segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Entre vaias e xingamentos: torcida do Fla e jogadores em rota de colisão

Uma crise elevada às alturas pelos xingamentos de Léo Moura sob dois ângulos. No primeiro, imagine-se subindo as escadas do vestiário uniformizado de Flamengo e deparando-se com uma faixa gigantesca ordenando: “respeitem a nação”. No segundo, em vez da escada, você sobe a rampa que dá acesso às arquibancadas e ao olhar para o campo encontra vários jogadores que trazem à mente vexames acumulados na história recente. Na memória, eliminação para Defensor e América-MEX na Libertadores em 2007 e 2008, respectivamente. Derrota por 3 a 0 para o Atlético-MG no Brasileirão passado, no Maracanã. Pela mesma competição e no mesmo local, empate com uma Portuguesa nas últimas posições. E agora tropeço diante do até então lanterna Náutico. A lista é extensa e suficiente até mesmo para “apagar” o tricampeonato estadual conquistado neste ano.

O resultado desta combinação é quase sempre o mesmo: impaciência. De ambas as partes. A torcida chega ao estádio predisposta a tolerar poucos erros de alguns jogadores. A relação de visados tem Juan, Kleberson, Léo Moura, remanescentes de tragédias recentes, já contou com Ibson, Jaílton, e ganhou reforços importantes em 2009, com Welinton e Zé Roberto.

- A torcida do Flamengo sempre foi assim. Recentemente, aplaudiu e vaiou o Cuca. Por isso eu analisei muito antes de efetivar o Andrade. Ele é patrimônio do clube e da mesma forma que a torcida pede o nome, depois pode vaiar. Mas torcida é isso aí. Torce - defendeu o presidente em exercício do Flamengo, Delair Dumbrosck.

O nada discreto “uhh” acompanhado por xingamentos impublicáveis tem resposta dos atletas. Até domingo era sutil. Neste Brasileiro, quatro gols não foram comemorados. Juan inaugurou o gesto contra o Vitória, na nona rodada. Vaiado antes e depois de abrir o caminho para o triunfo, o lateral-esquerdo virou as costas e recebeu o abraço dos companheiros.

Na vitória por 3 a 1 sobre o Atlético-MG, apenas o terceiro gol rubro-negro, feito por Everton, não teve mágoa com a torcida. Antes, Léo Moura preferiu mirar o chão e dar socos tímidos para baixo. Olhar para as arquibancadas, erguer os braços? Nem pensar. Poucos minutos depois foi a vez de Kleberson “desprezar” os rubro-negros e comemorar apontando para os companheiros.

Ídolo rubro-negro teme próximo jogo


O auge da relação conflituosa aconteceu no domingo, contra o Náutico. Em vez de ignorar, os torcedores, Léo Moura preferiu ofendê-los. Segundo ele, um grupo de “meia dúzia” que vai aos jogos para vaiá-lo. A explosão de raiva pode levá-lo ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e tirá-lo de até dez partidas.

- Lógico que aceito cobranças da torcida porque ela sabe do meu potencial. Mas não aceito que essa meia dúzia comece a vaiar desde o início e tente colocar algo negativo em um grupo muito bom. Venho pedir o apoio agora porque esse time tem muito a dar, e eu também - declarou o jogador, no programa Redação Sportv.

A resposta foi instantânea. Na internet proliferam-se manifestos contra o jogador. Seja no Orkut ou no Twitter há aqueles que defendem até a rescisão do contrato. Por mais que tenha pedido desculpas, Léo Moura pode ter aumentado o problema.

- No próximo jogo pode ser pior. O que vai acontecer? A vaia se cala com o bom futebol. O Léo Moura se perdeu, mas é normal. Ele é um grande jogador e tem que ficar tranquilo porque se for bem vai conseguir os aplausos - disse o ex-jogador Adílio, que dirigiu o time de juniores do Flamengo de 2005 a 2008.

O próximo encontro entre torcida carioca e jogadores acontece domingo, contra o Corinthians, no Maracanã. Antes, o time enfrenta o Goiás, fora de casa, na quarta-feira.

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