quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Há 20 anos morria Kanela, o técnico paraibano que reinventou o basquet



Togo Renan Soares Kanela (Foto: Divulgação / Flamengo)
Há exatos 20 anos, em 12 de dezembro de 1992 (então com 86 anos), morria o homem responsável por revolucionar o basquete brasileiro, dono de dois títulos mundiais da modalidade e de duas medalhas de bronze em Jogos Olímpicos. O homem que inventou o “arremesso da zona morta” e o basquete jogado na base do contra-ataque. Este é Togo Renan Soares, mais conhecido como Kanela, um paraibano de João Pessoa que nasceu em 22 de maio de 1906, que era sobrinho do ex-governador paraibano Camilo de Holanda e que se mudou na adolescência para o Rio de Janeiro sem saber ainda que se tornaria num dos mais importantes personagens do esporte brasileiro.

Para começar, Kanela não foi importante apenas no basquete. Ainda no início da carreira, ele foi jogador e treinador de pólo aquático pelo Botafogo e depois técnico de futebol em clubes como Bangu, Botafogo e Flamengo. Ainda como técnico do Bangu, em 1929, foi o responsável pela descoberta de um dos mais completos zagueiros do futebol mundial: Domingos da Guia (que antes de ser convencido por Kanela para jogar na zaga insistia em atuar pelo meio).

Apenas depois, já no final da década de 1940, é que começou a se dedicar exclusivamente ao basquete. E foi aí que começou a reinventar a forma de jogar o esporte. Foi ídolo e fez história tanto na Seleção Brasileira como no Flamengo e fez tão sucesso que em 2007, quinze anos depois de sua morte, veio o reconhecimento mundial definitivo, ao ser o primeiro treinador brasileiro incluído no Hall da Fama do Basquete Mundial.

Presidente da Confederação Brasileira de Basquete, Carlos Nunes (Foto: Renata Vasconcellos / Globoesporte.com/pb)
Para o atual presidente da Confederação Brasileira de Basquete, Carlos Nunes, Kanela é até hoje considerado “um dos maiores e mais importantes técnicos de basquete do mundo". E a quem o Brasil tem muito o que agradecer.

- A ele devemos os nossos principais títulos. E se até hoje somos respeitados entre as potências do basquete, é muito por causa dele. Lembro sempre de Kanela com muita emoção. Temos sempre que reverenciá-lo. Até porque, se até hoje estamos em nono lugar no Ranking da Federação Internacional de Basquete, é muito por causa daqueles dois títulos mundiais e daquelas medalhas olímpicas que Kanela ajudou a nos dar – declarou.



Kanela e o basquete

Ubiratan Maciel - basquete brasil, campeão Mundial 1963 (Foto: Divulgação / CBB)A história de Kanela no basquete sempre se dividiu entre a Seleção e o Flamengo. E venceu tudo o que disputou em ambos. Comandou a seleção brasileira bicampeã mundial em 1959 e 1963 e conquistou as medalhas de bronze nos Jogos Olímpicos de Roma, em 1960; e nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964.

Ele foi ainda o técnico brasileiro em mais dois vice-campeonatos mundiais (1954 e 1970), em um 3º lugar mundial (1967) e ainda nas conquistas de uma medalha de prata (1963) e de duas medalhas de bronze (1951 e 1959) nos Jogos Pan-Americanos.

No Flamengo, conquistou 12 títulos cariocas de basquete pela equipe rubro-negra, incluindo um espetacular e inédito decacampeonato estadual da modalidade entre 1951 e 1960. Tanto que até hoje ele é lembrado pelos funcionários mais antigos do clube. Roupeiros, maqueiros e funcionários que ainda lembram dele e de seis treinamentos nas décadas de 50 e 60.

Kanela era um ídolo mesmo numa época em que a seleção brasileira era composta por craques como Wlamir Marques, Rosa Branca, Amaury Pasos, entre outros. Kanela era acima de tudo um estrategista, mas também era conhecido pelo temperamento explosivo, principalmente contra os árbitros. O livro “A Era Kanela”, por exemplo, que fala sobre sua carreira vitoriosa no esporte, relata vários incidentes em que ele brigou com juízes que ao seu ver estava prejudicando suas equipes.



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