sexta-feira, 14 de março de 2014

Investigação do MP esbarra em encândalo financeiro e pode colocar dirigentes da Lusa no banco dos réus


No ínicio do 'caso lusa', a Portuguesa foi vista pela opinião pública como a verdadeira lesada da decisão do STJD que retirou quatro pontos da Portuguesa e do Flamengo, o que manteve o Fluminense na primeira divisão do campeonato Brasileiro. Hoje, a situação é diferente.

Em coletiva de imprensa realizada hoje, dia 14 de março, no Ministério Público de São Paulo, o promotor do direito do consumidor Roberto Senise Lisboa veio a público para mostrar os resultados da investigação que apura o possível tráfico de influência na escalação do meia Héverton na partida entre portuguesa e Grêmio, que acarretou no rebaixamento da Lusa.

Após colher depoimentos e analisar as movimentações financeiras do clube, o Ministério Público esbarrou  em um possível escandalo de crime contra o mercado financeiro no valor de R$ 600 milhões de reais, envolvendo o banco Banif e outras 15 empresas, entre elas a Portuguesa.

Segundo Senise, quando Manuel da Lupa assumiu a presidência da Portuguesa em 2005, o clube passava por sérias dificuldades de pagamento. Um dos conselheiros era diretor do Banif, e foi aprovado no banco uma linha de crédito de R$ 300 mil mensais para o que o clube conseguisse sobreviver. Como a má situação financeira impedia o clube de contrair empréstimos, um esquema alternativo de pagamento foi instituido.

O Banif transferia dinheiro para o clube através do presidente Manuel da Lupa e de seu vice-presidente na época, que então repassavam o montante para a conta da Portuguesa. Segundo o promotor, os pagamentos estavam alinhados durante o primeiro mandato, mas que há indícios de "desalinhamento das operações casadas" entre Banif, Manuel da Lupa e Portuguesa durante a segunda gestão do dirigente.

Esse desalinhamento culminou em uma determinação do Conselho Deliberativo do clube. Em setembro de 2013, o Conselho Deliberativo proibiu o então presidente Manuel da Lupa de contrair qualquer empréstimo em nome do Portuguesa. A escalação do meia Héverton ocorreu dois meses após a decisão do Conselho Deliberativo.

Hoje, Manuel da Lupa, que está com os bens bloqueados pela Justiça, luta para provar que os empréstimos feitos em seu nome são de responsabilidade da Lusa.

Mas é a proximidade entre as datas e a situação do então presidente que intriga o Promotor Roberto Senise da Lisboa, que é cuidadoso para não responsabilizar ninguém antes que as investigações sejam conclusivas.

Segundo ele, há indícios de motivação para que o então presidente, atolado em dívidas e proibido de gerir as finanças do clube por determinação do Conselho Deliberativo, possa ter escalado o meia Héverton propositalmente, de forma a resolver sua situação financeira.

Roberto Senise Lisboa lembra que ainda há muitas peças da investigação que necessitam análise, além da demora para o recebimento de documentos provenientes de outras insitutições públicas.

A relação da Portuguesa com o Banif será investigada pelo Gaeco, que combate o crime organizado, enquanto o MP continuará investigando a possiblidade de tráfico de influência.

Já ação cívil publica do Minitério Público contra a decisão do STJD que retirou quatro pontos da Portuguesa e do Flamengo continua. O MP ajuizou hoje um recurso de agravo contra a decisão do Juiz Miguel Ferrari Junior, da 43ª Vara Cível do Foro Central. Segundo Senise, há nove pontos que não teriam sido apreciados pelo Juiz, o que justifica o pedido de recurso. A decisão deve sair em até cinco dias.


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