Pouco mais de uma semana após o presidente da Fifa, Joseph Blatter,
afirmar que uma medida judicial impedia a divulgação dos documentos do
caso ISL --que pode comprometer o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e
o presidente de honra da própria Fifa, João Havelange, segundo a rede
britânica BBC--, uma novidade promete agitar o assunto, considerado o
maior escândalo de corrupção da federação internacional.
O jornal suíço "Handelszeitung" publicou nesta terça-feira que um
tribunal do país rejeitou a ação que bloqueava os documentos. E que, com
isso, eles serão abertos em até 30 dias, caso nenhum dos dois cartolas
envolvidos recorra da ação.
Os papéis tratam da falência da ISL, ex-parceira de marketing da Fifa, e
mostraria que os dirigentes receberam US$ 100 milhões (R$ 186 mi) em
subornos.
A Folha procurou a assessoria de imprensa da federação, que confirmou as informações.
"A Fifa soube da decisão da Suprema Corte do cantão de Zug e não vai
recorrer, até porque esse é o posicionamento da entidade e do presidente
Blatter", respondeu.
Também procurada, a CBF se limitou a dizer que a nova decisão é "indiferente".
Nelson Almeida-30.jul.11/France Presse | ||
Havelange e Teixeira, em cada ponta, conferem o sorteio das eliminatórias da Copa-2014 com Blatter, Dilma e Pelé |
Segundo a BBC, Teixeira e Havelange estão envolvidos no caso, que
permanece sob sigilo judicial na Suíça. Por causa de seu teor, poderiam
até ser expulsos.
O processo judicial de falência da ISL constatou o pagamento de subornos
a dirigentes nos anos 1990. Tais informações são mantidas em sigilo por
conta de um acordo judicial. Dois cartolas da Fifa admitiram ter
recebido suborno, pagaram multas e foram mantidos anônimos.
Após lutar por esse sigilo, Blatter mudou de ideia e prometeu divulgar o
processo em meados de dezembro para limpar sua imagem e a da Fifa. Mas
recuou sob o argumento de que uma liminar foi obtida para impedir a
publicação do dossiê. Extraoficialmente, a Fifa atribui essa medida a
Havelange e Teixeira.
Enquanto isso, o dirigente da CBF entende que o presidente da Fifa tem
medo das consequências do documento, pois o suíço era o secretário-geral
da entidade na ocasião. Havelange era o presidente.
Teixeira trabalha com a informação de que mais dirigentes estão
envolvidos no caso e que, assim, as consequências não pesariam apenas
sobre ele e Havelange. Seu discurso soa como uma ameaça velada a
Blatter.
Além disso, caso a Fifa de fato divulgue o dossiê ISL, haverá uma nova
batalha legal sobre o destino dos envolvidos no caso. Blatter já disse
ser a favor da expulsão de membros do Comitê-Executivo implicados no
escândalo.
Será necessário criar uma comissão independente para julgá-los, pois o
Comitê de Ética da Fifa, fundado em 2006, cinco anos após o fim da ISL,
não teria competência para decidir punições.
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