O batismo foi uma espécie de teste de fogo. Nas primeiras semanas de
trabalho como diretor de futebol do Flamengo, em maio, Zinho concentrou
esforços na disciplina do grupo. E agiu de cima para baixo.
Recém-chegado, o dirigente bateu de frente com Ronaldinho Gaúcho,
capitão e principal nome do time. O ex-camisa 10 tinha uma rotina de
problemas disciplinares e estava com salários atrasados. De início, o
dirigente conversou com ele e chegou a encobrir deslizes e a defendê-lo
quando apareceu sem condições ideais para treinar. Aos poucos, porém, a
situação ficou insustentável. Ronaldinho deixou o clube via ação
judicial e foi parar no Atlético-MG. Zinho, então, falou abertamente
sobre as indisciplinas e decretou:
- Acabou a festa, acabou a bagunça - disse, na época.
- Acabou a festa, acabou a bagunça - disse, na época.
Destaque do Atlético-MG, o meia enfrentará o ex-clube nesta
quarta-feira, em jogo adiado da 14ª rodada do Brasileiro. A torcida do
Flamengo esgotou os ingressos e vai receber o ex-camisa 10 do time com
hostilidade. O Ronaldinho que Zinho vai rever está em boa fase no Galo, é
destaque do time que briga pelo título do Brasileirão. É o jogador que
ele imaginou que teria quando chegou ao Rubro-Negro.
- Meu objetivo quando cheguei ao Flamengo era fazer com que o Ronaldo
fosse o que está sendo no Atlético. Queria no Flamengo o Ronaldo do
Atlético. Não deu tempo para isso, ele saiu antes. Vendo de fora, acho
que o episódio no Flamengo contribuiu para que ele mudasse o
comportamento. Se ele continuasse como estava no Flamengo, ele ia acabar
para o futebol. Mesmo porque depois da saída dele as pesquisas
mostravam que ele foi rejeitado por todas as torcidas (da Série A), que
ele estava se desvalorizando cada vez mais. Tanto que aceitou jogar no
Atlético-MG por um salário menor que o que tinha no Flamengo (R$ 1,25
milhão por mês). Acredito que pesou o fato de que havia uma pessoa que
não permitia mais regalia para ninguém, indisciplinas. Acredito que esse
foi um dos motivos que fizeram ele tomar a atitude de sair. Aliado a
isso, existia a pendência financeira que nós tentamos contornar.
Ronaldinho e Zinho se abraçam no dia da chegada do diretor ao clube (Foto: Alexandre Vidal / Fla Imagem)
Quase quatro meses depois, na véspera do reencontro de Ronaldinho com o
Flamengo, o dirigente rubro-negro não trata o episódio como o mais
complexo que enfrentou no clube, mas reconhece que saiu fortalecido.
- Não foi o momento mais difícil, mas serviu para acabar com a
desconfiança que poderia existir com a minha chegada. Serviu para
mostrar que o trabalho seria baseado no profissionalismo, na correção,
na disciplina. Vocês até usam uma frase que eu disse quando ele saiu,
quando eu disse que acabou a bagunça, que não era só para o Ronaldo. Eu
me referia a todos os jogadores do Flamengo. Da minha parte, não tenho
nada contra o Ronaldo, acho ele um baita jogador. Não mandei o Ronaldo
embora do Flamengo, ele saiu porque quis. Era preciso seguir as regras
de um clube profissional.
Zinho fala com tranquilidade sobre o assunto, apesar de todo o desgaste
que enfrentou enquanto o jogador esteve no clube. Assim como o técnico
Dorival Júnior e os jogadores, o diretor procura minimizar o reencontro.
- Acho que existem coisas muito mais importantes no jogo, para mim e para o nosso grupo, do que os problemas que aconteceram com o Ronaldinho aqui, isso já é passado. O Ronaldo não faz mais parte do elenco do Flamengo, não vai ser mais jogador do Flamengo nesse momento. A gente não tem que ficar revivendo o que aconteceu. Todo mundo sabe, e vocês da imprensa cobravam uma atitude do Flamengo por conta das indisciplinas do jogador aqui. Foi tomada a atitudade, conscientemente, corretamente, honestamente. A briga jurídica por parte financeira sai do lado do futebol. Aí é uma outra parte. Nosso elenco não tem nada contra o Ronaldinho, quero frisar isso. Meu objetivo é vencer o Atlético, nada a ver com o Ronaldo. E o Ronaldo é atleta do Atlético. Então, logicamente, quero ganhar também do Ronaldo.
Em conversa com o grupo, o dirigente diz que procurou concentrar as atenções sobre R49 apenas na questão técnica. Para Zinho, aliás, Ronaldinho é indispensável para qualquer equipe, desde que esteja em forma e comprometido.
- Acho que existem coisas muito mais importantes no jogo, para mim e para o nosso grupo, do que os problemas que aconteceram com o Ronaldinho aqui, isso já é passado. O Ronaldo não faz mais parte do elenco do Flamengo, não vai ser mais jogador do Flamengo nesse momento. A gente não tem que ficar revivendo o que aconteceu. Todo mundo sabe, e vocês da imprensa cobravam uma atitude do Flamengo por conta das indisciplinas do jogador aqui. Foi tomada a atitudade, conscientemente, corretamente, honestamente. A briga jurídica por parte financeira sai do lado do futebol. Aí é uma outra parte. Nosso elenco não tem nada contra o Ronaldinho, quero frisar isso. Meu objetivo é vencer o Atlético, nada a ver com o Ronaldo. E o Ronaldo é atleta do Atlético. Então, logicamente, quero ganhar também do Ronaldo.
Em conversa com o grupo, o dirigente diz que procurou concentrar as atenções sobre R49 apenas na questão técnica. Para Zinho, aliás, Ronaldinho é indispensável para qualquer equipe, desde que esteja em forma e comprometido.
- Esse lado da emoção, de torcida, a gente tem que separar isso. Eu
tenho falado com os atletas que o Ronaldo é um destaque do Atlético e
tem que ser anulado porque é um baita de um jogador. Está sendo
destaque, está jogando bem. É um dos atletas do Atlético que temos que
anular. O Ronaldinho, jogando bem, faz falta para qualquer time, não só
para o Flamengo. A qualidade técnica dele é indiscutível. Em forma
física e técnica, se dedicando, ele é jogador de seleção brasileira.
Quanto a isso não tenha dúvida.
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