Um dia depois da incursão de Adriano na Vila Cruzeiro, numa visita
regada a bebida e que terminou em confusão, com a BMW branca do jogador
atingindo um motoqueiro, o nome do atacante do Flamengo foi assunto nas
ruas, biroscas da favela e entre os motoboys. Diversos moradores ouvidos
pelo GLOBOESPORTE.COM viram Adriano, que andou sem camisa e reforçou o
estoque de cervejas pessoalmente e também na companhia de amigos num
horário em que deveria estar no treino do Rubro-Negro no Ninho do Urubu.
Testemunhas relataram a leve batida entre o atacante e um motociclista,
mas não houve feridos no incidente. Na 22ª Delegacia Policial (Penha),
não consta registro de ocorrência com o nome de Adriano Leite Ribeiro.
Luca, empresário do jogador, tomou conhecimento do ocorrido momentos
depois do e informou à cúpula de futebol do clube que o Imperador tivera
“um probleminha”.
- Adriano enterrou o umbigo na Vila Cruzeiro – brincou um morador da favela, para descrever a ligação umbilical e que vem de berço do jogador com a favela.
- Adriano enterrou o umbigo na Vila Cruzeiro – brincou um morador da favela, para descrever a ligação umbilical e que vem de berço do jogador com a favela.
Na segunda-feira, a assessoria de imprensa das Unidades de Polícia
Pacificadora (UPPs) já confirmara que o jogador fora visto por policiais
andando com amigos na Vila Cruzeiro.
Rua da Vila Cruzeiro em que Adriano foi visto na tarde de segunda-feira (Foto: Janir Júnior / Globoesporte.com)
A favela, que passa por um processo de pacificação, ainda carece de
extensas melhorias. Ruas no coração da Vila Cruzeiro – por onde Adriano
transitou nessa segunda – estão com lixo acumulados, um prato cheio para
os diversos vira-latas soltos pelas vielas. Os anúncios de candidatos a
vereadores e prefeito se multiplicam. O movimento de pessoas é intenso,
assim como de motos. Viaturas da PM da UPP circulam pela comunidade na
Penha.
No campo Ordem e Progresso, onde ainda menino o jogador deu seus
primeiros passos no futebol, apenas duas crianças jogavam bola na manhã
desta terça-feira. O projeto Imperadores da Vila, que Adriano lançou em
dezembro de 2010, pouco depois da pacificação, não avançou. A ideia era
prestar ajuda as crianças por meio do esporte e educação.
- Gosto de andar na minha comunidade, como todo mundo sabe, isso não é
novidade, me faz sentir humano, me faz sentir pessoa de verdade. Não que
eu esteja fora da comunidade e não me sinta. Mas para ver a realidade,
pessoas que precisam de pouco e estão felizes. Isso é bom pra gente, é
bom aprender: “Pô, tá vendo, a gente reclama pra caramba e tem uma
pessoa que precisa só disso aqui. Tá rindo, se divertindo, isso me faz
bem” – disse Adriano, em recente entrevista que foi ao ar no Esporte
Espetacular e no GLOBOESPORTE.COM.
Adriano nasceu e passou a infância na Vila Cruzeiro. Seu pai, Almir,
tinha o respeito de moradores da favela. Em 1992, Mirinho, como era
conhecido, levou um tiro de bala perdida que entrou pela testa e se
alojou na cabeça. Ainda criança, o atacante presenciou a cena. Almir
morreu em 2004, de infarto, não por conta do tiro.
Em 2009, em momento de depressão, Adriano chegou a ficar internado três
dias na favela enquanto o Internazionale de Milão esperava o seu
retorno.
- Ele gosta mesmo é de churrasco e bebida. Já vi Adriano passando com
duas garrafas de uísque e descalço pelas ruas da favela. Daquele tamanho
fica difícil se esconder, né?! – ironizou um morador da rua 15.
Na favela dizem que Adriano não deixou de ir a Vila Cruzeiro, mas tem
alternado as visitas ao morro onde nasceu com incursões em outras
favelas da cidade.
- O Adriano saiu da favela, mas a favela não saiu do Adriano – completou um senhor que disse ter sido próximo ao pai do jogador.
- O Adriano saiu da favela, mas a favela não saiu do Adriano – completou um senhor que disse ter sido próximo ao pai do jogador.
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