Rafinha é avesso à badalação. De jeito simples e humilde, o jogador
escolheu um carro sem maiores luxos – um Punto, da Fiat - quando
completou 20 anos em maio e tirou habilitação. Sem perder a direção,
caseiro e evangélico, no seu casamento não foi servida bebida alcóolica,
apenas refrigerante. Mesmo quando estava na crista da onda no
Campeonato Carioca, sempre manteve os pés no chão diante do entusiasmo
da torcida, que chegou a cantar que ele era melhor do que Neymar. No fim
de fevereiro, a diretoria renovou seu contrato por cinco anos,
ele recebeu reajuste salarial e sua multa rescisória chegou a R$ 130
milhões para clubes do exterior e R$ 23 milhões para equipes
brasileiras. O tempo passou, ele oscilou entre as condições de titular e
reserva e viu os holofotes serem virados em outras direções.
Após explodir, Rafinha ainda busca seu espaço no Flamengo (Foto: Fábio Castro / Agif )
E Rafinha parece ter aprendido cedo a andar na montanha-russa que é a carreira do jogador de futebol.
- Nunca me preocupou ficar fora do holofote. Sempre fui muito
tranquilo, reservado e focado no trabalho. Não me deslumbro quando tudo
vai bem, mas também não me abato quando as coisas não saem como
planejamos. O futebol é assim. Existem milhares de meninos que sonham
com a chance de jogar por esse time e todo dia Deus me dá essa
oportunidade – declarou Rafinha.
As perguntas para Rafinha tiveram que ser enviadas via assessoria de
imprensa do atleta. O jogador tem evitado câmeras e microfones. No
início do ano, ele era um dos jogadores mais requisitados para
entrevistas. Ainda mais depois da bela atuação na vitória por 4 a 2
sobre o vasco pelo Carioca, quando fez um gol depois de arrancada de 53
metros. Em seguida, ele voltou a
brilhar na goleada por 4 a 0 sobre o Friburguense, quando marcou um
golaço, com belo toque por cobertura na saída do goleiro. Foi a senha
para a torcida presente ao Moacyrzão cantar que "Rafinha é melhor que
Neymar”.
Na ocasião, sensato, o jogador que era titular absoluto de Dorival
Júnior deu de ombros para a comparação feita mais em tom de brincadeira
do que de forma séria:
- O Neymar é um craque mundial, reconhecido. Estou só começando e tenho de comer muito arroz com feijão ainda.
Mas no cardápio veio o gosto amargo de ser reserva. Com a chegada de
Mano Menezes, Rafinha perdeu a titularidade. Na partida de volta pelas
oitavas de final da Copa do Brasil, o treinador surpreendeu e escalou o
atacante como titular. Ele teve boa atuação e seguiu na equipe nos jogos
diante de Corinthians, Vitória e Cruzeiro, pelo Brasileirão. Depois,
voltou para a reserva.
- Minha preocupação é ver o Flamengo bem e ajudar dentro do possível.
Sei que tenho a confiança do técnico Mano Menezes e trabalho muito sério
para corresponder às expectativas sempre que ele precisar.
Nesse ano, Rafinha marcou apenas três gols, sendo o último ainda pela
fase classificatória da Copa do Brasil, que garantiu a vitória sobre o
Remo por 1 a 0, no longínquo dia 31 de maio. O jogador, porém, é o
principal garçom da equipe na temporada, com sete assistências, o que
nem sempre garante o papel de protagonista para o atacante. Nada que
pareça incomodar o jogador que nem sempre ficou à vontade sob a luz dos
holofotes e muito menos em ser comparado com Neymar.
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