quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Guerra interna sobre fornecedora de material deixa Fla na encruzilhada



nova camisa do Flamengo reprodução (Foto: Reprodução)
Vice-presidente geral do Flamengo, Hélio Paulo Ferraz recebeu de Patricia Amorim a missão de negociar com o fornecedor de material esportivo - escolha entre Adidas e Olympikus. Mas o clube está numa encruzilhada. Helinho é defensor ferrenho da empresa alemã, mas o acerto pode desandar. Internamente, o contrato oferecido pela Adidas sofre fortes questionamentos, um deles do presidente do Conselho Fiscal, Leonardo Ribeiro. Cláusulas estão sendo rediscutidas, a Olympikus já encaminhou um termo para condicionar a sua saída antes do término do contrato em 2014. E a novela continua...

- Você não conhece o Flamengo?! – disse Helinho, ao ser questionado sobre a resistência ao contrato da Adidas. O dirigente lembrou ainda que é ano eleitoral no clube.

O vice-geral procura se mostrar compreensivo até mesmo com a cláusula no contrato oferecido pela Adidas que prevê redução das cotas, multa ou rescisão em caso de rebaixamento.

- Nos contratos da televisão com o clube também está prevista uma redução de receitas caso o clube seja rebaixado – justificou Helinho.

Segundo o vice de Patricia Amorim, cláusulas estão sendo revistas, mas fica clara a preferência pela Adidas:

- Redigimos textos alternativos para as partes que não concordamos, eles estão refazendo as partes que eles não concordaram. Não tem nada de esquisito - justificou Helinho.

Presidente do Conselho Fiscal, Leonardo Ribeiro está temeroso diante das cláusulas das 72 páginas de contrato da Adidas.

- O contrato da Adidas é preocupante, não é nenhuma maravilha. Revendo alguns pontos, pode até mesmo ficar inferior ao da Olympikus. Os valores nominais parecem bons, mas na troca de obrigações recíprocas, o que o clube tem para dar e receber, não vale a pena, não é de R$ 35 milhões (R$ 350 milhões por dez anos). Existe uma gama de posições que farão com que o Flamengo deixe de arrecadar - criticou Leonardo Ribeiro.

Durante reunião do Conselho Deliberativo na noite desta quarta, Leonardo Ribeiro fez uma incisiva explanação para os conselheiros e defendeu que o clube não deve firmar com a Adidas. Segundo ele, o contrato sequer deveria ir a votação.

Vice diz que Adidas paga o museu

A Olympikus desembolsou R$ 10, 4 milhões para a construção do museu do Flamengo. Helinho dá sua versão para as cifras.

- Eles fizeram um adiantamento que seria abatido em receitas futuras, seria compensado dentro do contrato. Ou seja, teríamos que devolver esse dinheiro, não é uma multa. A Adidas, então, está dando o museu, pois vai pagar o que a Olympikus gastou e dar mais R$ 3 milhões - analisou Helinho.

O vice disse ainda que um termo encaminhado para a Olympikus já com as determinações e valores para a saída antes do término do contrato só será validado caso a proposta da Adidas seja vetada no Conselho Deliberativo:

- É um acordo com cláusula condicional de eficácia, está condicionada à aprovação da Adidas pelo Conselho. Caso a proposta não seja aceita, não tem validade. Por isso, é de eficácia.

Valores de contratos

A Adidas ofereceu um contrato de R$ 350 milhões por dez anos. Pela oferta inicial, a parceria começaria a vigorar em 2015. Os valores anuais são divididos entre cota de R$ 27 milhões, mais R$ 8 milhões de material esportivo.

Atualmente, a Olympikus paga R$ 18 milhões, mais R$ 8,3 milhões em material. Porém, no ano em que terminaria o contrato, em 2014, devido à correção anual e outros ajustes, a diferença em relação à Adidas seria em torno de R$ 3 milhões.

Em caso de quebra de contrato, o Rubro-Negro teria que desembolsar R$ 35 milhões da multa rescisória. A Olympikus cobra algo em torno de R$ 15 milhões, sendo R$ 10,4 milhões bancados para a construção do museu, entre outras cotas.

Desde que o clube anunciou a proposta e o interesse em trocar de fornecedora, as vendas da Olympikus despencaram, e o prejuízo aumenta a cada mês. A Adidas aceita adiantar R$ 25 milhões seis meses antes de o vínculo entrar em vigor. Parte dessa antecipação poderia ser usada para quitar o débito com a Olympikus.

Flávio Godinho, membro do conselho do grupo EBX, principal alicerce do candidato a presidente do Flamengo Wallim Vasconcellos, foi levado por Hélio Ferraz para a reunião com os executivos da Adidas na semana passada em São Paulo. A iniciativa do vice-presidente geral de convidar um integrante da oposição causou mal-estar no clube.



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