Vice-presidente geral do Flamengo, Hélio Paulo Ferraz recebeu de
Patricia Amorim a missão de negociar com o fornecedor de material
esportivo - escolha entre Adidas e Olympikus. Mas o clube está numa
encruzilhada. Helinho é defensor ferrenho da empresa alemã, mas o acerto
pode desandar. Internamente, o contrato oferecido pela Adidas sofre
fortes questionamentos, um deles do presidente do Conselho Fiscal,
Leonardo Ribeiro. Cláusulas estão sendo rediscutidas, a Olympikus já
encaminhou um termo para condicionar a sua saída antes do término do
contrato em 2014. E a novela continua...
- Você não conhece o Flamengo?! – disse Helinho, ao ser questionado
sobre a resistência ao contrato da Adidas. O dirigente lembrou ainda que
é ano eleitoral no clube.
O vice-geral procura se mostrar compreensivo até mesmo com a cláusula
no contrato oferecido pela Adidas que prevê redução das cotas, multa ou
rescisão em caso de rebaixamento.
- Nos contratos da televisão com o clube também está prevista uma
redução de receitas caso o clube seja rebaixado – justificou Helinho.
Segundo o vice de Patricia Amorim, cláusulas estão sendo revistas, mas fica clara a preferência pela Adidas:
- Redigimos textos alternativos para as partes que não concordamos,
eles estão refazendo as partes que eles não concordaram. Não tem nada de
esquisito - justificou Helinho.
Presidente do Conselho Fiscal, Leonardo Ribeiro está temeroso diante das cláusulas das 72 páginas de contrato da Adidas.
- O contrato da Adidas é preocupante, não é nenhuma maravilha. Revendo
alguns pontos, pode até mesmo ficar inferior ao da Olympikus. Os valores
nominais parecem bons, mas na troca de obrigações recíprocas, o que o
clube tem para dar e receber, não vale a pena, não é de R$ 35 milhões
(R$ 350 milhões por dez anos). Existe uma gama de posições que farão com
que o Flamengo deixe de arrecadar - criticou Leonardo Ribeiro.
Durante reunião do Conselho Deliberativo na noite desta quarta, Leonardo Ribeiro fez uma incisiva explanação para os conselheiros e defendeu que o clube não deve firmar com a Adidas. Segundo ele, o contrato sequer deveria ir a votação.
Durante reunião do Conselho Deliberativo na noite desta quarta, Leonardo Ribeiro fez uma incisiva explanação para os conselheiros e defendeu que o clube não deve firmar com a Adidas. Segundo ele, o contrato sequer deveria ir a votação.
Vice diz que Adidas paga o museu
A Olympikus desembolsou R$ 10, 4 milhões para a construção do museu do Flamengo. Helinho dá sua versão para as cifras.
- Eles fizeram um adiantamento que seria abatido em receitas futuras,
seria compensado dentro do contrato. Ou seja, teríamos que devolver esse
dinheiro, não é uma multa. A Adidas, então, está dando o museu, pois
vai pagar o que a Olympikus gastou e dar mais R$ 3 milhões - analisou
Helinho.
O vice disse ainda que um termo encaminhado para a Olympikus já com as
determinações e valores para a saída antes do término do contrato só
será validado caso a proposta da Adidas seja vetada no Conselho
Deliberativo:
- É um acordo com cláusula condicional de eficácia, está condicionada à
aprovação da Adidas pelo Conselho. Caso a proposta não seja aceita, não
tem validade. Por isso, é de eficácia.
Valores de contratos
A Adidas ofereceu um contrato de R$ 350 milhões por dez anos. Pela
oferta inicial, a parceria começaria a vigorar em 2015. Os valores
anuais são divididos entre cota de R$ 27 milhões, mais R$ 8 milhões de
material esportivo.
Atualmente, a Olympikus paga R$ 18 milhões, mais R$ 8,3 milhões em
material. Porém, no ano em que terminaria o contrato, em 2014, devido à
correção anual e outros ajustes, a diferença em relação à Adidas seria
em torno de R$ 3 milhões.
Em caso de quebra de contrato, o Rubro-Negro teria que desembolsar R$
35 milhões da multa rescisória. A Olympikus cobra algo em torno de R$ 15
milhões, sendo R$ 10,4 milhões bancados para a construção do museu,
entre outras cotas.
Desde que o clube anunciou a proposta e o interesse em trocar de
fornecedora, as vendas da Olympikus despencaram, e o prejuízo aumenta a
cada mês. A Adidas aceita adiantar R$ 25 milhões seis meses antes de o
vínculo entrar em vigor. Parte dessa antecipação poderia ser usada para
quitar o débito com a Olympikus.
Flávio Godinho, membro do conselho do grupo EBX, principal alicerce do
candidato a presidente do Flamengo Wallim Vasconcellos, foi levado por
Hélio Ferraz para a reunião com os executivos da Adidas na semana
passada em São Paulo. A iniciativa do vice-presidente geral de convidar
um integrante da oposição causou mal-estar no clube.
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