Antes mesmo do jogo com o Atlético-PR, na noite de quinta-feira, no Maracanã, Mano Menezes
estava com sua paciência no limite. O motivo: o descontentamento com a
postura de alguns jogadores fora de campo. Episódios recentes, como os
que envolveram Carlos Eduardo e André Santos, não foram bem digeridos
pelo técnico. Somado a isso está a dificuldade da diretoria em melhorar
as condições apresentadas para um bom trabalho. Após três meses, apenas o
próprio André e Chicão chegaram como reforços de uma lista extensa de
tentativas frustradas. A satisfação com a matéria-prima que tinha em
mãos era longe do aceitável.
A notícia de uma agitada festa na noite de segunda-feira na casa de
Carlos Eduardo, num condomínio de casas na Barra da Tijuca, incomodou
Mano. A batida de carro de André Santos na mesma madrugada também não
foi vista com bons olhos, e os dois jogadores eram observados de perto
treinador. Em entrevista coletiva, ele disse que não vigiaria ninguém em
seu horário livre, mas tomaria atitudes se achasse que o rendimento em
campo estava sendo afetado.
A
derrota de virada para o Atlético-PR em pleno Maracanã foi apenas a
gota d'água para Mano pedir o boné (Foto: Dhavid Normando / Agência
Estado)
Nesta sexta-feira, um dia depois do pedido de demissão, Mano Menezes
almoçou num restaurante na zona oeste do Rio, e aparentava chateação com
o cenário apresentado recentemente. Durante a refeição, o treinador
chegou a deixar claro para pessoas com quem conversou uma falta de
mobilização e atitude pelos líderes do clube:
- Se ninguém toma atitude, quem tem que tomar atitude sou eu para não acontecer o que todos temem (rebaixamento).
Embora nunca tenha externado, o treinador ficou frustrado com a pouca
ação do Flamengo na janela de transferências. Ele esperava de três a
cinco nomes de peso para o elenco. O clube tentou Cristian, Dentinho,
Fagner, Emerson Sheik, Felipe Melo, Leandro Castán, Rodolpho... E fechou
apenas com André Santos e Chicão.
Com o elenco enfraquecido, ele teve de recorrer a jogadores contratados
do interior de São Paulo - Paulinho, Val, Diogo Silva e Bruninho - e
aos meninos das divisões de base. Na última entrevista coletiva, na
véspera da derrota para o Atlético-PR, o treinador criticou estes
últimos, a quem chamou de superestimados.
A relação com os chefes diretos, Wallim Vasconcellos (vice de futebol) e
Paulo Pelaipe (diretor) era considerada boa, sem rusgas. Porém, apenas o
segundo foi comunicado diretamente da saída. O vice de futebol recebeu
uma mensagem de texto com um pedido de desculpas.
Empresário de Mano Menezes, Carlos Leite também ficou surpreso com a
decisão da saída, mas compreendeu e refutou a hipótese de o treinador
ter um pré-acordo com outro clube.
- O futebol precisa aprender a conviver com a verdade. A atitude do
Mano causa espanto, mas é verdadeira. Ele assumiu a responsabilidade e
não jogou a culpa em ninguém – disse.
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