Dirigentes dos quatro grandes clubes do Rio de Janeiro se reuniram
nesta quinta-feira para apresentar sugestões na tentativa de solucionar o
problema de violência entre as torcidas organizadas do estado. O
documento será assinado por representantes de Botafogo, Flamengo,
Fluminense e Vasco e será entregue para o Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro (TJ) no início da próxima semana, antes de ser divulgado para a
imprensa. Esta foi a segunda reunião, já que no começo da semana o
assunto também foi tema de debate entre os dirigentes, no TJ.
O presidente da Ferj, Rubens Lopes, afirmou que os clubes não são
contra a presença das organizadas nos estádios, mas medidas serão
tomadas para coibir os atos de vandalismo que têm ocorrido ultimamente.
- Em primeiro lugar, ninguém é contra torcida organizada, mas ela deve
fazer parte do espetáculo, e não ameaçar o espetáculo. Este documento
será dividido em três partes: educativas, preventivas e repressivas. Na
próxima semana vamos encaminhar para o presidente do Tribunal de Justiça
- disse Rubinho.
Representantes dos quatro grandes se reúnem na Ferj (Foto: Vicente Seda / Globoesporte.com)
Para o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, a distribuição de
ingressos ou facilitação de compra por preços mais baixos para as
torcidas organizadas deve ser normatizada, mas é necessário um
cadastramento dos torcedores que, na visão do dirigente, deve ser
realizado pelo poder público.
- Esse tema já está sendo tratado há bastante tempo, não é novo. Tem
que ser discutido um cadastramento destes torcedores e tem que ser feito
pelo poder público. Não são os clubes que têm que fazer isso. A torcida
tem CNPJ, então os integrantes podem ser responsabilizados. A gente
sabe que precisa normatizar essa situação, mas isso passa
obrigatoriamente por esse cadastramento. Acho que, com a entrada do
Tribunal de Justiça nesse tema, as coisas podem evoluir - afirmou o
mandatário.
Questionada sobre as atitudes que o Flamengo poderia tomar em relação à
Torcida Jovem, banida recentemente dos estádios pela morte do vascaíno
Diego Moura, no dia 19 de agosto, a presidente Patrícia Amorim disse que
o clube não é polícia e considerou apenas um ato isolado o assassinato
do torcedor.
- Se forem identificados integrantes de alguma torcida, podemos ver com
a liderança da torcida alguma forma de cobrar uma punição a este
integrante, mas aos clubes cabe o futebol. São coisas isoladas, não
temos poder de polícia, nem de julgar - declarou.
Já o diretor de arenas do Fluminense, Cadu Moura, que representou o
clube na reunião, comentou a acusação sofrida de ingressos de cortesia
que eram vendidos. Ele explicou que o pedido de rastreamento partiu da
diretoria do Tricolor.
- Fomos intimados na segunda-feira sobre o rastreamento, e essa
identificação dos ingressos partiu da própria diretoria. O clube está à
disposição para colaborar com as investigações - garantiu Cadu.
Assumpção é favorável à volta da venda de bebidas no estádio
Outro ponto colocado em questão pelo presidente Maurício Assumpção foi a
proibição de venda de bebidas alcoólicas dentro dos estádios. De acordo
com ele, isso tem causado tumulto na entrada, pois o público fica do
lado de fora para beber e entra faltando poucos minutos para o início da
partida.
- Há questões que estão acima dos clubes e da federação. Hoje, o grande
problema do estádio é o entorno, inclusive pela proibição de bebida
dentro do estádio. Na Inglaterra é o contrário. Aqui você tem um público
de 20 mil pessoas, e grande parte dentro do estádio (apenas) nos 20
minutos antes do jogo, o que gera tumulto. E tumulto só privilegia o
bandido. Hoje você tem aglomerações nas ruas de acesso, são ruas
fechadas por conta de bares a céu aberto, pessoas que abrem a janela de
casa e vendem cerveja e churrasquinho, porque no estádio não pode. O
cara sabe que lá dentro não vai ter, então o que ele faz? Bebe, bebe,
bebe e, faltando dez minutos para entrar, olha para o relógio e bebe
mais - finalizou.
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