O visitante que chega ao estádio Presidente Vargas, no bairro Benfica,
região central de Fortaleza, cruza o portão e é avisado de que tem de
usar um capacete. Sinal de que as obras da reforma iniciada em janeiro
de 2010 ainda não acabaram. Reaberto às pressas no último domingo, o PV,
erguido em 1941, ganhou ar de modernindade e faz novamente parte da
rotina dos moradores da capital. Por conta do fechamento do Castelão
para as obras da Copa do Mundo de 2014, assumiu a condição de principal
palco para jogos do futebol cearense.
O PV ficou mais moderno e espaçoso, mas ainda está em obras (Foto: Richard Souza / Globoesporte.com)
A volta dos torcedores do Ceará ao local foi marcante. O Vozão goleou o
Guarani de Juazeiro por 5 a 0, conquistou o segundo turno e sagrou-se
campeão cearense pela 40ª vez, já que também havia vencido o primeiro. A
saudade era grande e, no teste de abertura, correu quase tudo bem. O
comportamento dos torcedores, por exemplo, deixou a desejar. Muitos
assistiram à partida de pé sobre as cadeiras e espalharam uma enorme
quantidade de lixo.
Nesta quarta-feira, o Presidente Vargas será palco de uma partida da
Copa do Brasil. Ceará e Flamengo se enfrentam pelas quartas de final. No
jogo de ida, no Rio, vitória alvinegra por 2 a 1. Os cearenses estão em
vantagem e podem empatar ou até perder por 1 a 0 para ir à semifinal. O
Rubro-Negro tem de vencer. Se conseguir dois gols de vantagem ou um, a
partir de 3 a 2, avança. Caso devolva o placar do Engenhão, leva aos
pênaltis. O confronto começa às 21h50m (de Brasília).
A reportagem do GLOBOESPORTE.COM esteve no PV a dois dias do jogo e
constatou que há muito a fazer. Os operários estão por toda parte, e a
área reservada para as cabines de imprensa está bem longe do ideal. Uma
estrutura provisória foi montada, mas ainda passa por adequações. No
espaço, também deveriam estar as tribunas e os camarotes. Por enquanto,
também improvisados.
A situação do gramado não é boa, e a bola não vai rolar redondinha. São
muitos buracos e imperfeições. O campo precisa melhorar um bocado e tem
chovido quase todos os dias em Fortaleza, o que atrapalha ainda mais. A
administração do estádio pediu ao Flamengo que não treinasse no PV e,
caso fizesse o reconhecimento do estádio, que os jogadores usassem
tênis. Os rubro-negros vão treinar no CT de Itaitinga, município que
fica a 30 quilômetros de Fortaleza.
Preocupa também o fato de a visibilidade apresentar falhas em alguns
pontos. Ferros de proteção para a passagem de torcedores obstruem
parcialmente a visão dos que estão sentados. Incompleto, o PV opera com
capacidade reduzida por questão de segurança. Dos 20.600 lugares
sentados projetados na reforma, apenas 15 mil estão disponíveis. Os dois
elevadores que facilitarão o acesso ainda não funcionam e só um dos
dois placares eletrônicos previstos está no lugar. Ao todo, são 20
banheiros para o público.
Os jogadores vão perceber que ainda estão num estádio em obras, mas não
terão do que reclamar sobre os vestiários. Ao todo, foram construídos
quarto. Dois estão prontos. São espaçosos e possuem armários, sala de
massagem, duchas, sanitários e ar condicionado.
Dois dos quatro vestiários ficaram prontos e são confortáveis (Foto: Richard Souza / Globoesporte.com)
Clima de caldeirão, mas com segurança
De duas, uma: ou Fernando Henrique é um sujeito um tanto exagerado, ou o
Flamengo tem bons motivos para se assustar. Na visão do goleiro
alvinegro, jogar contra o Ceará no Presidente Vargas significa receber
mais pressão. “Se no Castelão a torcida incomodava, no novo estádio é
ainda pior”, conta o camisa 1. Ela funga no cangote do adversário quando
ele vai bater o escanteio.
Na reforma, foram construídas mais cinco filas de acentos. Ou seja, a
distância entre os gols e a arquibancada não passa de sete metros. Não
existem alambrados. Eles foram substituídos por chapas de vidro
blindadas, de 2,5 metros de altura.
Foram investidos na reforma cerca de R$ 50 milhões. Parte deste
dinheiro foi destinada a um sistema de 105 câmeras de monitoramento. A
prefeitura vai realizar um cadastro obrigatório dos membros de torcidas
organizadas.
A torcida fica bem perto do gol, cerca de sete metros. Chapas de vidro blindadas separam o público do gramado (Foto: Richard Souza / Globoesporte.com)
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