No Flamengo, a fronteira entre o bom ambiente e a crise é uma linha tênue. Por trás das brincadeiras e dos sorrisos do grupo e da comissão técnica, na Granja Comary, surge a preocupação que se tornou recorrente no clube: a falta de dinheiro.Com 13º salário e férias em atraso, os jogadores sabem que a promessa de pagamento durante a pré-temporada dificilmente será cumprida. Com departamento de finanças em transição e as receitas da Petrobras previstas para serem pagas apenas no fim da próxima semana, o mês de dezembro, que deve ser pago até o dia 20, também pode atrasar.
A pior situação é a da comissão técnica, que não recebeu nem o mês de novembro antes da viagem para Teresópolis. Para complicar, parte das premiações (ainda de 2007) foram colocadas no contracheque, o imposto de renda foi descontado e o valor não foi pago.
Os "bichos" de 2008 também não estão quitados. E os funcionários da Gávea sofrem com os muitos meses sem ver a cor do dinheiro.
A asfixia financeira é tamanha no Flamengo que, para efetuar o pagamento de novembro dos jogadores, um influente dirigente colocou R$ 1,3 milhão do próprio bolso para evitar que a crise se instalasse. Com receitas da TV Globo, o cartola em questão já teria sido ressarcido.
Para complicar, depois da saída do vice-presidente de finanças, José Carlos Dias, o departamento ficou à deriva. Sebastião Pedrazzi, que assumirá o cargo na quarta-feira, não quis se estender sobre o assunto.
"Assumo apenas na quarta, não posso falar nada ainda. Na quinta-feira, somente devo chegar ao clube depois das 19h. E não gosto muito de conversar sobre essas coisas por telefone", disse Pedrazzi. De forma velada, alguns jogadores não escondem o descontentamento. "A pior coisa é prometer e não cumprir. Jogador não aceita isso", disse um deles, pedindo anonimato.
Na apresentação, Fábio Luciano, responsável em tratar do assunto, comentou abertamente que gostaria que este ano fosse melhor do que 2008 nos salários. Marcelinho Paraíba, que se reapresentou com dois dias de atraso, disse que tinha de resolver problemas extracampo com a diretoria. O atacante estava contrariado com os atrasos de pagamento.
A diretoria pretende quitar parte dos atrasados antes da estréia no Estadual, dia 25, contra o Friburguense.
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