A simples menção daquele 1º de junho provoca uma pausa, seguida de um
sorriso. A lembrança de seu primeiro título no NBB, numa temporada
pontuada pela superação do time e volta do Flamengo ao topo do basquete
nacional, é boa, sim. Mas não demora para que o rumo da prosa mude e o
técnico José Neto deixe claro que a página já foi virada. Só consegue
pensar na próxima a ser escrita. E já sabe de antemão que ela exigirá
ainda mais empenho do grupo, treinos ainda mais fortes e um apetite
ainda maior para brilhar nos três compromissos da temporada: o Estadual,
a Liga das Américas e o NBB6.
Do grupo que ergueu o troféu, quatro nomes tomaram novos rumos. Kojo,
Caio Torres, Duda e Bruno Zanotti não fazem mais parte do elenco. A nova
formação contará com o armador argentino Nicolás Laprovittola, com o
pivô americano Jerome Meyinsse e o jovem ala-pivô Cristiano Felício. Com
a experiência dos dois primeiros, que atuavam no basquete argentino, e a
disposição de Felício no jogo interior, a expectativa de Neto é que o
Rubro-Negro ganhe ainda mais intensidade e regularidade.
- Não sou uma pessoa de ficar muito apegada a uma coisa que já passou. O
título foi importante para o Flamengo, para a continuidade do projeto
já que o clube estava em transição. Mas aquilo já foi. A gente conseguiu
fazer uma grande equipe e a ideia é que continue sendo assim. Agora é
pensar daqui para frente. E seremos muito exigidos nesta temporada. Não
podemos achar que vamos entrar nas competições e que vai ser mais fácil.
Nada vai ser mais fácil só por sermos campeões. Se pensarmos dessa
forma, estaremos mortos. Todo mundo vai querer ganhar do campeão. Então,
vamos ter que treinar mais forte porque o campeonato vai ser assim -
disse.
O treinador admite ser difícil pensar nas perdas, nos jogadores que
ajudaram na conquista e tiveram que deixar a Gávea. Mas também gosta de
olhar para frente e ver Marcelinho Machado apto a jogar. Foi complicado,
logo no primeiro jogo do campeonato nacional, vê-lo cair no chão se
queixando de dores no joelho direito. Foi o só o primeiro sinal de uma
notícia que não queria ouvir. Seu cestinha e capitão estava fora de
combate. Teria que ser submetido a uma cirurgia.
Flamengo comemora título após vitória sobre o Uberlândia (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
Se terá um lugar no quinteto titular em seu retorno, Neto não garante.
Diz ainda ser cedo para definir os que sairão jogando. Não gosta de
rotular titulares absolutos ou reservas. Cita o próprio exemplo de
Marcelinho na seleção brasileira. Sob o comando de Rubén Magnano ele
passou a sair do banco e fazer a diferença.
- Para nós será a volta de um líder para a equipe. Ele nunca deixou de
ser, mesmo lesionado. Dentro da quadra o que pode acontecer é
potencializar mais a equipe. Ele viu muito bem estando do lado de fora e
agora a vontade de estar na quadra é muito maior. Marcelo é um reforço
muito importante para o time. Acho que na seleção ou em qualquer time o
jogador tem que estar disponível para a equipe. E ele mostrou bem isso
na seleção. Foi muito importante para que conseguíssemos a vaga nos
Jogos de Londres. Então, não acho importante quem começa jogando. Vamos
ver a necessidade de acordo com o adversário. Nossa equipe vai ser muito
versátil e estou com uma expectativa muito grande. Isso pode me dar
opções diversas de jogo. Hoje não temos um time base.
Neto aposta na união, no bom relacionamento de seus comandados para
chegar longe. Foi assim no NBB. Apesar das constantes lesões, resultado
da disputa de quatro competições, os jogadores não se abateram.
Driblaram problemas e adversários. Estabeleceram um recorde de 20
vitórias seguidas. Compraram a proposta de trabalho feita por seu
comandante e atingiram o objetivo maior.
- Nós fizemos uma boa pré-temporada e deu certo. Ela vai ser
fundamental de novo. Temos que nos preparar fisicamente para a maratona
de jogos que teremos. Acho que nós podemos ser mais intensos a maior
parte possível do jogo, e podemos jogar melhor como equipe. Temos isso a
melhorar. E temos jogadores que já sabem o caminho que dá certo. Nosso
foco tem que ser sempre na solução e não no problema. Os meninos mais
novos que estão jogando o LDB, por exemplo, estão colocando em prática
hábitos que tiveram no time adulto. Nesta próxima temporada, nós
queremos colocar ainda mais em prática no Flamengo uma maneira de
trabalhar, de jogar o basquete, de formar uma equipe. Vamos procurar ter
atividades das equipes de base junto com a adulta, para que os
jogadores mais experientes possam participar na formação dos mais
jovens. Queremos criar hábitos de jogo.
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