Comparação com rivais expõe fragilidade da estrutura do Flu

 

Em dez meses nas Laranjeiras, o técnico Muricy Ramalho pôde viver na pele a famosa falta de estrutura dos clubes do futebol carioca. No Fluminense, porém, o problema foi maior. Em meio à falta de ações práticas da diretoria – foi feita apenas uma reforma no gramado das Laranjeiras em junho do ano passado – ele teve de assistir aos outros três grandes do estado apresentarem melhorias maiores nas condições de trabalho dos jogadores.

Único do Rio a ter realizado o sonho de ter um centro de treinamento para o elenco profissional, o Flamengo lentamente vem fazendo melhorias no Ninho do Urubu. A valorização do espaço é uma exigência de Vanderlei Luxemburgo. Nos últimos dez meses, foram iniciadas a pavimentação das ruas do centro de treinamento, a instalação de sala de reunião para a comissão técnica, a transferência da aparelhagem da academia da Gávea e a instalação de postes de iluminação.

Já o Botafogo, com General Severiano e Engenhão disponíveis, nos últimos dez meses instalou uma academia novinha em folha no estádio para ser usada quando os treinos forem realizados no campo anexo. O espaço, inclusive, passou por reforma no gramado recentemente.

Até o vasco que, assim como o Fluminense, possui apenas a própria sede como espaço para treinos, vem conseguindo alguns avanços. O principal deles foi a reforma completa do vestiário dos jogadores. Para controlar o desgaste do gramado de São Januário, que recebe também os jogos do time, ao contrário das Laranjeiras, a comissão técnica costuma passar para o campo do Ciaga, em Ramos, treinos de jogadores não relacionados.

RIVAIS DE FORA DO RIO SERVEM DE EXEMPLO

O peso nas palavras de Muricy Ramalho ao comentar a estrutura do Fluminense pode ter sido influenciado pela experiência anterior de São Paulo e Palmeiras. Isso porque a defasagem do Fluminense fica ainda mais explícita diante da estrutura apresentada pelos rivais tradicionais de outros centros como São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Tarefa complicada para o Fluminense, encontrar um terreno adequado para a construção de um centro de treinamento se tornou possível para os rivais geralmente da mesma forma: influência e poder de barganha dos clubes com as autoridades pela cessão das áreas visadas em troca de benfeitorias no local e na região do entorno.

Atualmente, o CT do Atlético-MG é considerado o melhor do Brasil. Para se ter uma ideia, com uma área de 250 mil metro quadrados, o equivalente a 35 campos de futebol, a Cidade do Galo possui quatro campos de medidas oficiais, hotel para concentração com 20 suítes, sala de jogos, restaurante, auditório, sala de fisiologia, departamento médico e odontológico, vestiários, academia, piscina aquecida, tanque de gelo, caixa de areia e lavanderia.

Outros centros de treinamento de destaque no Brasil são os do Atlético Paranaense, do Cruzeiro e do São Paulo. Internacional e Grêmio também possuem boa estrutura.