Sempre quando uma obra atrasa alguém usa a surrada frase que “parece
obra de igreja”. Mas, não. É de museu. O primeiro projeto feito pela
gestão anterior previa a inauguração para 2010, mas o espaço de três mil
metros quadrados virou moradia de morcegos. Com ajuda da Olympikus, a
diretoria atual tirou o Museu do Flamengo do papel. A ideia era que
estivesse em funcionamento no ano passado, mas o estado deteriorado de
toda estrutura e a necessidade de mais alguns milhões da fornecedora de
material esportivo resultaram numa projeção para dezembro de 2012. O
resultado do investimento de grande porte contará a história do clube,
terá exposição de mais de seis mil troféus, efeitos de última geração, a
sensação de estar num estádio de futebol. E duas curiosidades: as
marcas de Ronaldinho Gaúcho e Bruno.
- Nenhum clube do Brasil tem um museu. Eles têm sala de troféu ou memorial. No Flamengo, é um museu de verdade, com três mil metros quadrados. Esse é o diferencial. Vamos ter mais de seis mil troféus expostos. Nenhum clube do mundo tem isso, no máximo 200 são expostos. Existe todo um processo de museu, inventário, a parte de conservação. Vai funcionar segundo as regras do Instituto Brasileiro de Museu. Mesmo plano de cargos de salários, museólogo responsável, controlado pelos sindicatos - afirmou Mauro Chaves, consultor do Museu do Flamengo.
Toda história do clube será contada num percurso que faz o visitante
ter a impressão de que entra num estádio. Reprodução de vestiários,
imagens de alta definição de jogadores em movimento e o som a torcida
que aumenta até a chegada ao Espetáculo da Torcida, sala com cinema 3-D,
arquibancadas onde serão expostas camisas de torcidas organizadas de
todas as épocas e clima de Maracanã.
O visitante poderá conhecer toda história do Rubro-Negro no local
chamado de "Flamengo de Terra e Mar": fundação, as origens como clube de
remo e a trajetória do futebol, todos os esportes olímpicos. Uma linha
do tempo fará um paralelo do desenvolvimento do Flamengo com os
principais fatos do Rio de Janeiro e Brasil, de 1895 - ano de fundação
do clube - até os dias atuais, tendo a evolução da mídia como
fio-condutor.
Mauro Chaves visitou diversos museus da Europa e Estados Unidos durante
o processo de construção do Museu do Flamengo. A obra civil está na
parte final, para depois começar a decoração. Não existe uma data exata
para a inauguração, mas a ideia é que seja até dezembro. Além da
história do clube, o visitante terá um espaço no terraço onde funcionará
um restaurante com vista para o Cristo Redentor e Lagoa Rodrigo de
Freitas.
Mauro Chaves explica o motivo do longo atraso para a conclusão das obras:
- Mesmo obras em grandes museus, com diversos apoios, estão atrasadas. É
normal atrasar. No caso do Flamengo, o principal fator foi que esse
espaço onde está sendo construído ficou mais de 20 anos como esqueleto
sujeito a todo tipo de intempérie. É perto do mar, oxidação, tivemos que
fazer obras de reforço estrutural, isso não estava previsto nem nas
verbas, nem no tempo – explicou o consultor do museu rubro-negro.
Em outra instalação ficarão expostos textos de literatos e jornalistas
sobre a mística rubro-negra escritos por Mário Filho, Nelson Rodrigues –
que teve seu centenário comemorado nesta quinta – Ruy Castro, entre
outros.
Os troféus estarão na parte chamada de "Olimpo é aqui", uma espécie de aquário com milhares de taças do clube.
A conquista da Libertadores e do título mundial em 1981 aparecerão com destaque.
Getúlio Vargas, Ronaldinho, Bruno e a caravela
O museu também terá citação a Getúlio Vargas, ex-presidente do Brasil que foi o primeiro benemérito do Flamengo.
Em 2010, o clube reuniu diversas peças de atletas, objetos e afins em
uma arca, que será aberta em 2020 e vai revelar como era o panorama do
clube quando o baú foi fechado. Entre elas, a camisa 10 de Ronaldinho
Gaúcho e uma foto de Zico com um tijolinho da campanha para a construção
do CT Ninho do Urubu. Ambos, porém, estão em crise com a gestão de
Patricia Amorim. O meia-atacante deixou o clube via ação judicial há
três meses, e o Galinho rompeu com a mandatária após sua saída do cargo
de diretor-executivo de futebol, há quase dois anos.
A calçada da fama será estendida e nela constará o time campeão
brasileiro de 2009, com o goleiro Bruno, atualmente preso suspeito do
assassinato de Eliza Samudio.
Em outra vitrine, ficarão expostas peças históricas e também bibelôs
nas cores do Flamengo, além de presentes curiosos que o clube recebeu,
como uma caravela feita por um detento. Esse item, porém, ainda sofre
rejeição para ser exposto, já que a caravela é símbolo da coisa maldita ''vasco''.
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