à frente do clube.
-
Atribuir
erro ao Felipe só, não. Erramos muito. Houve muitos erros internos que Jayme
soube controlar. Procuramos não expor ninguém. Muitos jogadores machucados. Cabe
às pessoas analisarem. Felipe fez o que pôde, é um grande goleiro. Ninguém erra
porque quer – disse.
A defesa ao ex-comandado ocorre um dia depois que Zico, maior ídolo
rubro-negro, criticou o camisa 1 pelo desempenho no clássico.
- Depois que o Cantarele saiu de preparador de goleiros e foi para auxiliar,
o Felipe não é o mesmo. Uma coisa é você ser treinado por um cara de nome como
o Cantarele, outra é ser treinado por outro cara que não tenha o mesmo nome,
com todo respeito a quem está lá (na preparação de goleiros – Wagner Miranda
assumiu o posto quando Cantarele virou auxiliar) - disse, durante programa do qual participa
semanalmente na Rádio Globo.
Cantarele preferiu não
comentar as críticas do Galinho.
- Eu prefiro não responder a essa pergunta, não. Há uma
comparação, não gosto.
Cantarele e Jayme em treino do Fla: dupla ganhou dois títulos à frente do clube (Foto: Fla Imagem / Alexandre Vidal )
Já sobre a postura da diretoria na demissão de Jayme e na contratação
de Ney Franco, condenou a forma.
- Acho que eles têm o direito de mandar embora quem quiserem.
Não achei legal foi a forma, a imprensa sabe antes, cria um clima, as pessoas
me ligam. A gente não sabia o que falar. Não posso mais falar que não sei de
nada porque vão me achar um débil mental. Apenas isso. Isso faz parte do
futebol. Eu não agiria assim, mas as pessoas agem. O que vai fazer? Quanto a
ser mandado embora, não tem problema. Já tinha sido mandado embora em 1995. Mas
o que fizemos agora e como jogador vai ficar para sempre. Eu entrei como
treinador de goleiros, fui campeão. Passei para auxiliar e bati campeão. Eu
cresci na minha vida, no meu currículo, na minha passagem ali no clube. Fui
campeão em três situações, é legal. Isso foi o ganho – comentou.
Na visão do ex-goleiro, a demissão poderia ter ocorrido logo
depois da eliminação precoce na primeira fase da Libertadores, mas o título
Carioca manteve Jayme no cargo. Cantarele, no entanto, acha que muitas críticas
feitas ao trabalho do treinador não levam em conta os problemas para armar o
time.
- Gostaria que as pessoas analisassem a forma como o time
jogou, nas condições que jogou. No ano passado, ganhamos a Copa do Brasil
repetindo o time. Agora as pessoas falam que o Jayme não conseguiu arrumar o
time ideal. E qual foi o motivo? As pessoas precisam analisar, as
improvisações. Será que gosta de improvisar ou foi obrigado a fazer isso?
Jayme pretende ter Cantarele como seu auxiliar permanente, e
o ex-preparador de goleiros acredita que a dupla terá sucesso em outra equipe.
- Acho que o Jayme entrou no mercado e eu também. O negócio
é esperar e ver o que acontece. Eu acho que essa dupla deu certo. Em oito meses,
foram três títulos em quatro campeonatos. Muita gente faz comparação com o
Andrade, que não deu certo depois que saiu do Flamengo, mas espero que com o
Jayme seja diferente.
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