segunda-feira, 27 de março de 2017

CUIDAR: o trunfo do Flamengo para prosseguir como excelência nos Esportes Olímpicos



A sigla, por si só, já é autoexplicativa. Mas ao olhar o nome inteiro, é possível entender porque o Flamengo investiu no Centro Unificado de Identificação e Desenvolvimento de Atletas de Rendimento. Inaugurado em dezembro de 2015, o projeto completou um ano recentemente e tem sido um sucesso na Gávea. 


Para entender melhor do que se trata, o GRN conversou exclusivamente com Izabel Miranda, responsável por administrar todo o processo de trabalho. A profissional detalhou como funciona.

- O CUIDAR é o centro que foi criado para prevenir as lesões e, principalmente, o excesso de treinamentos, além de melhorar o desempenho. A gente só consegue fazer isso com a presença do fisioterapeuta, médico, nutricionista, preparador físico e psicólogo. Também temos um consultório científico que faz a mediação dessas informações para dar suporte às decisões internas. É um projeto a longo prazo e atende as equipes de ponta, digo, as principais. Queremos formar atletas para chegar no alto rendimento. A estrutura foi montada para atendermos tudo e identificarmos o real talento com o intuito de trabalhar visando a evolução - explicou e exemplificou.

Com larga experiência no programa, por conta de sua passagem pelo Minas Tênis Clube, a Coordenadora revelou a metodologia e fez um balanço geral.


- Nós começamos o ano fazendo a avaliação da pré-temporada. Esse, talvez, é o carro chefe do CUIDAR, o acompanhamento do estado atual do atleta. Como ele chega aqui fisicamente, psicologicamente e em termos nutricionais, por meio do percentual de gordura. Precisamos checar a saúde mesmo. Realizamos uma bateria de testes para, a partir disso, começarmos o treinamento. Temos um planejamento montado para todos e vamos direcionar as atividades em busca da melhora da performance. Na base, vamos observar a evolução em quatro aspectos: comportamental, físico, tático e técnico. O diferencial é esse. Começaremos com trabalhos preventivos para evitar um afastamento. E o maior objetivo é preparar meninos e meninas das categorias inferiores para serem submetidos a maiores cargas sem o risco de comprometer nada. O pensamento é no futuro. Quatro anos é o prazo mínimo para a formação, o máximo é dez. Vamos apresentar, em breve, uma novidade: a integração das escolas com o esporte. A meta é estar presente na vida do esportista desde cedo. Iremos verificar o rendimento escolar, que é um pilar importante. O Flamengo pensa assim, e vamos montar um programa especial, dando oportunidades para estagiários, pedagogos e professores - destrinchou.

O basquete faz parte do processo e é peça fundamental na engrenagem. Devido a unificação dos esportes olímpicos, funcionários, agora, vivem o mesmo dia a dia. Questionada sobre o tema, Izabel destacou a importância. 

- Nós trabalhamos com a perspectiva de abordagem multidiscpilinar, que por si só, valida o que fazemos. Existem programas internos com o técnico, que é o líder, mas tem uma equipe por trás. Mais para frente, teremos encontros mensais ou quinzenais, de olho no direcionamento de treinos. Certamente, o número de lesões irá diminuir. Isso (união de profissionais) já está sendo um diferencial. Muitos atletas estão procurando o clube por conhecimento do investimento que vem sendo feito. Toda vez que chega alguém novo para conhecer a estrutura, como foi o caso do Hakeem Rollins, a gente sente uma confiança. O Flamengo tem a preocupação de apresentar um panorama favorável. Os pais do pessoal da base que vêm aqui, ficam encantados com o centro. Eu, como mãe, iria gostar se meu filho viesse para cá - abordou.


A gerente esmiuçou a organização, apontou acertos e mostrou inovações.

- Quando Póvoa e Vido me convidaram, a gente já tinha um planejamento pré-estabelecido. Nesse tempo, cumprimos tudo e entregamos um pouco além do que esperávamos. Eu achava que seria mais difícil. O Fla é uma grande força, mas nada é fácil. Mudar a forma de pensar dos profissionais é complicado. Hoje, após um ano, vejo a equipe organizada no atendimento ao atleta. O conceito do CUIDAR é fornecer serviços ao esporte. Houve uma melhoria no acompanhamento geral e na aproximação com os pais. Falta muita coisa à frente, temos um longo caminho. Aqui, às vezes, o menos é mais. O simples se torna efetivo. Fizemos setecentas avaliações, isso nunca tinha acontecido. É uma mudança significativa, e estamos salvando vidas e fornecendo uma linha de trabalho. Vou adiantar até uma informação: fechamos uma parceria de troca de conhecimentos. Vamos mandar 21 funcionários nossos para Colorado Springs, durante uma semana, para novas experiências. Quatro gestores também irão à Londres para um encontro. Esses dois acontecimentos são frutos da negociação excelente que o clube fez com os dois comitês (americano e britânico). Creio que servimos de exemplo pela seriedade - concluiu sua fala.


Rafael Bernardelli, multicampeão com o FlaBasquete, passou a integrar a base de sustentação do Centro. Em papo rápido, o preparador físico deu sua opinião com argumentos relevantes. 

- O CUIDAR é importante porque dá uma estrutura altamente qualificada para atletas e técnicos de esportes olímpicos trabalharem. As informações científicas ajudam a diminuir o indíce de lesão e, com isso, o departamento médico fica mais vazio. O método é simples e multidisciplinar. Fazemos uma avaliação completa com cada um e formatamos o perfil. Assim, fica mais fácil identificar o ponto negativo que pode ser melhorado - disse.


O escolhido para encerrar foi Marcelo Vido que, de forma sucinta e objetiva, complementou.

- Hoje, o esporte é de rendimento. É preciso enfatizar que, ciência, conhecimento e tecnologia precisam caminhar juntos. Não da para desassociar o crescimento sem os pilares. E, claro, nós temos como prioridade de importância o desempenho escolar dos nossos atletas. O Flamengo quer continuar sendo referência em todas as áreas - finalizou.

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