Ídolos do Flamengo, o ex-zagueiro Rondinelli, conhecido
como o “Deus da raça”, e o ex-meio-campista Adílio, ambos multicampeões nas
décadas de 70 e 80 com a camisa rubro-negra, estão em “tour” pelo interior de
São Paulo com o time master rubro-negro em prol do projeto Amigos do Bem, que arrecada
alimentos para entidades assistenciais.
As glórias obtidas pela dupla com o Fla no passado em
muito contrastam com os momentos difíceis vividos pelo clube em 2014. Apesar do
título carioca no primeiro semestre, o Rubro-Negro fracassou na Taça Libertadores,
Copa do Brasil e chegou a lutar contra o rebaixamento no Brasileirão. Na
opinião dos ídolos, a temporada foi de transição, e a expectativa é que o clube
brigue por títulos em 2015.
- Vejo o Flamengo em uma transição. Essa nova diretoria é
formada por empresários totalmente realizados em suas profissões e que
resolveram administrar o clube de forma bem profissional, sanar as dívidas,
cumprir com seus compromissos e é dessa maneira que eu tenho enxergado. Mas, eu
espero que através desse pagamento das dívidas, eles possam dar à maior torcida
do país esse presente de Natal, contratando jogadores que possam vestir a
camisa do clube e começar a pensar em títulos - disse Rondinelli, campeão da
Copa Libertadores de 1981 com o Flamengo.
Para o ex-meio-campista Adílio, apesar da campanha abaixo do
esperado no Brasileirão, o ex-jogador acredita que é preciso reforçar o Fla com
jogadores de peso, para que a equipe possa ter uma temporada vitoriosa.
- Todo mundo sabe que Flamengo é Flamengo. Revela muitos
jogadores, muitos treinadores e o torcedor sabe que quando o Flamengo tem um
time que corre atrás, ele chega lá. Esse ano o time começou a se entrosar e
chegou na semifinal da Copa do Brasil. Eu entendo que se o Flamengo trouxer um
ou outro jogador de nome, o time vai lá nas nuvens - contou o ex-camisa 8,
campeão mundial de clubes em 1981.
01
Ano difícil
Ainda
segundo o “Deus da raça”, o ano de 2014 foi "tenebroso"
para o clube, mas ele defende a permanência do técnico Vanderlei
Luxemburgo. Na opinião do ex-zagueiro, o comandante foi o principal
responsável por livrar o time
das últimas posições no Campeonato Brasileiro.
- Foi um ano tenebroso, em que o Vanderlei [Luxemburgo]
teve que assumir uma série de situações irregulares em relação ao campeonato e
conseguiu tirar o Flamengo, como ele mesmo diz, da zona da confusão. Esperamos
que os administradores possam fazer a parte deles e montar uma grande equipe em
2015. Esperamos o Flamengo brigando por todos os campeonatos que disputar
pensando em títulos, para presentear essa nação de 33 milhões de torcedores. A
torcida rubro-negra merece isso - avaliou Rondinelli.
02
Futebol carioca
Com
três clubes na primeira divisão nacional em 2015, já
que o Botafogo acabou rebaixado para a Série B, o futebol carioca será o
terceiro Estado em número de clubes participantes, atrás de São
Paulo, com cinco clubes, e Santa Catarina, com quatro. Para Rondinelli, a
fase atual dos times do Rio de Janeiro é preocupante.
- O momento [do futebol carioca] é critico. Tirando o
Flamengo, porque eu aposto nessa classe empresarial que está lá, os outros
clubes a gente vê com muita tristeza. Mas, nós esperamos que quem possa ter a
responsabilidade de dar alegria aos torcedores, consiga resgatar essa história.
É lamentável ver o que está acontecendo e não há palavras para qualificar isso.
Deixarem o Botafogo, por exemplo, chegar aonde chegou é lamentável. Estou
preocupado com a fase que o futebol carioca atravessa hoje - revelou.
03
Categorias de base
Tanto para Rondinelli, quanto para Adílio, a grande
solução para que os grandes clubes consigam voltar a brigar por títulos
importantes é apostar nas categorias de base. Para o ex-camisa 8, a principal
prioridade das equipes deveria ser formar novos ídolos.
- Hoje o futebol está muito preocupado em segurar os seus
craques. O garoto quer sair, ir para o Real Madrid, Barcelona, mas se ele ficar
pode ter sucesso aqui [no Brasil] também. Sei que é difícil ver um jogador
ficar muito tempo em um clube hoje em dia, mas vejo que os clubes estão
tentando segurar mais os seus atletas, porque vai ser bom para o futebol
brasileiro - analisou Adílio.
Rondinelli vai na mesma linha do ex-companheiro de clube,
mas é mais pessimista em relação à formação de novos ídolos. Para o
ex-zagueiro, os novos jogadores não têm mais identificação com os clubes
formadores e esse é um caminho sem volta.
- Acho que dentro dessa coisa de identificação, nós vamos
sentir muita saudade do Rogério Ceni e do Marcos. Jamais algum clube no Brasil
vai repetir isso. Se eles [os dirigentes] continuarem minando a base e
negociando os jogadores com 16 anos, vai ser muito difícil algum garoto
construir uma carreira dentro do clube. Infelizmente, o futebol virou negócio,
um negócio que deveria ser mais transparente inclusive - concluiu.
Rondinelli diz que futebol virou negócio e pede mais transparência dos clubes (Foto: André Durão/Globoesporte.com)
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