Convidado do "Arena SporTV"
desta terça-feira, o presidente Eduardo Bandeira de Mello fez questão
de corrigir quem usou a palavra "acordo" para falar sobre o entendimento
obtido entre Flamengo e a Federação de Futebol do Rio de Janeiro para a
venda de ingressos do jogo desta quarta-feira, diante do Barra Mansa,
no Maracanã. Ainda no domingo, ficou estabelecido que, para este jogo,
os valores promocionais propostos pela federação terão carga limitada e
não haverá venda de meia-entrada universal. Além disso, sócios têm
prioridade na
compra.
- Para nós não tem nada decidido, não existe acordo
nenhum. O Flamengo
vai buscar seus direitos, pois entende que a precificação do ingressos
quando for mandate
é do Flamengo, era assim no ano ano passado, é assim no Brasileirão, e
não tem porque ser diferente, estamos postulando que
esse direito volte a acontecer - disse o dirigente, mostrando que o
clube brigará para mudar o regulamento do campeonato vigente.
Conforme
prevê o artigo 14º do regulamento do Carioca, o mandante fica
com toda a renda do jogo, exceto quando um time grande visita um
pequeno. Nessas partidas, a divisão é feita da seguinte forma: 60% dos
lucros para o vencedor e 40% para o perdedor, com os valores se
invertendo em caso de prejuízo. Em caso de empate, cada equipe fica com
50%. Dos oito primeiros jogos, apenas dois foram superavitários, entre
eles Macaé 1x1 Flamengo. O Rubro-Negro ficou com R$ 38.514,36 da renda e
só não levou os mesmos
R$ 52.394,58 do adversário - uma vez que houve empate - porque pagou R$
6.480,00 pelos custos do exame antidoping e teve R$ 7.940,19 penhorados.
- No caso deste jogo, foi recorde
de público em Macaé, mas ainda assim o Flamengo só conseguiu levar para
casa R$ 38 mil, o que mostra que essa precificação não é adequada. As
projeções, se fossem prevalecer os valores do Conselho Arbitral, mostram
um
prejuízo para jogar o Campeonato Carioca, pagaríamos cerca de R$ 3
milhões para jogá-lo. Considerando a
situação que o Flamengo vem enfrentando, o processo de recuperação que
vem sendo elogiado
por todos, não podemos admitir pagar para jogar. Por isso estamos ainda
lutando pelo direito de
precificar nossos jogos - afirmou.
Questionado pelo
comentarista Maurício Noriega se o caminho seria uma ruptura com a Ferj,
o presidente do clube rubro-negro afirmou que isso já existe. E que
cogita uma dissidência.
- Acredito que essa ruptura já exista. Desde o ano passado
quando a diretoria da federação foi reeleita, na época Flamengo,
Fluminense e Vasco, que estava do
nosso lado, divulgaram um manifesto com as razões do porquê que não
iríamos votar
na diretoria da federação. Elencamos razões, como transparência,
questões econômicas,
taxas elevadas que são cobradas dos clubes, questão de direitos de
televisão e placas publicitárias, e até hoje nenhuma providência foi
tomada. O Flamengo estava preparado para
disputar o Carioca, vinha valorizando o produto ao máximo, se
preparando, se reforçando, quando há uma semana
do início fomos surpreendidos com essa decisão do Conselho Arbitral que
consideramos injusta. Vai
jogar Flamengo x Fluminense e não podemos decidir qual é o preço porque
um conjunto de clubes que não tem relação com o jogo definiram que os
ingressos têm
que ser promocionais, e a meia entrada universal. É a mesma coisa que
dizer que ninguém paga, o que é contra a lei. Flamengo e Fluminense
fizeram uma nota firme de oposição, nada ofensiva nem mal educado,
sem atingir instituições e pessoas, co que gerou a confusão na
sexta-feira. Esse processo de ruptura
existe, estamos disputando o campeonato de 2015 sob protesto, e estamos
estudando alternativas para
sobreviver daqui para a frente - destacou o mandatário.
Apresentador do programa, Marcelo Barreto lembrou que há anos clubes
falam sobre a criação de ligas nos âmbitos estaduais e até nacionais,
mas que ninguém toma o passo à frente. Perguntado se o fato de Vasco e
Botafogo estarem ao lado do Ferj podem atrapalhar as ideias do Fla,
Bandeiro admitiu que esse não é o cenário ideal.
-
Evidentemente que seria ideal ter os quatro grandes clubes, mas não só
eles. Recuperar a pujança e o dinamismo do futebol carioca é do
interesse dos clubes de menor
investimento também. No passado tínhamos seis grandes clubes, com
América e
Bangu, e os outros pequenos tinham uma situação técnica e financeira
muito melhor. Gostaríamos de erguer o futebol carioca.Se para isso for
necessária a criação de uma liga municipal ou regional,
precisamos nos aprofundar nisso agora. Não gostaria de adiantar nada, o
Flamengo não é
chegado a bravatas, vamos planejar, estudar com calma e ver o que fazer,
do jeito que está é difícil continuar - declarou.
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