A Primeira Liga vem
sendo pauta de discussões que parecem intermináveis entre Alexandre Kalil e
a CBF. Na última terça-feira, a nova competição foi aprovada em decisão unânime, mas com ressalvas,
após assembleia entre a principal entidade do futebol brasileiro e as federações
estaduais. Apesar da conclusão do encontro ter sido favorável à liga, a “briga”,
aparentemente, não acabou. Após a reunião, Walter Feldman, secretário-geral da
CBF, fez críticas à postura de Alexandre Kalil, dizendo que o dirigente estava
sendo agressivo em suas atitudes e afirmando que a CBF não trataria mais do
assunto com o executivo-chefe da Primeira Liga, e sim diretamente com os
clubes. Kalil rebateu e disse não se importar com as
declarações de Feldman.
- Eu não estou preocupado,
eu acho que eu não tenho que tratar nada com a CBF. Eu já sou veterano no
futebol, esse moço que está lá é muito velho de idade, mas no futebol ele é
muito novo. Eu nem o conhecia, é uma figura muito nova. Eu é que não quero
tratar com ele, porque ele não conhece, não é do ramo, não passa de um
politiqueiro, mas se a Liga determinar que eu trate, eu vou tratar e ponto
final - respondeu o dirigente em entrevista à Rádio Itatiaia.
Além dos aparentes problemas na relação entre Kalil e
CBF, outro impasse para que a Liga seja formalizada no calendário do futebol
brasileiro da próxima temporada são as questões técnicas. As datas apresentadas
pela Liga, segundo a CBF, não atendem a algumas exigências envolvendo folga dos
atletas, espaço de tempo entre jogos, entre outras coisas. Apesar disso, Alexandre Kalil mantém o
discurso de independência e já está agindo para que a competição saia,
independentemente da formalização ou não por parte da CBF.
- Eu tive a obrigação de ir
à Justiça Comum e receber o ok, ir à Justiça Desportiva e receber o ok, recebi
o ok de todos os segmentos. A arbitragem, eu estou viabilizando, vamos
viabilizar súmula, através de federação, delegado, juiz, bandeirinha. Estádio
nós já temos, nome já temos, torcida nós temos. Acabou. Não estamos pedindo
nada, pedimos apenas para que não nos obriguem a passar fome. Nos deixem
trabalhar. A CBF falando em lei comigo? Eles não têm conhecimento. Não sei se é
de propósito ou sem querer, se é por maldade ou ignorância. Nosso torneio pode não ser excelente
em 2016, mas em 2017, 2018 e 2019 vai ser uma das coisas mais rentáveis
do futebol brasileiro.
Acusado de nepotismo, já que teria empregado um filho e
um sobrinho na equipe de gestão da Primeira Liga, Kalil se defendeu e revelou que, por
muito pouco, não renunciou ao cargo.
- Depois do que tentaram fazer com minha família, eu fui
pedir demissão desse negócio. O presidente da Liga, que é o presidente do
Cruzeiro (Gilvan de Pinho Tavares), foi o primeiro a pegar o microfone e dizer que não aceitaria minha
saída e foi acompanhado por vários outros presidentes. Eu fui presidente do
Atlético-MG, com orçamento de mais de R$ 200 milhões, durante seis anos. Eu não
coloquei nenhum amigo lá, que dirá filho. Vou colocar filho meu para trabalhar
em um negócio que não é meu? Que não sou eu quem manda? É só uma voz mansa da
política covarde e canalha, que vem agredir e se aproveita de quem fala alto.
Questionado
sobre o futuro do futebol Brasileiro, Kalil
afirmou que há esperança e que ela passa pela melhor distribuição de
renda entre os clubes. Além disso, afirmou que a Liga é necessária para
que a mudança
aconteça.
- Os clubes são aqueles elefantes que têm um cara com um
banquinho e um chicote, domando. O elefante não sabe que se ele vai pegar a pata
dele, ele esmaga aquele cara que está chicoteando e empurra-o para debaixo da
terra. Agora o elefante despertou. Enquanto nós estivermos às moscas no
futebol, não tivermos quem pegue e resolva, nós não vamos fazer. Nós temos que
pôr o pé na porta mesmo, porque o jeito manso já foi tentado. Enquanto o Santos
recebe 24 milhões de reais no campeonato paulista, Atlético-MG e Cruzeiro
recebem 7. A voz do politiqueiro destrói a liga tranquilamente, chamando os
clubes e falando que a cota do estadual vai ser a mesma pra todo mundo, que
isso foi resolvido com a televisão. Aí acabam as ligas. Pra que fazer liga se
há justiça e igualdade? A liga é uma necessidade, a liga não foi uma
brincadeira. Que brincadeira é essa? Eles dizem que não querem mais falar
comigo, então põe o dinheiro na mesa. Ninguém quer conversa não, nós queremos
pagar salário.
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