"Não posso falar em G-4 agora". Foi assim que Wallace resumiu a situação do Flamengo no Campeonato Brasileiro e adotou discurso oposto ao da maioria dos companheiros, que têm elogiado o time após as derrotas na competição. O zagueiro se mostrou revoltado com a fase da equipe. O Rubro-Negro perdeu os últimos três jogos no nacional.
- Não
está tudo bem. O meu tom de conversa com a pergunta foi sobre o jogo,
do ambiente. Se a gente for falar da larga escala dos jogos, estou
extremamente indignado. Desculpem o termo, mas estou p... pra c... com
os resultados. É inadmissível o Flamengo, do tamanho que é, estar em 10º
colocado. Meu planejamento era ser campeão brasileiro. Acho que o que
eu ressaltei foi a questão de ter jogado contra o Corinthians, uma
equipe que vem há sete, oito anos jogando juntos. Nos comportamos muito
bem, e a expectativa de todos era que tomássemos uma goleada. Ressaltei
ter jogado no mesmo nível contra uma equipe muito mais ajustada que a
nossa e os números comprovam isso. Não está tudo bem - desabafou o
defensor.
Nas últimas sete rodadas, foram seis derrotas. Com
isso, o Flamengo, que estava no G-4, caiu para a décima posição, com 44
pontos. Está a seis pontos do Santos, quarto colocado. No domingo, a
equipe enfrenta o Grêmio, terceiro, em Porto Alegre. Para o capitão, o
momento é de falar pouco, evitar o tema Libertadores e fundamentalmente
vencer.
- O primeiro ponto é: estamos a seis pontos do G-4, é
difícil, temos que ser realistas, mas dá para pensar em G-5, porque têm
duas equipes lutando pela Copa do Brasil, mas precisamos voltar a
vencer. Segundo ponto é encostar no pelotão, mas o mais importante é
pensar jogo a jogo e ver o que o campeonato vai apresentar pra gente.
Não tem muito o que se falar, é preciso pensar em todas a formas de se
vencer o Grêmio. Estou sendo realista. Não dá para fazer prognóstico. É
ganhar do Grêmio e
ver o que a tabela oferece. O que tenho de falar é que temos de pensar
jogo a jogo. Não posso falar em G-4 agora. É lamentável a gente estar
nessa situação - prosseguiu Wallace.
O defensor pede para que,
mesmo com o Flamengo matematicamente inserido na briga por vagas na
Libertadores, a diretoria já comece a planejar a próxima temporada. E
vai além: espera a contratação de jogadores que entendam o espírito
rubro-negro.
- Espero que o Flamengo possa seguir se
reestruturando, que a gente possa
ter uma equipe muito mais forte em 2016. Flamengo é diferente de todas
as equipes. Sei disso, porque já joguei no Corinthians. Há uma diferença
de contratar craque para o Flamengo e para o
Corinthians. Aqui não basta o cara ser craque. Tem que ter
personalidade forte. Espero que o Flamengo monte elenco com atletas que,
além de bons jogadores, sejam muito mais sabedores do que é o Flamengo.
E olha que tô dizendo que esse elenco não tenha não. Precisamos de
elenco forte.
Confira outros pontos abordados por Wallace:
Entrega total de Wallace ao Flamengo
Vou
ser sincero, velho: parece narcisismo da minha parte, mas talvez não
tenha ninguém que tenha se doado ao Flamengo mais do que eu. Talvez
tenha feito muito mal pra minha saúde, porque sou visceral demais. Vivo
Flamengo quase que 100% do meu dia. Atrapalha até meu casamento o fato
de eu me entregar muito. Se está dando 100%, pode dar 110%. Como
capitão, o que tenho de falar, tenho feito. Tem quem goste e tem quem
não goste. Talvez devido ao meu comportamento tenha incomodado algumas
pessoas.
Análise jogo a jogo das derrotas
Assisti
todos os jogos. A partir do momento que ganhou seis vitórias, criou-se
uma euforia, o que é natural. Acho que perdemos contra o Coritiba,
porque estávamos muito eufóricos. Com 12 minutos, eles tinham criado
várias oportunidades. Depois, contra o Atlético-MG, saímos no 1 a 1,
depois teve o 2 a 1. O resultado (de 4 a 1) foi inadmissível, mas a
equipe fez bom primeiro tempo. Do Joinville ganhamos o jogo e fizemos
uma partida equilibrada. Contra o Figueirense fizemos bom primeiro tempo
e no segundo tempo fizemos um jogo muito ruim. Contra o Inter jogou
melhor, mas levou um gol. Contra o Corinthians, perdemos. Falta um pouco
de equilíbrio.
Pedido de mais tranquilidade
Se
a gente tivesse um pouco mais de sapiência, teria perdido menos e
empatado mais. Fomos extremamente ofensivos, e se você não for ofensivo,
o torcedor do Flamengo cai de pau.
Problemas no ambiente
Não
tem problema no ambiente. Têm coisas que eu não posso falar. Estou
sendo bem sincero, não tem problema no vestiário. Outras vezes já falei
que o fato de sermos muito amigos já trouxe problemas para nós. Talvez
pelo fato de os resultados não estarem acontecendo, as pessoas criam
factoides. O comportamento que estamos tendo não é de Flamengo e todos
têm que saber disso. Se não souber disso, não têm capacidade para estar
aqui.
Derrotas em excesso
Conseguimos
contratações de referências, como a questão de Emerson e Guerrero. A
oscilação é normal, mas a gente não esperava perder tanto. Perder seis
jogos é inadmissível. Quase que inexplicável. Questão de o time ter se
formado... Remanescente do início do ano de quem estava jogando acho que
só tem três. Tem a questão da tensão, do cuidado, um pouco mais de
refazer algumas bolas.
Por que o Flamengo tem dificuldade virar jogos?
Parte
psicológica vai de cada um. Eu infelizmente não tenho como falar de 25
cabeças. São 25 pensamentos distintos. Questão de virar jogo ou não.
Sofremos muito mais viradas, contra Figueirense, Vasco... O que faltou
foi ter mentalidade mais forte e usar a questão da camisa do Flamengo ao
nosso favor. Deixamos muito de lado isso. No quarto jogo da sequência
todo mundo vinha morrendo de medo. O Coritiba foi jogar de forma muita
cuidadosa, porque o Flamengo, quando, vem ganhando três, quatro jogos, a
camisa leva o time. Deixamos a desejar um tanto nessa parte de saber
assimilar as coisas. Não é fácil.
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