A 17 dias da eleição do Flamengo, as chapas de oposição se sentaram
pela primeira vez à mesma mesa para discutir uma possível união para
enfrentar nas urnas a presidente do clube, Patricia Amorim, que tentará o
segundo mandato no pleito de 3 de dezembro. Na tarde desta sexta-feira,
os cinco candidatos opositores se reuniram durante duas horas no
restaurante de um hotel na Zona Sul do Rio. Porém, o clima não foi dos
mais amenos. A publicação nesta sexta-feira de uma pesquisa feita pela
Chapa Azul, encabeçada por Eduardo Bandeira de Mello, na coluna de
Renato Mauricio Prado, no jornal O Globo, foi o estopim de uma tensa
discussão que levou o candidato da Chapa Rosa, Jorge Rodrigues, a
decretar ao fim do encontro que a aliança com Bandeira de Mello e seus
pares é "impossível".
Eduardo Bandeira de Mello na saída da reunião (Foto)
A pesquisa aponta que o candidato da Chapa Azul teria 50,4% dos votos,
com larga vantagem sobre Patricia Amorim, que apareceria na segunda
posição, com 14,8%. Os números foram ironizados por Rodrigues.
- Foi o início de uma conversa, vamos começar a elaborar uma forma de
nos juntarmos. Vamos fazer uma pesquisa séria, porque essa que foi
divulgada a gente sabe que foi toda armada. Ninguém gostou, foi
totalmente dirigida pela Chapa Azul, não tem cabimento. Se fosse
verdadeira, acha que sentariam com a gente hoje? É uma prova que foi
manipulada. Ninguém faz acordo sabendo que já é vencedor. Com a Chapa
Azul, depois dessa pesquisa fajuta, não há como. Colocaram aquilo para
sentar com a gente por cima. Com a Chapa Azul, não há a mínima
possibilidade de acordo.
Jorge
Rodrigues foi acusado recentemente pelos integrantes da Chapa Azul de
fazer aliança com a chapa de situação, de Patricia Amorim, para
forçar a impugnação dos nomes de Wallim Vasconcellos e Rodolfo Landim na
reunião do Conselho de Administração realizada no último dia 8. O
ex-presidente Marcio Braga, aliado da Chapa Azul, chegou a afirmar que o
grupo combatia a chapa de "Jorge Amorim ou Patricia Rodrigues". Jorge Rodrigues, por sua vez, assegurou que só se tornou candidato por se sentir traído por Amorim e garantiu que não haverá aliança com a atual mandatária do clube.
Estiveram no hotel Eduardo Bandeira de Mello, Jorge Rodrigues, Lysias
Itapicurú, Mauricio Rodrigues e Ronaldo Gomlevsky. O movimento de união
das oposições vinha ganhando força nos últimos dias, porém a divulgação
da pesquisa dificultou o acordo. O encontro foi convocado por Lysias,
durante a comemoração dos 117 anos do Flamengo, na quinta-feira, na
Gávea. A Chapa Azul foi convidada posteriormente.
Indagado sobre a evolução das tratativas, Eduardo Bandeira de Mello foi
sucinto, sem mostrar muito otimismo. Ele deu a entender que espera que
as conversas encaminhem o apoio das demais chapas de oposição ao grupo
que sair vencedor no pleito.
Mauricio Rodrigues também esteve no almoço (Foto)
- Possibilidade sempre há, e a Chapa Azul está sempre aberta a
conversar. Foi um início de entendimento, é bom conversar até para todos
se conhecerem e garantir uma melhor governabilidade do Flamengo. É mais
um entendimento para quem ganhar ter o apoio dos outros - disse
Bandeira de Mello.
O candidato da Chapa Azul mostrou cautela ao ser perguntado se havia a chance de união das cinco chapas antes das eleições.
- Quem sabe mais para frente pode acontecer alguma coisa? A gente está
sempre disposto a conversar. Ainda não está marcada outra reunião, mas,
se me chamarem, estarei presente.
Mauricio Rodrigues também se revelou reticente quanto à união das
chapas. Ele acredita que duas ou três delas podem se juntar, mas não crê
em candidatura única de oposição.
- É difícil que todas se unam. Foi uma primeira conversa, as pessoas
mostraram uma postura bastante rígida, todos querem ser presidentes,
natural que seja assim em um primeiro encontro. A gente vai esperar mais
um pouco, devemos conversar mais no fim da próxima semana. A minha
proposta foi que seja feita uma pesquisa séria e que, a partir daí, a
gente possa passar a definir uma possível união, aproveitando o melhor
de cada chapa - afirmou.
Consultado, Ronaldo Gomlevsky também confirmou que houve tensão na
reunião, mas procurou manter o otimismo, apesar de acreditar que a união
de todas as chapas de oposição é inviável.
- Todas as chapas, acho muito difícil. É claro que houve momentos em
que a coisa esquentou um pouco, por causa dessa pesquisa que saiu, mas
política é assim. Na foto, sai todo mundo sorrindo. Vamos ver o que vai
acontecer nas próximas conversas, tudo é possível.
Lysias Itapicurú adotou discurso semelhante, condenando a divulgação da
pesquisa e demonstrando confiança na união de algumas candidaturas.
- A pesquisa causou um desconforto muito grande, até porque todos
sabemos que não é verdade. mas há possibilidade de união, sim, as chapas
vão continuar o diálogo, até porque eu estou trabalhando muito para
isso.
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