quinta-feira, 26 de julho de 2012

Pouco tempo, muitos problemas: o desgaste de Zinho como diretor



O telefone toca incessantemente e, para ter alguns momentos de paz, é preciso desligar o aparelho celular. A pressão e o vazamento de informações afetam o trabalho. O distanciamento da família incomoda. Algumas declarações geram questionamentos. O dia a dia de Zinho mudou radicalmente desde 11 de maio, quando assumiu a função de diretor de futebol do Flamengo, e deixou para trás uma tranquila vida de comentarista de TV. Dois meses e meio depois, o dirigente confessa:

- Estou desgastado.

No tempo em que está no cargo, Zinho teve de administrar problemas sérios, de extrema repercussão e que geraram enorme desgaste. O embate e a saída conturbada de Ronaldinho Gaúcho, o processo de fritura e queda de Joel Santana, o fracasso nas negociações com Diego e Juan, a ausência da contratação de um camisa 10 e a condução do caso Riquelme são alguns dos exemplos de turbulência do comandante do futebol rubro-negro.

montagem caras e bocas do Zinho Flamengo (Foto: Editoria de Arte / Globoesporte.com) 
Em pouco mais de dois meses, Zinho enfrentou mutos problemas (Foto: Editoria de Arte/Globoesporte.com)
 
A política fervilhante do clube também respinga no futebol, já que algumas crises internas envolvem o vice-presidente de finanças, Michel Levy, e o vice de futebol, Paulo Cesar Coutinho. Apesar da pressão sobre Coutinho, Zinho defende o trabalho do dirigente. O vazamento de informações também incomoda.

- Percebi nesses dois meses que não vou conseguir mudar isso no Flamengo - afirmou Zinho.

A mulher e filhos de Zinho foram passar férias nos Estados Unidos. Foi uma solução para o dirigente garantir uma diversão para a família, e conseguir trabalhar sem o peso de não conseguir dar atenção em casa.,

Zinho tenta arrumar outra casa, a rubro-negra. Tem o carinho e respeito dos jogadores pela forma de falar olho no olho. Ganhou moral com a presidente Patricia Amorim, já que segura algumas cobranças que seriam destinadas a ela. Mas, em pouco tempo, o diretor sentiu na pele a dificuldade de colocar ordem no clube, em funções que nem grandes ídolos como Zico e Junior conseguiram passar imunes. Zinho, porém, não pensa em abandonar o barco e deixar o futebol rubro-negro à deriva.


Caso Ronaldinho Gaúcho


Logo que assumiu sua função, Zinho já teve um grande problema para resolver, que atendia pelo nome de Ronaldinho Gaúcho. Responsável direto pela queda de Vanderlei Luxemburgo, o ex-camisa 10 tinha uma rotina de problemas disciplinares. De início, o novo diretor conversou com o jogador e chegou a encobrir indisciplinas e defendê-lo quando apareceu sem condições ideais para treinar. Aos poucos, porém, a situação ficou insustentável. Na viagem do time para um amistoso em Teresina, Ronaldinho não apareceu e nem ligou para Zinho. Na ocasião, Paulo Cesar Coutinho, vice de futebol, foi flagrado por torcedores dizendo que o jogador estava afastado. O diretor foi acordado no hotel da delegação no Piauí já tendo que desarmar mais uma bomba. Horas depois, porém, veio à tona que o ex-camisa 10 entrara na Justiça contra o clube. Zinho, então, falou abertamente sobre as indisciplinas do jogador e afirmou:

- Acabou a festa, acabou a bagunça.


Fritura e queda de Joel Santana

Desde o começo da fritura interna de Joel, Zinho foi obrigado a conviver com notícias de possíveis substitutos e foi o principal responsável por manter o treinador no cargo. O diretor teve de ir à imprensa para esclarecer que não tinha procurado Dunga, nem Jorge Sampaoli, e pediu paz para o técnico. Mas o próprio dirigente já não estava satisfeito com o trabalho de Joel. Zinho se desgastou ao servir de escudo para o ex-treinador. Depois da derrota por 1 a 0 para o Cruzeiro, no último domingo, a demissão, enfim, foi consumada. E logo em seguida Zinho já teve de esclarecer que não fizera nenhum contato com Dorival Júnior.

Juan, Diego e o caso Riquelme

Outros desgastes para o dirigente. Depois de iniciar a negociação com Juan em maio, o zagueiro preferiu o acerto com o Internacional. Zinho deixou clara sua insatisfação. Mas a busca sem sucesso por um camisa 10 foi mais penosa. O diretor mantinha contato com Diego em sigilo, quando o vice de finanças Michel Levy comentou abertamente sobre a vontade do clube de contar com o jogador. O Flamengo deu sua cartada para tentar a contratação junto ao Wolfsburg-ALE, mas o negócio não foi adiante.

Quase ao mesmo tempo, Zinho mantinha contatos com o plano B, que era Riquelme, mas em suas declarações evitava admitir a negociação. Foi noticiado, então, que Levy teria uma conversa com representantes do jogador - o que não aconteceu. Mas o episódio deixou Zinho extremamente irritado, e ele chegou a cogitar um pedido de demissão. O clube intensificou as negociações com o argentino às vésperas do fechamento da janela de transferências internacionais. Mas, depois da derrota por 3 a 0 para o Corinthians, o camisa 10 do Boca Juniors recusou o convite, segundo Zinho, com a alegação de que teria ficado assustado com a atuação do time e pressão.

- Houve uma polêmica com o vice de finanças, porque eu estava negociando com o jogador, mas, como no Flamengo é impossível negociar sem que as coisas vazem... A primeira opção era o Diego, mas haveria novas possibilidades. Eu não falava da minha boca, parecia que não queria o Riquelme. Belíssimo jogador, nome maravilhoso, mas infelizmente não virá - justificou Zinho, ao ser questionado sobre o fato de ter negado as conversas com Riquelme.

Reunião com Adriano

Adriano no treino do Flamengo (Foto: Alexandre Vidal / Fla Imagem)

Mesmo sem o atacante ter contrato com o clube, Zinho teve de responder sobre Adriano várias vezes. O atacante, que usava as instalações do clube para se recuperar de uma cirurgia no tendão de Aquiles do pé esquerdo, faltou a algumas sessões de fisioterapia. O diretor teve de intervir, fez uma reunião com o Imperador e deixou claro que ele teria de se enquadrar nas regras do Rubro-Negro. Na semana passada, Adriano deixou de treinar no CT.





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