Algumas das brechas que existiram na parceria fracassada
entre Flamengo e Traffic por Ronaldinho podem, agora, se tornar um
trunfo do clube na batalha judicial contra o jogador.
Uma
dessas falhas está diretamente ligada ao contrato de imagem, pivô que
concentra as discussões sobre a dívida do Flamengo com o atacante,
dissolvida como parte do valor da ação de R$ 40.177.140 movida pelo
jogador.
O
clube entende que existe apenas um documento com termos aditivos, com
consentimento das três partes, estabelecido este ano, quando o Flamengo
assumiu a responsabilidade pelo pagamento dos direitos de imagem do
jogador, avaliados em R$ 750 mil mensais. Na visão da defesa
rubro-negra, portanto, não foi criado um novo contrato de imagem quando a
Traffic delegou o pagamento desse montante ao Rubro-Negro e encerrou a
parceria.
Entre as novas mudanças acrescentadas na época, foi
incluída a responsabilidade do Flamengo de emitir nota em nome da
empresa jurídica da família Assis – cujo nome fantasioso era Planet
Brasil e tem Roberto Assis como majoritário.
Assim, os
advogados do Flamengo na causa entendem que esse documento poderia
provar que os cinco meses de atrasos referentes à imagem, na verdade,
não devem ser avaliados como um complemento salarial vinculado ao
contrato trabalhista regido pela CLT (Consolidação das Leis do
Trabalho).
O contrato de imagem tem natureza civil e confere
direito ao clube de usar comercialmente a imagem do jogador. Do atual
grupo do Flamengo, cerca de 10% dos atletas possuem um contrato nesses
moldes.
O outro lado
A
defesa do jogador anexou todos os contratos assinados entre R10 e o Fla
no processo. E os advogados do atacante alegam que foi elaborado um
novo vínculo de imagem quando o clube assumiu a responsabilidade pelo
pagamento da imagem de Ronaldinho, em janeiro.
– O contrato
com a Traffic não faz parte do processo. Baseamos quando o Flamengo
passou a ser o responsável pelo pagamento – disse Algo Giovani Kurle, um
dos advogados do atacante no processo.
Faturas de pagamento não foram enviadas
Um
dos fatores que motivou a suspensão do pagamento de Ronaldinho pela
Traffic, a partir de agosto do ano passado, foi decorrente de Assis não
cumprir com uma obrigação prevista pelo contrato civil.
Em
contrapartida às notas no valor de R$ 750 mil emitidas à empresa
jurídica da família Assis, o irmão e agente do jogador deveria enviar ao
grupo uma fatura, fato que não aconteceu.
Quando houve troca
no comando executivo da Traffic – Júlio Mariz foi demitido e deu lugar a
Fernando Gonçalves em meados de setembro – o novo diretor constatou que
não havia fatura alguma relativa aos pagamentos efetuados pela Traffic
entre janeiro e julho.
Esse foi um dos motivos que também
emperraram o projeto de vinculação da imagem de Ronaldinho a produtos
estabelecidos por ambas as partes.
A Traffic não arcou com os
R$ 750 mil durante os cinco últimos meses de 2011. O Flamengo, então,
absorveu a dívida da empresa com Ronaldinho e quitou o débito de R$ 3,75
milhões no início do ano. O clube, agora, quer reaver esse valor.
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