Léo Moura foi responsável por regar o sonho de uma criança de origem
humilde da Vila Kennedy, Zona Oeste do Rio. Ao ver o pequeno Feijão -
apelido carinhoso de Felipe Dias - com a bola nos pés nos campos de
terra batida, o lateral do Flamengo decidiu apostar no menino que
percorria trajetória parecida com a sua, que saiu do mesmo bairro para
brilhar no futebol. O jogador levou o garoto para o clube rubro-negro,
ajudou com cestas básicas e o custeio das passagens de ônibus. Feijão
cresceu, ganhou a titularidade da lateral esquerda dos juniores, assinou
contrato de quatro anos e treinou com os profissionais na quarta-feira.
Na próxima segunda-feira, o jogador completará 18 anos. O seu presente
ele já ganhou. Agora, como de praxe na história do menino pobre que
sonha com dias melhores no futebol, ele quer presentear a mãe.
- Já ganhei um presentão, que foi treinar com os profissionais. No
começo, fiquei um pouco nervoso, depois me soltei e foi tranquilo. Meu
maior sonho é daqui a um tempo dar uma casa de presente para a minha mãe
– afirmou Felipe Dias.
Felipe Dias, o Feijão, é lateral-esquerdo do time de juniores (Foto: Janir Junior/Globoesporte.com)
Léo Moura, também criado na Vila Kennedy, foi o padrinho. No treino de
quarta-feira, o primeiro de Feijão entre os profissionais, o
lateral-direito não escondia o orgulho com sua cria, com quem trocou
palavras ao fim da atividade.
- Foi o meu pai que me chamou a atenção. Então, chamei o Feijão para
jogar uma pelada de fim de ano na Vila Kennedy, ele arrebentou. Trouxe
para o Flamengo. Ele era volante, mas acabou como lateral-esquerdo, e já
é titular dos juniores. Assinou contrato de quatro anos. O pessoal
ficou perguntando para ele: ‘Qual é a boa?’. E o Feijão respondia:
‘Treinar com os profissionais' – afirmou Léo Moura.
Feijão, que tem uma irmã e um irmão, agradece o carinho e o voto de confiança do padrinho.
- O Léo me ajudou muito.
Léo Moura revela pequenas contribuições para Feijão percorrer o longo
caminho da Vila Kennedy até o Ninho do Urubu, em Vargem Grande. E também
uma ajuda para reforçar a mesa da casa do garoto.
- Pagava passagem, comprava cesta básica e alguns materiais que eu
recebia eu dava para ele. Fico feliz que as coisas estejam dando certo.
Ele é de origem muito humilde, tem que superar muitas dificuldades –
afirmou Léo Moura.
De colete vermelho e observado por Léo Moura, Felipe treina junto do time profissional do Fla (Foto: Janir Junior/Globoesporte.com)
Um celular bem transado é um dos poucos luxos que Feijão carrega na
mão. O trajeto da casa até o treino agora é feito na companhia de
Marlos, zagueiro dos juniores que mora em Bangu. A carona é guiada pelo
primo do jogador, a bordo de um Voyage prata que resiste ao tempo de
uso.
Assim como história de João e o Pé de Feijão, o jogador alimenta o
sonho de brotar uma grande oportunidade que o leve até o céu. Léo Moura
ajudou a regar, resta ao menino amadurecer e crescer. Para isso, mais do
que a fábula infantil do pé de feijão gigante, a realidade é pés no
chão e trabalho.
- Tudo está sendo muito bom. Mas como eu disse: 'A boa é treinar’ – completou.
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