A demora de quase uma hora para se dirigir até a sala de entrevista
coletivas do Maracanã era um indício: a derrota por 4 a 2, de virada,
para o Atlético-PR, nesta quinta-feira, no Maracanã, não tinha sido bem
digerida por Mano Menezes.
A paciência e serenidade habitual do treinador chegaram ao fim, assim
como sua passagem pelo Flamengo. Exatamente três meses e dois dias após
assumir o comando rubro-negro, ele encarou os jornalistas, evitou
perguntas e apenas informou que acabara de pedir demissão.
- Vamos conversar um pouco diferente. Acabo de ter uma reunião com
todos e comuniquei oficialmente que não sou mais técnico do Flamengo.
Primeiro informei ao Paulo Pelaipe. Depois do jogo, fiz o comunicado a
todos os jogadores. Estávamos fechando um ciclo de quatro meses e senti
no resumo do jogo de hoje que não consegui passar para esse grupo aquilo
que penso de futebol. E quando é assim, é porque o técnico precisa
sair. Com essa visão, tomei essa decisão difícil e inédita na minha
carreira, mas julgo ser a mais correta neste momento para que o Flamengo
trilhe outro caminho que não seja esse, mais perto da zona de
rebaixamento do que na parte de cima da tabela - comunicou o treinador,
que foi contratado em junho para dar um perfil de mais peso ao comando
técnico do Flamengo depois de uma experiência negativa com Jorginho, uma
opção de baixo investimento dentro da política de austeridade
financeira da diretoria ao assumir o clube.
Mano Menezes comandou o Fla em 22 jogos, com 50% de aproveitamento (Foto: Bruno Gonzalez/Ag.O Globo)
A decisão surpreende por acontecer somente 24 horas depois do próprio
Mano dizer, em entrevista no Ninho do Urubu, que as coisas no Flamengo
estavam acontecendo exatamente da maneira como ele esperava, com
dificuldades e que era necessário ter paciência. O treinador não teve, e
deixa o clube após ter 50% de aproveitamento em 22 partidas, com nove
vitórias (incluindo um amistoso contra o São Paulo), seis empates e sete
derrotas - na 15ª posição no Brasileirão, com 26 pontos, dois a mais
que o Criciúma, primeiro no Z-4, e nas quartas de final da Copa do
Brasil. Sob seu comando, o time não conseguiu sequer duas vitórias
consecutivas. Como de costume, Jaime de Almeida assume a equipe
interinamente para a partida com o Náutico, domingo, no Recife.
Cerca 20 minutos após o pronunciamento de Mano, o diretor executivo,
Paulo Pelaipe, também apareceu na sala de entrevista, mas não conseguiu
dar muitas explicações para o ocorrido. Sucinto, disse que não se
tratava de uma coletiva, adiou a decisão sobre o futuro treinador e se
mostrou surpreso com o pedido de demissão.
- Fomos surpreendidos pela decisão do Mano Menezes. Após o jogo, ele
procurou a direção e disse que não era mais treinador do clube, se
despediu dos atletas. Lamentamos por ser um grande profissional. Vamos
conversar com calma. Quando sair daqui (do Maracanã), vou conversar com o
Mano mais longamente. Por obrigação, eu tinha que vir comunicar a vocês
(jornalistas), mas não é uma coletiva. Estou apenas informando o fato
com tristeza. Vou me reunir agora com o vice de futebol, diretoria, e
depois indicaremos as providências a serem tomadas.
O próximo treinador será o quarto do Flamengo em uma temporada que
começou com Dorival Júnior e teve ainda Jorginho, ambos mandados embora
antes do pedido de demissão de Mano. Nesta sexta-feira, o elenco
rubro-negro se reapresenta no Ninho do Urubu e viaja durante o dia para
Pernambuco.
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