O acordo chega no momento em que o relacionamento de Andrade com os dirigentes estava perto de um rompimento sem volta. Tanto que o nome de Rogério Lourenço, técnico da última seleção brasileira sub-20 e que trabalha nas divisões de base do Flamengo, chegou a ser levado por Marcos Braz a Patrícia Amorim na noite de terça-feira. Rogério fará parte da nova comissão técnica, como segundo auxiliar (o primeiro é Marcelo Sales, filho do ex-lateral Marco Antônio, reserva de Everaldo na Copa de 70). A ideia é fazer a integração dos juniores com os profissionais através do ex-zagueiro.
Andrade queria inicialmente algo em torno de R$ 250 mil mensais. Como campeão brasileiro, achava que era o momento de receber como tal, mesmo sendo recém-promovido. A diretoria entendia que era mais do que suficiente um salto de R$ 50 mil, seu antigo salário, para R$ 110 mil. Os valores finais não foram divulgados, mas cogita-se que o treinador receberá algo próximo de R$ 150 mil.
Segundo Marcos Braz, a reunião desta quarta-feira serviu apenas para que fossem decididas as premiações para o treinador em caso de novas conquistas.
- Tudo acabou bem. Agora, estamos pensando só em 2010. Vamos ver o que o clube pode fazer em termos de contratações. Disputaremos competições importantes - disse Andrade, que passará as festas de fim de ano no Rio, à disposição da diretoria para discutir eventuais nomes.
Andrade concedeu entrevista separado do vice de futebol Marcos Braz, mas garantiu que o relacionamento não ficou estremecido.
- É normal se discutir. Às vezes ele tem uma ideia e eu tenho outra diferente. Ele puxa pelo lado do clube e eu vejo o meu lado também. Mas no final deu tudo certo. Quem me deu a oportunidade foi ele, jamais vou ser ingrato. No final, acabou acontecendo do jeito que eu esperava e dentro da realidade do Flamengo. Esse contratempo desgastou um pouco, mas no fim foi tudo resolvido. Tive sondagens, mas nada de concreto. Sempre fui claro quanto a isso, nunca recebi nada oficial. Concreto mesmo, só a proposta do Flamengo. A parte financeira não pesou tanto, até porque minha preocupação nunca foi dinheiro. Trabalhei em 2004 com o time na zona de rebaixamento e não pensei nisso. Não ia ser agora - comentou o treinador.
Marcos Braz, no entanto, deixou escapar uma alfinetada no treinador. Esta semana, depois de uma conversa frustrada com Braz, Andrade afirmou que se entenderia melhor com Patrícia Amorim, em uma conversa de ex-atleta para ex-atleta.
- Após longa discussão, todas as arestas foram aparadas. Tive uma última conversa com o Andrade, que não foi de ex-atleta para ex-atleta. O que permaneceu foi a fase financeira que o clube atravessa. Ele entendeu isso - disse o dirigente, para em seguida negar qualquer problema com o comandante. - Sou profissional, temos um bom relacionamento e vamos continuar tendo. Se não fosse assim, ele não teria nem ficado. Existem fases na vida, como um namoro, um casamento. Mas tenho respeito por ele como ídolo e como profissional correto e honesto que sempre foi.
Andrade não terá multa rescisória em seu novo contrato. Ele continua como funcionário do clube, com carteira assinada.
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