sábado, 21 de setembro de 2013

Postura de jogadores e passividade da diretoria minam paciência de Mano

Antes mesmo do jogo com o Atlético-PR, na noite de quinta-feira, no Maracanã, Mano Menezes estava com sua paciência no limite. O motivo: o descontentamento com a postura de alguns jogadores fora de campo. Episódios recentes, como os que envolveram Carlos Eduardo e André Santos, não foram bem digeridos pelo técnico. Somado a isso está a dificuldade da diretoria em melhorar as condições apresentadas para um bom trabalho. Após três meses, apenas o próprio André e Chicão chegaram como reforços de uma lista extensa de tentativas frustradas. A satisfação com a matéria-prima que tinha em mãos era longe do aceitável.

A notícia de uma agitada festa na noite de segunda-feira na casa de Carlos Eduardo, num condomínio de casas na Barra da Tijuca, incomodou Mano. A batida de carro de André Santos na mesma madrugada também não foi vista com bons olhos, e os dois jogadores eram observados de perto treinador. Em entrevista coletiva, ele disse que não vigiaria ninguém em seu horário livre, mas tomaria atitudes se achasse que o rendimento em campo estava sendo afetado.

Mano Menezes flamengo atlético-pr (Foto: Dhavid Normando / Agência Estado) 
A derrota de virada para o Atlético-PR em pleno Maracanã foi apenas a gota d'água para Mano pedir o boné (Foto: Dhavid Normando / Agência Estado)
 
Nesta sexta-feira, um dia depois do pedido de demissão, Mano Menezes almoçou num restaurante na zona oeste do Rio, e aparentava chateação com o cenário apresentado recentemente. Durante a refeição, o treinador chegou a deixar claro para pessoas com quem conversou uma falta de mobilização e atitude pelos líderes do clube:

- Se ninguém toma atitude, quem tem que tomar atitude sou eu para não acontecer o que todos temem (rebaixamento).

Embora nunca tenha externado, o treinador ficou frustrado com a pouca ação do Flamengo na janela de transferências. Ele esperava de três a cinco nomes de peso para o elenco. O clube tentou Cristian, Dentinho, Fagner, Emerson Sheik, Felipe Melo, Leandro Castán, Rodolpho... E fechou apenas com André Santos e Chicão.

Com o elenco enfraquecido, ele teve de recorrer a jogadores contratados do interior de São Paulo - Paulinho, Val, Diogo Silva e Bruninho - e aos meninos das divisões de base. Na última entrevista coletiva, na véspera da derrota para o Atlético-PR, o treinador criticou estes últimos, a quem chamou de superestimados.

A relação com os chefes diretos, Wallim Vasconcellos (vice de futebol) e Paulo Pelaipe (diretor) era considerada boa, sem rusgas. Porém, apenas o segundo foi comunicado diretamente da saída. O vice de futebol recebeu uma mensagem de texto com um pedido de desculpas.

Empresário de Mano Menezes, Carlos Leite também ficou surpreso com a decisão da saída, mas compreendeu e refutou a hipótese de o treinador ter um pré-acordo com outro clube.

- O futebol precisa aprender a conviver com a verdade. A atitude do Mano causa espanto, mas é verdadeira. Ele assumiu a responsabilidade e não jogou a culpa em ninguém – disse.



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