No Flamengo, romper a linha tênue entre ser promessa da base e jogar no
profissional inspira cuidados e paciência. As apostas da vez são
Rafinha e Rodolfo, ambos com 19 anos. Integrados à pré-temporada, eles
dividem o mesmo quarto na concentração e também o mesmo o sonho: estrear
pelo clube que tem o lema de que craque se faz em casa. Faz mas também
se cobra.
- A mudança da base para o profissional tem todo um processo de
adaptação, é outro estilo de jogo. Vamos amadurecer e evoluir com o
tempo. É muito diferente, precisa ter paciência. Há tempos esperava essa
oportunidade, pois treinava e voltava, agora estou fazendo a
pré-temporada. É muito gratificante treinar com os jogadores que até
pouco tempo eu via na televisão – disse o atacante Rafinha.
Nascido no Maranhão, Rafinha logo foi com a família para Brasília e
passou a jogar futebol. Há quatro anos, chegou ao Rio para defender o
CFZ e, depois, se transferiu para o Flamengo. Agora, enfrenta o desafio,
com um enredo conhecido: apoio da família e sonhos.
- Vou treinar para dar o meu melhor. Quando fizer minha estreia pelo
profissional, será a sensação de um sonho realizado, pois sou
rubro-negro, assim como toda minha.
Tenho que trabalhar forte – completou Rafinha.
Meia, canhoto e com os mesmos 19 anos de Rafinha, Rodolfo também ganhou
sua chance. Realiza a pré-temporada com o grupo principal. E tem uma
receita que pode dar certo.
- É chegar devagar, fazer o simples, dar um toque ou outro de lado e
correr bem, correr certo. Se der para fazer um golzinho aí conquista a
galera – disse Rodolfo.
Nascido em Mesquita, na Baixada Fluminense, o jogador chegou ao
Flamengo em março do ano passado, depois de disputar a Copa São Paulo de
Juniores pelo Internacional. Antes, teve uma passagem sem sucesso por
Portugal e, antes de acertar com o Colorado, treinou no Madureira.
Tanto Rodolfo como Rafinha participaram da Copinha nas últimas semanas, mas não foram bem, e o time acabou eliminado.
- Conversei com o Rafinha e disse que é a nossa hora. Não fizemos um
campeonato bom na Copinha, mas chegou a chance no profissional. Ele
esperava essa chance desde o título da Copinha de 2011, não veio, mas
agora treinou entre os titulares. É agarrar para não soltar mais. É uma
chance que aparece uma vez na vida. Estamos tranquilos, temos de tentar
fazer um bom treino. Se o Dorival gostar, se conseguir ficar, ótimo –
completou Rodolfo.
Na temporada passada, Dorival Júnior até apostou em alguns jovens como
Adryan, Mattheus, Nixon, entre outros, mas sempre destacando o cuidado
para não queimar as jovens promessas. Nos últimos treinos, Rafinha e
Rodolfo apareceram como titulares na movimentação do Ninho do Urubu.
- Seja como titular, no banco, temos que estar preparados – destacou Rafinha.
A dupla divide quarto no hotel que serve de concentração para o grupo
principal. Além da pressão natural a um jogador do Flamengo, eles também
sofrem internamente.
- Subir junto com ele foi muito bom. Como um grupo novo está se
formando no profissional, fico até sem graça de chegar sozinho. Chegando
com ele fico mais tranquilo. Se alguém me zoar, vai zoar ele também. Os
caras ficaram falando que ele tinha moicano e agora está com a cabeça
raspada. Fiquei quietinho na minha – brincou Rodolfo.
O meia fala sobre o amigo Rafinha, e também sobre o seu futebol:
- Rafinha é um jogador muito rápido, arisco, tem alegria nas pernas.
Pode jogar a bola na frente que ele vai voar. A perna dele chega a bater
nas costas, você nem vê passando (risos). Eu vou pelas beiradas, mas
sou de arriscar também. Se abrir, eu chuto. E tão tenho medo de arriscar
para o gol. Se tiver que dar passe de letra, eu tento também.
Nenhum comentário:
Postar um comentário