A partida era na “casa” do Flamengo. A porta do Copacabana Palace era a entrada para um jogo invisível. Bandeiras, músicas, batucada... As centenas de torcedores esperavam por um anúncio (improvável) de que Ronaldinho Gaúcho trocaria o Rubro-Negro de Milão pelo do Rio de Janeiro.
As palavras de Assis apenas embaralharam o negócio. Depois de conversar (e animar) por mais de 15 dias com Grêmio, Palmeiras e Flamengo, o irmão e empresário do astro avisou que a partir de agora é que as negociações vão começar. Previsão de fim? Apenas terça ou quarta-feira da próxima semana.
- Sempre fui muito sincero e nunca dei nenhum tipo de definição. Manifestei que existia um clube prestigioso como o Milan e que não seria fácil. Hoje vamos começar a negociar com os clubes brasileiros – declarou o empresário.
A coletiva começou com respostas mornas e evasivas. Depois, o que se viu foram jornalistas cariocas levantando a bola do Flamengo, enquanto gaúchos traziam o Grêmio à pauta. Assis e Ronaldinho se esquivaram sem deixar pistas. Só que o vice-presidente do Milan, Adriano Galliani, resolveu esquentar as coisas. Ele se disse torcedor do Flamengo e destacou que o clube seria sua preferência se pudesse escolher. Ronaldinho sorriu, Assis ficou desconcertado e ouviram-se aplausos (não de jornalistas) no Salão Cristal.
- Ainda estou administrando as palavras do Galliani – disse Assis, na pergunta seguinte.
O Flamengo esteve representado na plateia da coletiva por dois funcionários curiosos e o presidente do Conselho Fiscal, Leonardo Ribeiro. A mobilização de centenas de rubro-negros em frente ao Copacabana não foi em vão. Após a entrevista pouco esclarecedora, Ronaldinho acenou para a multidão que gritava “vem para o Mengão”.
- Quero agradecer o carinho. É de arrepiar chegar em um hotel e ver tanta gente entusiasmada – disse, sempre sorridente.
Parte da diretoria assistiu à coletiva em um hotel no Leblon. Sabia que não haveria anúncio oficial de qual seria o novo clube de Ronaldinho e tenta uma nova reunião ainda nesta quinta-feira para evoluir nas tratativas. A resposta padrão a qualquer pergunta é "calma que ainda estamos na briga".
A dupla permanece no Rio de Janeiro nesta quinta-feira e segue para Porto Alegre nesta sexta. O prazo para a novela terminar foi esticado até “terça ou quarta-feira”, como disse Assis.
Frustração depois de mais de uma hora de espera
”Vai começar a festa...”. O canto da torcida do Flamengo se fazia ouvir a metros de distância do Copacabana Palace, hotel em que Ronaldinho Gaúcho esteve para anunciar a rescisão com o Milan, nesta quinta-feira. Empolgados com a possibilidade de o craque anunciar seu acerto com o time da Gávea, centenas de fãs foram chegando ao local desde o início da tarde.
A entrevista coletiva, marcada para começar às 15h, atrasou mais de uma hora, mas nem isso diminuía a empolgação dos rubro-negros. Aliás, a espera só serviu para a criatividade vir à tona. Enquanto aguardavam o “sim” de Ronaldo, os torcedores inventavam cantos. “Ôôôôô, assina Gaúcho” e “Ronaldinho, dá mole não, fica no Rio para jogar no meu mengão” eram os mais repetidos.
”Infiltrados” entre os rubro-negros, alguns torcedores do Grêmio também estavam presentes. Mas esses tinham esperança de Ronaldinho deixar para anunciar seu acerto em Porto Alegre. Hostilizados, a maioria decidiu ir embora.
Os gremistas contavam com o apoio irônico de um torcedor do Fluminense. Com a camisa tricolor, o empresário Vander Barros, que mora em Goiânia, mas passa férias no Rio, decidiu dar uma “forcinha” para os rubro-negros.
- Torço para que o Ronaldinho acerte com o Flamengo. Eles andam muito lá em baixo. Precisam de uma ajuda para tentar ficar menos longe do Fluminense – brincou.
À medida em que o tempo ia passando, a esperança flamenguista ia se transformando em frustração. Do lado de fora do hotel, as informações eram passadas para os torcedores através da musa do Fla, Nathália de Oliveira, que ouvia a coletiva no rádio. As respostas evasivas de Ronaldinho e Assis fizeram o torcedor perder a esperança de voltar para a casa com a certeza da contratação do craque. Muitos nem esperaram os momentos finais para ir embora. Não fizeram bem.
Com um sorriso simpático, Ronaldinho foi até à varanda do hotel para acenar para os torcedores que ainda estavam presentes ao fim ds coletiva. Em delírio, os rubro-negros voltaram a cantar as músicas que fizeram para o craque. “Assina, Ronaldo”, pediam. Em vão. O futuro do meia será decidido em breve. Resta saber em que cidade e que torcida vai poder comemorar.
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