quarta-feira, 28 de março de 2012

Gamarra dá dicas para não temer Defensores del Chaco


Estádio Defensores del Chaco (Foto: Eduardo Mendes) Defensores del Chaco deverá receber 30 mil pessoas nesta quarta-feira (Foto: Eduardo Mendes)

Diante de um público de cerca de 30 mil pessoas, contra um time que tem como principal característica o espírito de luta e em um local que se assemelha ao Beira-Rio e ao Olímpico. Esse é o cenário no qual o Flamengo pegará o Olimpia, nesta quarta-feira, às 22h, no Defensores del Chaco, em jogo que poderá assegurar o primeiro lugar do grupo aos rubro-negros ou, em caso de derrota, derrubar o time de Joel Santana até para o terceiro lugar. O LANCENET! transmitirá a partida em tempo real.

A descrição do ambiente foi feita, a pedido do LNET!, em Assunção, pelo ex-zagueiro Gamarra. Paraguaio e com passagens por ambos os clubes, o atual gerente do Rubio Ñu, da Primeira Divisão do país, fez o alerta sobre os principais problemas que o Rubro-Negro poderá ter.

                              Gamarra revela que sente saudade da torcida do Flamengo


Mais do que um exímio conhecedor do rival, clube pelo qual se despediu dos gramados, Gamarra, na condição de dirigente, já enfrentou o Olimpia pelo Campeonato Paraguaio, quando foi derrotado por 3 a 2.

- Olimpia está muito motivado e indo bem no campeonato. É um time de homens. Estão ganhando na força, lutando muito. É um time muito aguerrido - destacou.

Gammara recebeu o LANCENET! na sede do Rubio Ñu, onde é dirigente. Na cuia de mate, está a inscrição "O melhro zagueiro do mundo" (FOTO: Eduardo Mendes)

Na reabertura do estádio para jogos internacionais após quase quatro meses fechado em função de obras, os ingressos estão praticamente esgotados desde segunda-feira.

Com um nome que homenageia soldados paraguaios que lutaram na famosa Guerra do Chaco, o estádio, em certos momentos, inspira, de forma negativa, um sentimento que remete ao violento conflito da década de 30.

Arremessar objetos para dentro do campo tornou-se uma prática comum em jogos que aconteceram no Defensores nos últimos anos, inclusive contra brasileiros.

Outra adversidade, porém, que não faz com que o Flamengo tema o duelo. Palavras de quem tem vasta experiência no assunto e, que, agora, direciona o foco só para a classificação, independentemente do cenário semelhante ao de uma batalha.

- Isso não está fora do normal do que estamos acostumados a ver. Tem de ter equilíbrio emocional suficiente para saber passar por isso tudo. Libertadores é assim - explicou Gamarra, que, emprestado ao AEK, da Grécia, não disputou a Libertadores de 2002 pelo clube rubro-negro.

BATE-BOLA COM GAMARRA

Em entrevista exclusiva ao LANCENET!

Como você avalia o Defensores de Chaco, comparado a outro estádio no Brasil em que já jogou?
É um estádio que está muito bom para jogar. Tem um campo grande. Seria como o campo do Inter, de Porto Alegre, e também do Grêmio. Não é pequeno, mas não é exagerado. Será bom para o Flamengo que gosta de jogar, tocar bem a bola.

Você fez muitos elogios ao Olimpia. Mas de que maneira o Flamengo poderá desestabilizar o rival?
Tem de tentar ter muito a posse de bola para deixar o torcedor deles impaciente. Eles vão reclamar rapidamente. Assim o Flamengo terá muitas chances porque o Olimpia vai sair para o jogo. Atrás eles têm jogadores fortes, mas lentos. E o Flamengo poderá tirar a diferença aí. Precisa segurar os primeiros 15 minutos. Acho que Flamengo tem mais conjunto para complicar o Olimpia em sua casa.

Como foi o jogo quando o Rubio Ñu enfrentou o Olimpia?
Jogamos com eles na terceira na rodada, demos chocolate, mas não fizemos gol e perdemos no fim por 3 a 2. Era um jogo para ganhar.

E para quem irá torcer?
Nesse tipo de questão sempre fico dividido. Tenho uma boa recordação da passagem pelo Flamengo, mas joguei também pelo Olimpia, onde parei depois. Deixo que eles se resolvam em campo. Quero apenas que seja uma bom jogo.

Defensores del Chaco ganhou novo alambrado atrás dos gols para reforçar a segurança após espisódios de violência recentes (FOTO: Eduardo Mendes)

O QUE MUDOU NO DEFENSORES

Fechado desde dezembro do ano passado, o Defensores del Cacho, hoje com capacidade para 32 mil torcedores, ganhou melhorias:

 Na tentativa de evitar novos ataques diretos ao campo, foram colocadas, atrás dos dois gols, grades que percorrem toda a linha horizontal entre as duas bandeirinhas e que são quase duas vezes maiores do que a tela que separa as arquibancadas do campo.

 A grama antiga foi totalmente queimada e trocada por uma nova com vida útil de dez anos. Pela primeira vez, desde a fundação do estádio, em 1917, houve a troca integral do piso do campo.

 As cabines de imprensa também ganharam novo corpo e estão pintadas.

CONFUSÕES COM BRASILEIROS NO ESTÁDIO

Cerro Porteño x Cruzeiro
O confronto era pela primeira fase da Libertadores de 2008 e decidiria quem avançaria à fase de grupos do torneio. No jogo de ida, no Mineirão, o Cruzeiro venceu por 3 a 1. Já no Defensores del Chaco, com os mineiros ganhando por 3 a 2, a partida precisou ser interrompida aos 24 minutos do segundo tempo. Com a iminente eliminação do time paraguaio, os torcedores começaram a atirar pedras e garrafas no gramado. O árbitro chileno Carlos Chandía, então, pediu segurança às autoridades. Como não teve a solicitação atendida, encerrou precocemente a partida.

Punição
O jogo contra o Cruzeiro aconteceu em 6 de fevereiro daquele ano. Menos de 48 horas depois, a Conmebol anunciava a punição ao clube paraguaio: multa em 20 mil dólares e proibição de usar o Defensores del Chaco pelos próximos quatro jogos de Libertadores que jogasse.

Pré-Olímpico
Em 1992, quando a Seleção Brasileira derrotou os donos da casa por 1 a 0 pelo Pré-Olímpico, torcedores paraguaios atiraram pedras no campo. Uma acertou a cabeça do meia Elivélton. Outros objetos, como isqueiros, moedas e latas de cervejas viraram “armas”.

LANCENET! EXPLICA
Guerra do Chaco foi o nome dado ao confronto entre Paraguai e Bolívia pela disputa da região do Chaco Boreal, no início de década de 30. Localizado nas proximidades dos Andes, a região apresentava uma vantagem em relação à descoberta do petróleo. Além disso tem parte estratégica, já que se localizava no Rio Paraguai, principal acesso para o oceano Atlântico.

A guerra foi responsável por mais de 90 mil mortes (60 mil bolivianos e 30 mil paraguaios). Os bolivianos foram os grandes derrotados e acabaram perdendo o seu território. Curiosamente, o exército boliviano estava em maior número, mas acabou sucumbindo para os adversários e perdeu importante território.



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