A novela envolvendo a Arena Multiuso do Flamengo, que era encarada
até com certo bom humor pela diretoria do clube, acabou se transformando
numa série que se arrasta há cinco anos e parece não ter fim. Se ao
assumir a vice-presidência de esportes olímpicos em dezembro de 2012
Alexandre Póvoa tinha esperanças de ver as obras começarem em 2015 e o
ginásio de pé a tempo de ser a casa do basquete rubro-negro na segunda
metade do NBB 8, o antigo sonho vem sendo adiado por questões
burocráticas e na melhor das hipóteses talvez só seja realizado a tempo
de receber jogos do NBB 10. Pelo menos esse é o novo prazo estipulado
pelo dirigente.
Arena Multiuso do Flamengo terá capacidade 3.600 torcedores (Foto: Divulgação)
De
acordo com Póvoa, com as questões envolvendo a CET-Rio e o Iphan
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) resolvidas, o
último capítulo dessa longa e arrastada história agora depende
exclusivamente da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.
-
Infelizmente eles têm uma tramitação própria, o chamado custo Brasil
está embutido e aconteceram todos esses problemas. O que aconteceu foi
que fizemos toda uma tramitação, e a CET-Rio, que era o mais complicado,
pediu algumas modificações no projeto para atender distância, trânsito,
calçada e uma série de coisas. O Iphan tinha demorado muito e quando o
projeto foi para a CET-RIO, eles pediram uma notificação e tiveram que
recuar a arena cinco metros para trás, dois metros para o lado, e quando
isso acontece é preciso retornar ao Iphan, porque apesar de não ter
mudado nada que seja importante para eles, tem que revisar. Por isso
voltou e demorou mais tempo. Ao mesmo tempo estava tramitando a última
fase na Prefeitura. As pessoas confundem muito as coisas e na verdade o
Corpo de Bombeiros não precisa dar autorização para começar a obra, e
sim uma orientação. Ele só vai autorizar o início das obras no final da
história. O que na verdade falta hoje é o aval do Meio Ambiente
municipal. Aí volta para o urbanismo, que é uma espécie de relator do
processo e vai pegar todas as autorizações dadas desde o começo, há
cinco anos, e verificar se está tudo certo para dar o alvará liberando o
começo das obras. Todas as questões envolvendo o Iphan e a CET-Rio
estão resolvidas - explicou o vice-presidente de esportes olímpicos do
Flamengo.
Apesar
dos entraves, Alexandre Póvoa tranquiliza o torcedor do Flamengo e
garante que a parceira com o McDonald's, verdadeiro idealizador do
projeto da Arena Multiuso, não corre nenhum tipo de risco de ser
desfeita. De acordo com o dirigente, a empresa de fast food, inclusive,
foi quem abriu os cofres para solucionar a parte burocrática.
- Difícil
falar alguma coisa, é uma decepção muito grande que tem acontecido.
Pelo menos de dois ou três anos para cá o Flamengo fez uma esforço
enorme para isso, e o McDonald's também. Inclusive, eles já gastaram
muito dinheiro nessa história e colocaram uma quantia razoável nessa
parte burocrática. É triste que uma cidade olímpica com todos os
problemas que tem dificulte um projeto como esse que é 100% privado.
Vamos sentar novamente com eles depois que tudo for aprovado para
acertar algumas coisas ligadas à parte financeira, fluxo de caixa e
questão de quantos anos. O projeto na verdade é do McDonald's e não do
Flamengo, eles já gastaram um dinheirão e confirmaram que continuam
totalmente dentro da história. Tive uma reunião terça-feira com eles e
com o pessoal da Prefeitura, porque agora tem uma série de trâmites
burocráticos finais que o urbanismo vai exigir também, coisas de órgão
público, de atualizar número e cadastro, e esperamos que nos próximos
dois, três meses nós tenhamos o ok final para começar a construir a
Arena até o fim do ano - prevê Alexandre Póvoa, que não se opõe em ver a
futura casa do Flamengo sendo usada por seus dois maiores rivais.
- O
Rio em termos de Arena vai ficar muito bem servido após a Olimpíada,
mas faltava um equipamento de 4 mil pessoas e nós poderíamos ceder a
Arena do Flamengo para o time do Bernardinho, para o Fluminense jogar a
Superliga ou para o Vasco no NBB e acabar com essas besteiras de não
ceder para o Vasco, pelo menos no esporte olímpico e por mim
pessoalmente, pode ser que seja por outro. Enfim, acho que será uma
ótima opção para os jogos regulares, mas para finais não vão faltar
opções. É um grito de independência ter uma Arena de esporte olímpico, é
um sonho que nós temos, com muitas dificuldades, mas vamos conseguir.
Arena Multiuso do Flamengo já tem a aprovação da CET-Rio e do Iphan (Foto: Divulgação)
A
expectativa em finalmente ter a aprovação para o começo das obras é
tanta que nem o fato de a capacidade prevista para 3.600 torcedores ser
menor que a mínima permitida pela Liga Nacional de Basquete, que é de 5
mil, para receber jogos de finais do NBB incomoda Alexandre Póvoa.
- Não
atrapalha, não. É ótimo jogar uma final em ginásios com capacidade de 8
mil, como a Arena Carioca 2, 11 mil, como o Maracanãzinho, ou 15, como a
Arena da Barra e a que será usada pelo basquete na Olimpíada. Apesar de
termos gasto um dinheiro enorme na final do NBB, já que o ginásio não
tinha nada, como segurança, parte de limpeza e de alimentação, todos os
ingressos foram vendidos nos três jogos, deu dinheiro e tivemos lucro.
Ou seja, zero problema, minha preocupação é em relação ao ano inteiro.
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