O balanço do Flamengo referente a 2011
mostra que o clube continua devendo… Ao seu torcedor. Sim, também tem as
dívidas, ainda maiores agora, mas a dívida maior do clube é com a
grande massa que o tem no coração.
Na tabela acima, mostrando os maiores
faturamentos (até o momento, mas não creio que vá haver alguma mudança)
por ordem de receita total dos clubes, a posição que o Clube de Regatas
do Flamengo ocupa não é condizente com a posição que ocupa no cenário do
futebol e do marketing. E isso é devido, nítida e claramente, aos
problemas de gestão e de política interna do clube.
A receita com direitos de transmissão, o
Broadcasting, foi impactada pelas luvas e, provavelmente, pelo
adiantamento recebido das emissoras. Tal como apontei no texto sobre o
balanço do Corinthians, os números reais estarão abaixo desses a partir
desse ano. O faturamento do marketing foi razoável, mas abaixo do que se
esperava com a chegada de Ronaldinho. Na verdade, o Flamengo enfrentou
problemas nessa área, ainda não solucionados, a ponto do clube estar sem
patrocínio máster. O reflexo do ano ruim pode ser visto na receita de
bilheteria, bem abaixo de 2010 e, principalmente, 2008 (21,1 milhões de
reais) e 2009 (20,0 milhões).
Essa outra tabela mostra a evolução das
receitas totais desses seis clubes (os seis com balanços disponíveis
até a manhã dessa segunda-feira, dia 30 de abril) nos últimos 5 anos. Um
período razoável, suficiente para uma boa ideia do comportamento desse
mercado e desses players. Reparem que os dois clubes com menor
crescimento percentual no período são os dois que mantiveram-se
estáveis, tanto nos gramados como nos balanços. No período, a receita
rubronegra evoluiu bem, a ponto de nos três primeiros anos desse ciclo
ter permitido uma redução pequena, mas significativa, no estoque da
dívida.
Na tabela acima podemos ver a receita
com transferências de atletas de cada um dos clubes entre 2007 e 2011,
ano a ano. Na sequência vemos a receita total obtida com essas
transferências e a receita total do clube. Na última coluna temos a
proporção entre a receita com transferência comparada à receita total do
clube. Nesse caso, nesse trabalho, a baixa participação desse quesito
sobre a receita total é um ponto positivo, no sentido de mostrar que a
evolução do faturamento deu-se numa base mais sólida e menos sujeita aos
humores da formação de atletas. Todavia, mesmo analisando por essa
perspectiva, a receita total do clube continua baixa, em total
descompasso com a posição e o papel (teóricos) do clube no mercado.
Fica claro, igualmente, pela visão
desses números, que o clube precisa investir fortemente na formação de
jogadores e também na contrate precisa investir fortemente na formação
de jogadores e também na contrate precisa investir fortemente na
formação de jogadores e também na contratação de atletas com potencial
para evoluir e deixar receita no clube.
Dirão muitos que isso é um atraso, que
um clube tem que contratar bem para ganhar campeonatos. É uma visão, mas
de difícil implementação, além de sujeita a chuvas & trovoadas,
como demonstra, não por coincidência, a própria relação
Flamengo/Ronaldinho.
Passivo explosivo
O passivo do clube explodiu,
simplesmente. O passivo circulante aumentou 52%, o não circulante
aumentou 109% e no total o passivo deu um pulo extraordinário e
assustador de 172%.
Numa visão preliminar, as dívidas junto
a instituições financeiras, tributárias e fornecedores, aumentaram de
293,2 milhões em 2010 para 335,3 em 2011, um avanço de 14,4%, o que
seria uma evolução pequena e pouco preocupante quando comparada à
receita. Entretanto, a visão geral do passivo muda a entonação. Esses
números foram impactados por reavaliação patrimonial e alguns outros
ajustes, e exigem uma análise mais cuidadosa e aprofundada. Conversei
com duas pessoas com ampla vivência na Gávea e o que ouvi foi pouco
animador e nada esclarecedor, pois também elas estão entre perplexas e
preocupadas com a realidade mostrada – ou não mostrada – pelo balanço.
Por isso, peço que considerem esses valores de dívida como provisórios,
pois prefiro aguardar outras análises, feitas por profissionais da área
contábil, mais aprofundadas e melhor embasadas.
Por sinal, nessa temporada os
especialistas terão que trabalhar um bocado para entender e explicar
muitos números, mas não só do Flamengo, que, definitivamente, não está
sozinho nessa situação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário