sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Felipe Dias, o Feijão alimentado por Léo Moura no Flamengo

Léo Moura foi responsável por regar o sonho de uma criança de origem humilde da Vila Kennedy, Zona Oeste do Rio. Ao ver o pequeno Feijão - apelido carinhoso de Felipe Dias - com a bola nos pés nos campos de terra batida, o lateral do Flamengo decidiu apostar no menino que percorria trajetória parecida com a sua, que saiu do mesmo bairro para brilhar no futebol. O jogador levou o garoto para o clube rubro-negro, ajudou com cestas básicas e o custeio das passagens de ônibus. Feijão cresceu, ganhou a titularidade da lateral esquerda dos juniores, assinou contrato de quatro anos e treinou com os profissionais na quarta-feira.

Na próxima segunda-feira, o jogador completará 18 anos. O seu presente ele já ganhou. Agora, como de praxe na história do menino pobre que sonha com dias melhores no futebol, ele quer presentear a mãe.

- Já ganhei um presentão, que foi treinar com os profissionais. No começo, fiquei um pouco nervoso, depois me soltei e foi tranquilo. Meu maior sonho é daqui a um tempo dar uma casa de presente para a minha mãe – afirmou Felipe Dias.

Felipe Dias  Feijão flamengo (Foto: Janir Junior/Globoesporte.com) 
Felipe Dias, o Feijão, é lateral-esquerdo do time de juniores (Foto: Janir Junior/Globoesporte.com)


Léo Moura, também criado na Vila Kennedy, foi o padrinho. No treino de quarta-feira, o primeiro de Feijão entre os profissionais, o lateral-direito não escondia o orgulho com sua cria, com quem trocou palavras ao fim da atividade.

- Foi o meu pai que me chamou a atenção. Então, chamei o Feijão para jogar uma pelada de fim de ano na Vila Kennedy, ele arrebentou. Trouxe para o Flamengo. Ele era volante, mas acabou como lateral-esquerdo, e já é titular dos juniores. Assinou contrato de quatro anos. O pessoal ficou perguntando para ele: ‘Qual é a boa?’. E o Feijão respondia: ‘Treinar com os profissionais' – afirmou Léo Moura.

Feijão, que tem uma irmã e um irmão, agradece o carinho e o voto de confiança do padrinho.

- O Léo me ajudou muito.

Felipe Dias  Feijão flamengo (Foto: Janir Junior/Globoesporte.com)
Léo Moura revela pequenas contribuições para Feijão percorrer o longo caminho da Vila Kennedy até o Ninho do Urubu, em Vargem Grande. E também uma ajuda para reforçar a mesa da casa do garoto.

- Pagava passagem, comprava cesta básica e alguns materiais que eu recebia eu dava para ele. Fico feliz que as coisas estejam dando certo. Ele é de origem muito humilde, tem que superar muitas dificuldades – afirmou Léo Moura.

De colete vermelho e observado por Léo Moura, Felipe treina junto do time profissional do Fla (Foto: Janir Junior/Globoesporte.com)

Um celular bem transado é um dos poucos luxos que Feijão carrega na mão. O trajeto da casa até o treino agora é feito na companhia de Marlos, zagueiro dos juniores que mora em Bangu. A carona é guiada pelo primo do jogador, a bordo de um Voyage prata que resiste ao tempo de uso.

Assim como história de João e o Pé de Feijão, o jogador alimenta o sonho de brotar uma grande oportunidade que o leve até o céu. Léo Moura ajudou a regar, resta ao menino amadurecer e crescer. Para isso, mais do que a fábula infantil do pé de feijão gigante, a realidade é pés no chão e trabalho.

- Tudo está sendo muito bom. Mas como eu disse: 'A boa é treinar’ – completou.


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